Café "A BRAZILEIRA". (Porto)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O conhecido café "A Brazileira", foi fundado por Adriano Soares Telles do Vale, nascido em Alvarenga (Arouca), concelho de Arouca, da Área Metropolitana do Porto, na Casa de Cimo d'Aldeia, que, ainda jovem, emigrou para o Brasil. Era pai de Inocêncio Galvão Teles. No Brasil, dedicou-se ao negócio do café, com o que enriqueceu nos finais do século XIX.
De regresso ao Porto, Adriano montou uma torrefacção de café e fundou "A Brazileira", inaugurada em 4 de Maio de 1903, para servir café à chávena. Não havia na cidade, por essa altura, o hábito de tomar café em estabelecimentos públicos. 
Adriano Telles
Café "A BRAZILEIRA", no n.° 71 da Rua de Sá da Bandeira, no Porto
 Fachada/entrada original, vendo-se Adriano Telles
In, revista "O Malho", 03 de Setembro de 1904
Adriano Teles, para promover o seu produto ofereceu, durante os primeiros treze anos de "A Brazileira", o café à chávena de graça no seu estabelecimento a quem comprasse um saquinho de grãos de café.
Publicidade de 1903
Café "A BRAZILEIRA". Interior
Adriano Telles, presente na imagem
In, revista "O Malho", 03 de Setembro de 1904
In, Ilustração Portuguesa, 2ª série, n.º 14, 28 de Maio de 1906
Cartaz publicitário colorido, alusivo ao café "A Brasileira", Chiado, Lisboa, c.1906-1907
Numa visão, do que hoje poderíamos classificar por marketing, Adriano Teles mandou pintar em várias paredes da cidade o slogan que se tornaria famoso: "O melhor café é o d'A Brazileira". 
O café, situado na rua Sá da Bandeira, n.º 71, no Porto, sofreria em 1916, umas obras de remodelação colossais, internas e externas.
A Brazileira em 1916
Café "A Brasileira" no Porto em 1916. No cliché identificamos cinco pessoas, uma das quais acreditavamos ser Adriano Telles, sentado junto ao seu sócio, Félix de Mello, que se enccontra de pé. No entanto um familiar teve a amabilidade de nos informar que Adriano Telles, não se encontra entre os presentes. A imagem terá sido obtida durante as obras do café.
 
A Brazileira (interior) após as obras de 1916
O café encerrou no início de 2013, quando se encontrava arrendado ao "Caffé di Roma" e foi reclamado pelo BPI por causa de uma dívida do proprietário do edifício. Em Março de 2015, quando se encontrava encerrado, o café foi assaltado, tendo os ladrões levado os caixilhos e revestimentos em cobre, puxadores das portas, espelhos de alabastro, candeeiros originais e rodapés arrancados da sala principal.
No exacto momento em que escrevo, todo o edifício, onde se inseria o café está "oco". Só "sobrevivem" as paredes exteriores em granito. Está em obras e vai dar origem a (mais um) hotel de luxo. O grupo Pestana anunciou que as portas irão abrir no final de 2017, depois de concluídas as obras de recuperação que decorrem.
Uma iniciativa conjunta entre o empresário António Oliveira, antigo futebolista e treinador do F. C. Porto e da Selecção Nacional, proprietário do novo hotel, e o Pestana Hotel Group, que se juntaram numa “parceria de apoio à gestão” com vista à concretização deste projecto.
A cafetaria reabre para acolher os visitantes e fazer justiça ao velho slogan: “O melhor café é o da Brazileira”, expressou o grupo em comunicado.
O edifício será alvo de trabalhos de recuperação que “preservarão as características da fachada e a imagem das salas do rés-do-chão com a sua traça original”, que terão como base um projecto do arquitecto Ginestal Machado e da sua equipa.
“Terá 90 quartos, incluindo quatro suites, wine bar, health club, ginásio e um pátio interior com um jardim vertical. O restaurante, com capacidade para mais de uma centena de pessoas, mantém-se fiel ao desenho original do arquitecto Januário Godinho”, descreveu o grupo Pestana.

Aditamento: No presente momento, o café encontra-se novamente em funcionamento, sendo o edifício que o envolve, o previsto Hotel, anteriormente mencionado.

