Arco de Sant'Ana. (Porto)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Arco de Sant'Ana - Gravura de J. J. Alves Coelho
A porta ou arco de Sant'Ana, foi uma das quatro portas da antiga Muralha Primitiva, inicialmente erguida durante a dominação romana e reconstruída, no século XII, pelo bispo D. Hugo. Esta porta e rua homónima foram celebrizadas por Almeida Garrett através do famoso romance "O Arco de Sant'Ana".
Almeida Garrett, nunca aceitou a destruição deste arco, tendo à imagem de Alexandre Herculano sobre a destruição do Mosteiro de São Bento de Avé Maria, uma reacção de escárnio muito peculiar: "Ah! miseráveis reformadores..."
O Arco começou a ser demolido em 2 de Junho de 1821, a requerimento de Manoel Luís da Silva Leça, que do lado direito construíra ali uma casa, e António Joaquim Carvalho, proprietário na mesma rua. 
Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielmi 
in Biblioteca Nacional de Portugal
Caíste tu, ó arco de Sant’Ana, como, em nossos tristes e minguados dias, vai caindo quanto há nobre e antigo às mãos de inovadores plebeus, para quem nobiliarquias são quimeras, e os veneráveis caracteres heráldicos do rei-de-armas-Portugal língua morta e esquecida que nossa ignorância despreza, hieroglíficos da terra dos Faraós antes de descoberta a inscrição de Damieta! 
– Assentaram os miseráveis reformadores que uma pouca de luz mais e uma pouca de imundície menos, em rua já de si tão escura e mal enxuta, era preferível à conservação daquele monumento em todos os sentidos respeitável.

- A. Garrett
Almanaque - O Tripeiro
Rua de Sant'Ana, vendo-se o santuário (nicho) local onde se situou o arco
Cliché de Alexandre Silva
A actual designação de rua de Sant'Ana data apenas do século XVIII quando, por motivos ainda hoje desconhecidos, foram trocados vários topónimos. Durante a Idade Média, era conhecida por rua das Aldas e, no início da Idade Moderna, por rua do Colégio depois da construção do Colégio de São Lourenço, dos jesuítas.
A antiga rua das Aldas começava acima da confluência das ruas dos Mercadores e da Bainharia, passava a porta de Sant'Ana, subia alguns degraus (na documentação mediévica designados por "escadas das Aldas") e seguia burgo dentro. A rua seria inicialmente bastante mais extensa do que hoje podemos observar já que, em 1577, parte significativa do seu itinerário foi sacrificada com a construção do colégio de São Lourenço.
Rua de Sant'Anna, c.1910. BPI - Editor: Grandes Armazéns Hermínios
Travessa de Sant'Anna. BPI - Editor Arnaldo Soares - Registrado

Fontes:
- BNP
- Porto XXI

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