Casa de José do Telhado.

domingo, 31 de outubro de 2010

 José do Telhado
 O escritor Camilo Castelo Branco esteve preso na Cadeia da Relação do Porto, por ter sido acusado de adultério no seu caso de amor com Ana Plácido, e nessa cadeia conheceu José do Telhado, com o qual conviveu durante algum tempo. No livro Memórias do Cárcere, Camilo apresenta, em traços largos, uma biografia do José do Telhado, mas é preciso lê-la com reservas, porque contém muitas imprecisões. A primeira é apontar como ano do nascimento 1816, quando na realidade foi 1818, como se pode ver na respectiva certidão.
Aos 14 anos, José Teixeira pediu a seu tio, morador no lugar de Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, no actual concelho de Lousada, para ir para sua casa aprender com ele o ofício de castrador e tratador de animais. Encontram-se documentos onde o José do Telhado aparece com essa profissão de castrador ou, como então popularmente se dizia, capador. Também exercia, com maior ou menor frequência, a actividade de comprar e vender cavalos.
Cinco anos esteve José Teixeira com seu tio, viúvo, mas que tinha uma filha, Ana Lentina. Aconteceu então o que não será de admirar: os jovens apaixonaram-se. O tio não consentiu no casamento e o rapaz partiu para Lisboa, para a aventura da tropa, talvez em 1836 ou 1837.
Depois de várias revoltas militares onde o José do Telhado se viu obrigado a participar sob o comando de alguns generais, como Schwalback, barão de Setúbal, acabou por casar com a prima, a 3 de Fevereiro de 1845. Já teria falecido o pai dela?

Este casamento leva-nos a algumas considerações:

 Temos registo do nascimento de quatro filhos do casal, nas datas seguintes:
Camilo fala às vezes em quatro filhos, outras em cinco, mas não apresenta nenhuns elementos concretos, nomes ou datas. Pensamos que terão sido só quatro filhos.
Passado pouco mais de um ano após o casamento, começa a Revolução da Maria da Fonte, e o José do Telhado participa activamente nela.

Em cima, uma fotografia já antiga da casa onde José do Telhado viveu imediatamente após o casamento e em baixo, as actuais ruínas da casa onde viveu José do Telhado.
Local onde foi julgado José do Telhado em 1861. Marco de Canaveses
Casa onde foi julgado José do Telhado em 1861 - BPI

 A assinatura original de José do Telhado pode ser vista em baixo...
Fonte parcial:
JOSÉ DO TELHADO
O ROBIN DOS BOSQUES PORTUGUÊS?
VIDA E AVENTURA

José M. Castro Pinto

Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões (S. Pedro do Sul)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Clique na imagem para a ampliar
O Convento de São Cristóvão de Lafões ou Real Mosteiro de São Cristóvão de Lafões, fica situado num morro sobre a ribeira da Landeira, perto da Gralheira, no concelho de São Pedro do Sul, distrito de Viseu, Portugal.
A fundação deste convento (calcula-se que em 1123) pelos frades da regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, que aderiram logo em seguida à Ordem de São Bernardo ou Beneditinos. A fundação do mosteiro é anterior à fundação de Portugal, embora tenha sido totalmente reconstruído no século XVIII.

Foi o abade João Cirita que, juntando os eremitas que pelas encostas do Vouga viviam isolados, e com o apoio de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, obteve licença para a sua construção.

Alguns historiadores, são da opinião de que, o verdadeiro fundador do mosteiro foi João Peculiar e não João Cirita, mas que, em virtude de João Peculiar ter sido chamado a desempenhar outras funções importantes, ficou o mosteiro, logo no início, sob as ordens de João Cirita, e daí o seu nome estar associado à sua fundação.

Em 1163 o convento adere à ordem dos monjes cistercienses, como aconteceu a quase todos os mosteiros beneditinos.

A sua igreja, depois de ter sofrido dois incêndios, foi reconstruída pela terceira vez em 1704, apresentando um plano octogonal. A igreja foi sagrada em 1761.