Imagens:
- Arquivo Municipal do Porto
- Biblioteca Municipal

Fontes parciais:
- Jornal "O Público"
- Jornal de Negócios

Sociedade Nacional de Fósforos. (Lordelo do Ouro, Porto)

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Criada em 1926, a Sociedade Nacional de Fósforos (SNF) herdou os alvarás da extinta Companhia Portugueza de Phósphoros, abrindo duas fábricas, uma em Lordelo do Ouro no Porto e outra no Beato em Lisboa, contando com a participação de 25% do Estado. A sua actividade consistia em dar uma resposta constante à concorrência das outras duas unidades existentes: a Fosforeira Portuguesa de Espinho e a Companhia Lusitana de Fósforos do Porto.
Companhia Portuguesa de Fósforos. No canto superior esquerdo, vemos o casarão da Quinta do Campo Alegre que pertenceu à família Andersen, avós de Sofia de M. Breyner. Actualmente é o Jardim Botânico. Cliché in CPF
Em 1930, a SNF formou uma parceria com a Swedish Match que introduziu nova tecnologia na produção da fábrica portuguesa.
A indústria fosforeira foi muito importante devido aos capitais que envolvia e fazia circular, à mão de obra que empregava e, ainda, às divisas que a exportação dos seus produtos fazia entrar no país. No final dos anos 60, o capital desta indústria era de 26 mil contos, distribuídos da seguinte forma: 12 mil pela Sociedade Nacional de Fósforos, outros 12 mil pela Fosforeira Portuguesa e os restantes 2 mil pela Companhia Lusitana de Fósforos, em acções que, na sua maioria, estavam no poder de accionistas portugueses. Embora não fosse monopolizada, esta indústria era fiscalizada pelo Estado Novo que cobrava anualmente alguns milhares de contos em impostos. Com excepção do fósforo, todas as matérias eram nacionais (madeira para as caixas e palitos fosfóricos, cartolina para as carteiras e cartão para os palitos fosfóricos, papel para as etiquetas, gavetas, etc), bem como a mão de obra, podendo considerar-se que esta era uma indústria de cariz nacional.
Segundo o Boletim Estatístico de 1963, a produção das quatro fábricas foi de mais de 16 biliões de fósforos, num valor superior a 100 mil contos, dos quais foram exportados mais de 400 toneladas de valor superior a 12 mil contos. Nessa altura, estavam empregadas nas referidas fábricas mais de 800 pessoas.
Em 1967, a C.ª Lusitana de Fósforos, com sede no Porto, foi integrada na Sociedade Nacional de Fósforos, para a qual o arquivo e parte do pessoal foi transferido. Esta última deixou de laborar em 1991, encerrando definitivamente em 1993. 
A então sócia maioritária, a Swedish Match, desmembrou a fábrica e aproveitou o escritório de Lisboa para a sua sede, passando a comercializar fósforos suecos no país. 

Bibliografia:
- Museu dos Fósforos, Aquiles da Mota Lima
Imagem:
- Centro Português de Fotografia

Azulejos da Igreja do Carmo. (Porto)

Já aqui abordamos anteriormente e por diferentes motivos, as igrejas do Carmo e dos Carmelitas em várias das nossas publicações. Desta vez abordaremos novamente a igreja do Carmo, fazendo referencia, a algo que a mesma ganhou.
Como sabemos, a Igreja do Carmo ou Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, de estilo barroco/rococó, foi construída na segunda metade do século XVIII, entre 1756 e 1768, pela Ordem Terceira do Carmo, sendo o projecto do arquitecto José Figueiredo Seixas. 
Igrejas do Carmo (direita da imagem) e dos Carmelitas, entre finais de 1800 e início de 1900
In Arquivo Histórico Municipal do Porto
Igreja do Carmo e Carmelitas. Aurélio da Paz dos Reis
Igrejas do Carmo e Carmelitas
Como é conhecido, a fachada lateral da Igreja do Carmo está revestida por um grandioso painel de azulejos, representando cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo. 
A composição foi desenhada por Silvestre Silvestri, pintada por Carlos Branco e executada nas fábricas do Senhor do Além e da Torrinha, em Vila Nova de Gaia, e datados de 1912.
Igrejas do Carmo (ainda sem azulejos) e das Carmelitas, por volta de 1890 (a nosso ver talvez antes, pois, parece ainda não existir a fonte central, conhecida por "Fonte dos Leões" que foi mandada fazer pela Companhia das Águas do Porto em 1882, entrando em funcionamento quatro anos mais tarde). Imagem in AHMP

Casa n.º 152 da Rua de Miragaia. (Porto)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Esta publicação, quase pode ser considerada uma "brincadeirinha" tendo em conta a sua simplicidade. No entanto mostra-nos uma realidade presente: 
A degradação do património, caso não haja intervenção humana no intuito de o preservar.
Como exemplo. vejamos a imagem de baixo, que não tem mais que algumas décadas. 
Trata-se de um pormenor da fachada da casa n.º 152 da Rua de Miragaia, com autoria de Guilherme Bomfim Barreiros.
 Casa n.º 152 da Rua de Miragaia. Bomfim Barreiros
Quer ver este exacto local na actualidade?
Clique aqui: 
Rua de Miragaia n.º 152

Crise alimentar de 1917.

Durante a Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918) agravaram-se as debilidades que Portugal apresentava no que respeitava à produção de bens alimentares básicos, nomeadamente os cereais. 
Os preços dispararam, começaram a aparecer fenómenos de açambarcamento e de contrabando. 
Após o inverno de 1916-1917, apareceu a fome e todos os problemas que ela arrasta. 
Nesse inverno, os Aliados tinham reforçado o bloqueio à Alemanha, tendo esta reagido violentamente, com a guerra submarina no Atlântico, procurando cortar o abastecimento às nações aliadas. 
Porto. Crise alimentar. Pessoas à porta de uma casa. 1916-17. Phot.ª Guedes
Crise alimentar de 1916-17 
Interior do posto de venda da padaria de Montebello (actual Av. Fernão de Magalhães)
Crise alimentar de 1916-17 
Posto de venda da Junta de Paróquia de Santo Ildefonso
Crise alimentar de 1916-17
 Posto de venda da Junta de Paróquia do Bonfim
Em todo o lado faltavam todo o tipo de matérias-primas e alimentos. Todos os países, beligerantes ou não, mergulharam no caos. Uns mais que outros, mas a maioria, como Portugal, sofreram uma grave crise de subsistências, inflação e fome, acompanhadas por uma crescente agitação operária e popular, greves, motins de rua, insurreições militares e revoluções.
Entre 19 e 21 de Maio de 1917, deu-se a "Revolução da Batata" que mais não foi que, assaltos a mercearias e armazéns em Lisboa e no Porto devido à falta de alimentos, provocada pelo racionamento. O governo manda reprimir severamente todos os tumultos e declara o estado de sítio em Lisboa e concelhos limítrofes.

Imagem:
- Phot.ª Guedes
- Arquivo Histórico Municipal do Porto

O "Penado de D. Lopo" ou "Penado de Escamarão". (Escamarão)

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Consta-se que Dom  Lopo de Cardia era um senhor feudal, que tinha tanto de poderoso, como de impiedoso.
No relato de Adriano Strecht de Vasconcelos em "O Penado do Escamarão", Dom Lopo tomou-se de afeição por uma rapariga, invulgarmente bela, de nome Maria, filha de um foreiro chamado Inverneiro do lugar de Avessadas, onde lhe cultivava as terras. Querendo desfrutar-se da rapariga, Dom Lopo pretendeu usar da prerrogativa feudal do direito de pernada, impondo-lhe marido, para depois com ela passar a noite de casamento.
Casa em Escamarão, onde por muitos anos esteve o sepulcro
Paradoxalmente às ideias de Dom Lopo, Maria havia escolhido a vida de monja. 
Quando na capela do Escamarão, perante o povo que lhe acedia, o sacerdote procedia ao cerimonial de aceitação dos votos da prometida de Cristo (renunciar ao mundo materialista e obedecer à regra de S. Bento, viver em pobreza, abstinência e castidade) Dom Lopo irrompeu porta dentro, protestando furiosamente contra a usurpação dos seus direitos. Dom Lopo apoderou-se assim da jovem Maria, levando-a para a sua casa senhorial, o Paço da Cardia.
Deus não tolerou esta atitude.
Quando Dom Lopo chegou ao apalaçado solar de Cardia, só encontrou as ruínas do mesmo. Havia sido destruído, por mão divina. Desta forma voltou ao Castelo na Foz do Paiva. Ao galgar a ponte levadiça de acesso, todo o morro onde o Castelo assentava estremeceu. 
O Castelo ruiu e Dom Lopo foi atingido de morte, por um raio.
Quando tentaram sepultar o corpo, nem a terra nem a tumba o aceitaram. 
Na Igreja:
«... a entrada, lhe vedou a imagem
Do Anjo S. Miguel, que era descido
Do seu altar e com o seu montante
Da porta é sentinela vigilante».
A arca tumular de granito onde pretendiam guardar os restos mortais de Dom Lopo também o rejeitou, erguendo-se e permanecendo ao alto, e os esforços para o enterrarem na terra foram frustrados de tal forma, que se diz que nem a terra o quis. O corpo do devasso Senhor desapareceu na noite desse mesmo dia e na noite dos tempos.
Arca tumular incorporada na escadaria
Resume-se desta forma a antiga lenda de «O Penado do Escamarão» segundo Strecht.
A arca tumular em granito, permaneceu muitos anos no mesmo local, vazia e ao alto, posteriormente a servir de apoio a uma escada de uma casa fronteira à Igreja. 
Diz o povo local que «Em certas noites de tempestade ouve-se, perto da Igreja de Escamarão, uma voz fantasmagórica a cantar o Miserere, bem como o som de uma campainha» 
Esta casa, onde estava o Penado de D. Lopo, foi restaurada recentemente e foi retirado de lá o túmulo histórico. Correm vozes que o mesmo foi para Cinfães, outras dizem que foi para Castelo de Paiva.
Pelo que soubemos mais recentemente, o túmulo regressou ao local (Escamarão) e está exposto, perto do local onde funcionou como "degrau".
Pormenor do túmulo, servindo ainda de "degrau" de escada