Os arquivos deste mosteiro perderam-se no incêndio do seminário de Viseu.

O convento foi lamentavelmente extinto por um decreto publicado pelo regime liberal, em 30 de Maio de 1834, juntamente com todas as ordens religiosas existentes em Portugal.

Vendido em hasta pública, passou por várias mãos e degradou-se progressivamente, até à sua compra em 1982 pelos actuais proprietários.

Actualmente este convento foi transformado em turismo de habitação, tendo para o efeito sido completamente recuperado, mas perdendo um pouco do seu aspecto secular. Encontra-se em vias de classificação pelo IPPAR.

Oliveira de Frades antigamente.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Clique nas imagens para as ampliar
Duas vistas gerais. Em cima temos em primeiro plano a Estação do Caminho-de-Ferro, em baixo uma vista a partir do lado nascente.
Em baixo, a antiga Quinta de Torneiros, actualmente pelo que sei, foi pelo menos parcialmente, loteada.
A antiga Feira e a Capela de S. Sebastião.
A antiquissima Ponte de Conhêdo, ainda existente nos nossos dias.
 
Em baixo, o Casal-do-Cruzeiro com a rua Dr. Lino dos Santos em destaque.

Vouzela por volta de 1920.

Clique nas imagens para as ampliar
 Vouzela, uma vista geral.
Monte e Ermida da Sra. do Castelo e o Monte Lafão por volta de 1920.

Cemitério de Anreade. (Concelho de Resende)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Clique na imagem para a ampliar
Durante séculos os enterramentos eram efectuados dentro das igrejas e só raramente os mortos eram sepultados longe delas e só aquando, grandes mortandades ou no caso de falecidos fora do catolicismo.
O aumento da população e questões de higiene, levaram, a que a partir do séc. XVIII , algumas vozes se levantassem contra as inumações no interior das igrejas. As primeiras tentativas de legislação não deram muito resultado e só no ano de 1835 é que foram criados os primeiros cemitérios públicos portugueses.
Segundo o "Livro de Actas da Junta de Freguesia de Anreade", o cemitério foi construído em 1875.
No dia 11 de Janeiro desse mesmo ano, por ordem expressa do governo de então, a Junta de Freguesia procedeu ao acto de arrematação da obra ao pedreiro Manuel Cardoso Júnior, de Louredo - Miomães, pelo preço de 380 mil réis. Este cemitério só ficaria concluído em 1879.
O primeiro túmulo que nele foi instalado, datado de 1868, foi o túmulo da chamada "Santa de Anreade" que continua lá actualmente. 
Anreade c.1930
O cemitério ainda existe, obviamente, mas sofreu alterações. Foi pavimentado e ampliado, alguns dos seus túmulos mais antigos foram transladados do adro da igreja de Anreade localizada uns metros mais abaixo, mesmo em frente a uma propriedade chamada "Quinta da Assoreira" que dá o nome ao lugar. Antes da existência do cemitério, era no adro desta igreja, bem como no seu interior (chão e paredes) que se procedia ao sepultamento dos defuntos.

Imagens:
- Alexandre Silva (Arquivo pessoal)

Nevão no Porto. (Cidade do Porto).

Clique na imagem para a ampliar

Esta fotografia singular (redimensionada e digitalizada de uma original gentilmente cedida) mostra o raro exemplo de um nevão na cidade do Porto, provavelmente na década de 60 do séc. XX.
A fotografia, tirada de uma antiga vivenda situada na rua de St.ª Helena, mostra dados interessantes: Por exemplo, os muros dos jardins, visíveis na parte de baixo da imagem (até vemos os pináculos de alvenaria de granito que limitam a entrada de um portão) hoje em dia estão ocupados por prédios e uma vivenda moderna, com garagem por baixo. A rua cuja entrada é visível na fotografia, perpendicular à de St.ª Helena, trata-se da rua Moreira de Assunção. Paralela a esta ùltima, em segundo plano e por detrás do velho casario, tornando-se impossível de visualizar, existe no entanto a rua do Bonjardim.

O Pinheiro Grande. (Campanhã - Cidade do Porto)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O “Pinheiro Grande”, do qual infelizmente não possuimos qualquer imagem, existiu realmente. Situava-se numa propriedade que pertenceu a António Francisco Nogueira e que actualmente é ocupada em parte por duas artérias que devem o seu nome a essa mítica árvore, são elas a Rua do Pinheiro Grande e a Travessa do Pinheiro Grande

O “Pinheiro Grande” foi derrubado por um violento temporal que assolou a cidade do Porto no dia 11 de Novembro de 1931 e era uma árvore colossal!!! Quando caiu media quatro metros e oitenta de diâmetro e mais de trinta metros de altura, sendo já nessa época uma árvore centenária sobre a qual corriam vozes que teria mais de setecentos anos e era fonte inspiradora de muitas histórias e/ou lendas onde ocupava um lugar de destaque ou mesmo o papel principal. Por exemplo: Durante a segunda invasão Francesa que, sob o comando de Soult, ocorreu em Março de 1809, os soldados do exército napoleónico pretenderam abrir trincheiras no local onde existe hoje a Travessa do Pinheiro Grande, para se defenderem dos ataques que pudessem vir da estrada de Penafiel. Para tal manifestaram a intenção de derrubar a mejestosa árvore, já nessa altura muito estimada e até quase venerada pelos moradores locais. O proprietario das terras ofereceu então dez libras em ouro (uma fortuna na época) aos soldados para os demover. Dias depois o general Soult teve de fugir apressadamente do Porto devido à chegada das tropas anglo-lusas, pelo que não sabemos se o ouro mudou de mãos... mas o facto é que o pinheiro permaneceu intocado e continuou de pé por muitos mais anos.

Por altura da implantação da Républica numa noite de Invernia foi atingido por um raio que lhe amputou uma das hastes mais frondosas, contam as crónicas da época que com a lenha que se produziu da parte caída, se encheram vinte carros de bois...

A Corveta Estephania.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Clique nas imagens para as ampliar
Corveta " Estephania"
A Corveta "Estephania" substituiu como navio-escola a Corveta "Sagres". 
Esta bonita embarcação foi desarmada em 1898 e infelizmente naufragou durante a trágica cheia no Douro de 1909.
Cheia no Douro em 1909
Imagens:
- BPI - Editor Arnaldo Soares
- BPI - Editor Alberto Ferreira
- Alvão

Rotunda da Boavista. (Cidade do Porto)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

 Clique nas imagens para as ampliar
O mesmo local, antes e depois de surgir o Brasília
O magnífico edifício antigo que pode ser visto na imagem de cima, foi sacrificado para dar lugar aquele que foi o primeiro centro comercial da Invicta... O "Brasília"!!!
Inaugurado a 09 de Outubro de 1976, o Brasília foi o primeiro "shopping" da Península Ibérica palco de uma sociedade marcada pelo início do consumismo. Resultado da iniciativa do empresário Narciso Ferreira.
Estas fotografias foram tiradas com várias décadas de intervalo, mas do mesmo local... A Praça de Mouzinho de Albuquerque, que ao mesmo tempo faz de rotunda da Boavista.
A Praça da Boavista tinha sido ajardinada em 1906 passando o trânsito automóvel a fazer-se à sua volta.
Praça de Mouzinho de Albuquerque
Vista parcial da Praça Mouzinho de Albuquerque, mais conhecida por Rotunda da Boavista, antes da construção do monumento à Guerra Peninsular, circa 1900.
Esse imponente monumento, por todos bem conhecido, seria construído pela "Cooperativa dos Pedreiros" tendo começado a sua edificação em 1909, mas só viria a ser inaugurado em 1952. 
Está demora esteve ligada ao falecimento prematuro do escultor Alves de Sousa, que tinha apenas 38 anos. 
A obra seria continuada e concluída sob a direcção dos escultores Henrique Moreira e José Sousa Caldas. 
O palacete visível no horizonte da imagem (lado direito), seria derrubado, na década de 70 do séc. XX, para dar lugar ao edifício que alberga o Centro Comercial Brasília..
Praça de Mouzinho de Albuquerque, vendo-se a demolida Remise dos STCP (que deu lugar à Casa da Música) no canto superior esquerdo da imagem e o Palacete que foi demolido para a construção do shopping Brasília  no canto inferior direito da mesma
Praça de Mouzinho de Albuquerque em 1964, vendo-se a demolida Remise dos STCP (que deu lugar à Casa da Música) no canto superior direito da imagem e o Palacete que foi demolido para a construção do shopping Brasília  no centro da mesma, logo abaixo da "rotunda"
 Praça de Mouzinho de Albuquerque e zona envolvente em 1964
Fachada principal do Hospital Militar Regional Nº 1 do Porto, na Avenida da Boavista 
Construção do Hospital Militar Nº 1 do Porto em 1867, na Avenida da Boavista 

Imagens:
- Autores desconhecidos
- AMP
- Editor - Estrela Vermelha 
- Photª Guedes
- Beleza

Convento de Nossa Senhora do Paraíso. (Évora)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Clique nas imagens para as ampliar
O Mosteiro de Nossa Senhora do Paraíso de Évora era feminino, e pertencia à Ordem dos Pregadores (Dominicanos).
Em 1496, este mosteiro da regular observância, já existia como casa dominicana. As suas origens remontam ao início do século XV, época em que se formou em Évora um recolhimento sob a regência de D. Beatriz Galvoa. Após a sua morte, em 1471, a ligação da comunidade à Ordem dos Pregadores veio a concretizar-se quando, por influência das beatas de Santa Marta, as religiosas obtiveram do papa Alexandre VI autorização para professarem na Ordem Terceira dos Dominicanos.

Em 1516, a 20 de Agosto, pela bula "Inter curas multiplices" e a pedido do rei D. Manuel, Leão X autorizou a conversão da comunidade de terceiras de Santa Maria do Paraíso de Évora em convento de dominicanas sujeitas à regra de Santo Agostinho. D. Álvaro da Costa, membro do conselho do rei, devoto da Ordem de São Domingos e grande impulsionador da passagem das terceiras do Paraíso de Évora à Regra de Santo Agostinho, foi nomeado padroeiro do convento, em 1519, por decisão capitular.

De entre as professas de Nossa Senhora do Paraíso saíram as três primeiras religiosas do Mosteiro de Santa Catarina de Sena que, entretanto, demorara mais tempo a aderir à primeira Ordem de São Domingos.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.
Em 1897, a 18 de Novembro, o mosteiro foi extinto por morte da última religiosa.

O Pelourinho de Portimão. (Portimão)

O Pelourinho de Portimão, estava em frente à Câmara Municipal e por incrível que pareça foi destruido para dar lugar a uma fonte, fonte essa que entretanto foi também destruida para ser construido o largo que actualmente existe nesse local.

Aldeia de Drave. (Concelho de Arouca)

sábado, 9 de outubro de 2010

A Aldeia Mágica

Drave é uma aldeia perdida numa cova entre a Serra da Freita e a Serra de São Macário, situada na Freguesia de Covêlo de Paivó, Concelho de Arouca, Distrito de Aveiro, Diocese de Viseu, neste momento desabitada mas não abandonada.

Como lá chegar... a pé.

A melhor forma de chegar à aldeia da Drave a pé é a partir de Covêlo de Paivó (mais longe) ou de Regoufe (mais perto), no entanto para chegar a Covêlo de Paivó ou a Regoufe, só de viatura própria ou a pé a partir de Arouca, visto só haver transportes públicos até Arouca.

Também se pode ir a pé a partir de São Pedro do Sul, sendo no entanto um percurso menos interessante que o anterior, pois é feito por estrada e não por percursos pedestres.

Como lá chegar... de viatura própria.

A melhor forma de chegar à aldeia da Drave de viatura própria é a partir de São Pedro do Sul. Para vossa facilidade podem fazer o download do Croqui de acesso à Drave a partir de São Pedro do Sul «CroquiDraveSPS.zip»

Cartas Topográficas

Drave: nº 156 - Reriz (Castro Daire)
Acesso por Arouca: nº 155 - Arouca
Acesso por São Pedro do Sul: nº 166 - São Pedro do Sul

Estas Cartas Topográficas podem ser adquiridas on-line na página do Instituto Geográfico do Exército. www.igeoe.pt

Ramal da Alfândega ou "Comboio da Batata". (Cidade do Porto)

Clique na imagem para a ampliar e veja o trajecto do antigo Ramal da Alfândega
Ramal da Alfândega. Túnel por baixo do Bairro de S. Nicolau, junto à Aguada, nas Fontainhas
Ramal da Alfândega, vendo-se a Ponte Maria Pia
O ramal, que ligava a zona ribeirinha à estação de Campanhã  e servia para transporte de mercadorias, está desactivado. Foi oficialmente encerrado em 1989. Desde então, permanece sem utilidade, apesar de algumas ideias lançadas ocasionalmente para a reutilização que nunca se concretizaram.

A antiga estação da Alfândega, na imagem de baixo, nos seus tempos áureos
Uma imagem cedida pela nossa utilizadora, a menina Carla Ramos a quem desde já agradecemos.
Os carris sobrevivem à passagem do tempo e aos avanços da vegetação, num momento em que um grupo de cinco cidadãos se une por um objectivo comum rentabilizar o ramal ferroviário esquecido, colocando-o ao serviço do Porto, seja por comboio, por eléctrico ou pelo metro. E assim nasceu o Grupo de Apoio à Reabilitação do Ramal da Alfândega (GARRA).

"Gostamos do transporte público e do transporte ferroviário e entendemos que é um desperdício que nada se faça com este ramal. A nossa função, enquanto grupo de acção, é mobilizar pessoas e entidades para que tomem decisões", no sentido da revitalização daquela ligação, notou Emídio Gardé, um dos membros do GARRA, ao andar entre os carris ladeados por vegetação, folhas de jornal e plásticos.
A entrada do Túnel (agora tapada) no local onde actualmente é o parque de estacionamento da Alfândega


Comboio a vapor
Entre o abandono visível da linha sobram marcas do passado. Ainda resiste o sinal da antiga passagem de nível, alertando o peão com a conhecida frase "Pare, escute e olhe", e parte do pontão que sobrevoava a Rua do Freixo.
Apesar destes anos de desactivação, o grupo acredita que é possível reaproveitar o canal e os três túneis entre Campanhã e Alfândega para criar uma ligação urbana de passageiros. E propõem três soluções (ler Nos carris). "O que faria mais sentido seria a solução ferroviária um comboio urbano entre a Alfândega, Campanhã e Leixões", sublinhou Emídio Gardé, lembrando que já existe material ferroviário adaptável à linha. Por uma questão de economia, considera que poderia não ser rentável recuperar a linha e comprar material circulante só para fazer 4,5 quilómetro entre as estações de Campanhã e da Alfândega.
Dada a curta distância, não exigiria a duplicação da linha. Poderia instalar-se um vaivém compatível com uma utilização turística, por exemplo, aos fins-de-semana, usando o comboio a vapor. A vista para o rio Douro desde o Freixo até à Alfândega convida ao passeio e seria uma extensão natural da viagem de Campanhã até à Régua. O metro e o eléctrico moderno são as outras duas hipóteses.
A mesma entrada do túnel vista na fotografia de cima, mas com as vedações externas, que impedem o acesso de pessoas


Imagens:
- Autores desconhecidos
- CMP

Villa Belmira. (Ponte de Lima)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Clique na imagem para a ampliar
"Villa Belmira" - Vivenda do Dr. Freitas em 1906

A "Villa Belmira", em Ponte de Lima no ano de 1906. Com a sua variedade de volumes, este vistoso palacete não passa despercebido a quem visita a mais antiga Vila de Portugal. Ainda existe actualmente (felizmente) e surpreende com as suas torres, janelas quase todas diferentes entre si, trechos de "muralhas" e um portal ladeado de torreões ostentando o nome da propriedade.

Casa dos Pacheco Pinto. (Ponte de Lima)

domingo, 3 de outubro de 2010

A casa até 1972
O mesmo local após 1972 (em baixo)
Em relação a demolição deste edifício, citamos apenas um texto que foi publicado na revista Arquivo de Ponte de Lima de 1982 por João Gomes d´Abreu sobre a demolição da Casa dos Pacheco Pinto:


"A fotografia que se apresenta na primeira posição (...) constitui o único testemunho iconográfico que conhecemos da velha casa dos Pacheco Pinto, à Fonte da Vila. Foi conseguida à custa da ampliação de um bilhete postal ilustrado, por se terem gorado todas as diligências para obter uma fotografia original que enquadrasse aquela casa. Ninguém tinha, ninguém sabia quem pudesse ter. Daí, a falta de qualidade da fotogravura. A casa dos Pacheco Pinto era, sem dúvida, um dos imóveis mais expressivos do velho casco urbano. De raiz quinhentista bem evidente (cantarias, registos epigráficos em gótico tardio) era, contudo, o séc XVII a época que mais transparecia (volumetria, proporção de cheios e vazios, tipo de fenestração, cornija e gárgulas, pedra de armas, o cunho popular) passem, embora, as intervenções sofridas posteriormente, em particular os tectos barrocos revelados em caixotões de madeira policromada. Hoje não tenho dúvidas em afirmar que essa destruição constitui um dos golpes mais violentos vibrados nos últimos anos no acervo patrimonial da vila. Em nada se desemerece se a compararmos se a compararmos com a brutal demolição da casa do Patim, ou da dos Achiolis (ao Arrabalde), ou até do Hospital Velho da Misericórdia. E se estas desaparecem numa época menos que insensível à noção de património arquitectónico e à necessidade da sua conservação, aquela foi desfeita quando esta noção constituia já uma preocupação dominate de qualquer país civilizado (e Portugal era-o!). E, pior ainda, foi permitida a sua substituição por um edifício sem qualidade, concebido sem preocupação de escala e que alterou profundamente a hierarquia da estrutura urbana existente. Os valores admitidos dos indíces volumétricos e de ocupação do solo, conferem-lhe uma importância que o ultrapassa e forçam a uma situação de subalternidade os edifícios vizinhos, em particular a velha câmara e o pelourinho que perdem a promeninência, apesar da dimensão do espaço livre envolvente. Em 1970, perante a iminência da demolição, uma ilustre Senhora que, há 83 anos vinha assistindo à transfiguração constante da sua terra, escreveu, apreensiva, ao Director Geral dos Serviços de Urbanização, solicitando urgente intervenção. A resposta não se fez tardar. A 5 de Janeiro de 1971 a Direcção de Urbanização do Distrito de Viana do Castelo enviava o seguinte ofício (Ofº 19 - Proc.º U/7):



Exma. Senhora D. Maria Rita Magalhães de Abreu Coutinho
Casa do Chafariz
PONTE DE LIMA

[...]
Relativamente à carta de V. Ex.ª dirigida ao Exmo. Engenheiro Director-Geral destes Serviços, informa-se que superiormente foi determinado esclarecer V. Ex.ª do seguinte:

-Reconstrução de um prédio particular-

Depois de termos obtido pareceres de técnicos sobre o interesse da casa a demolir, referida na carta de V. Ex.ª, verificou-se que a mesma não tem qualquer interesse arquitectónico, e que se encontra em mau estado, ameaçando ruína. O novo edifício pode ser construído com uma cércea mais elevada, ou seja, três pisos, que se harmonize com os contíguos, e a sua arquitectura poderá enquadrar-se devidamente no ambiente do local.

[...]
Este ofício, que não se comenta, deve ficar registado neste local. Assim, fará também parte do património histórico de Ponte de Lima."


João gomes d´Abreu (engenheiro civil-urbanista)