Bibliografia:
- Inácio Nuno Pignatelli, in O Paiva, ou a Paiva... como também lhe chamam, Edições Afrontamento, Porto, Dezembro de 1998
- Biblioteca Municipal do Porto
Imagens:
- Alexandre Silva

Casa dos 24. (Porto)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Casa dos 24, antes de 1934
A "Casa dos 24" ou antiga Casa da Câmara, tem origem no séc. XV.
Foi construída encostada à muralha primitiva da cidade. Considerada como primeira sede do poder autárquico ou municipal, a designação popular de "Casa dos 24" deve-se ao facto de aí se reunirem os 24 representantes dos vários ofícios da cidade do Porto. Este edifício foi vítima de um violento incêndio em 1875 que o destruiu completamente. Esteve muitos anos abandonado em estado de ruína.
 Aspecto da «Casa dos 24» e dos edifícios que foram demolidos para a reconstrução
do terreiro da Sé, tirada da rua de São Sebastião, 1940 in AMP
Rua de São Sebastião e Escadas da Sé, destacando-se a Fonte de São Sebastião.
Bomfim Barreiros, 1940 in AMP
No ano 2000 todo o edifício foi reconstruído segundo a reinterpretação contemporânea do projecto do arquitecto Fernando Távora (o que causou reacções divergentes pela população e muitas críticas). Funcionando actualmente como Posto de Turismo da Cidade.
Imagens:
- Bomfim Barreiros
- Arquivo Municipal do Porto (AMP)

Associação Industrial Portuense. (Porto)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A AEP (Associação Empresarial de Portugal), é uma associação multisectorial, de âmbito nacional, sedeada no Porto e fundada em 03 de Maio de 1849 por José Vitorino Damásio e outros homens de negócio da região, com a designação de Associação Industrial Portuense.
Pormenor do edifício da Associação Industrial Portuense, na rua de Entreparedes, nº 3

A Associação Industrial Portuense, (actual AEP)  foi fundada, com o objetivo de "desenvolver e aperfeiçoar a industria - instruir e educar as classes laboriosas - introduzir entre nós auxílio mútuo e o melhoramento da condição dos operários - e todas as vantagens legaes que a indústria possa obter d'uma tal reunião".
Em 1854, surge a Caixa de Socorros Mútuos mais tarde designada Caixa de Crédito Portuense. No campo da actividade financeira, a AEP apoiou ainda a criação do Banco Aliança e de um banco hipotecário. Ainda na sua primeira fase, a AEP teve também um capítulo histórico no domínio da organização de feiras industriais. Em 1856 é inaugurada, na sede da AEP, a primeira exposição permanente. Estes primeiros certames funcionariam como um excelente ensaio para a grande exposição de 1861, inaugurada no Palácio da Bolsa, na presença de D. Pedro V.
Fachada principal da antiga Associação Industrial Portuense, na rua de Entreparedes, n.º 3
Imagens:
- Phot.ª Guedes
Bibliografia:
- AEP
- BMP

O Café Suíço. (Porto)

Antigos Paços do Concelho do Porto
Ao fundo da imagem, vemos o Café Suíço e a actual Rua Sampaio Bruno
O Café Suiço, de Pozzi Cª., foi inaugurado em 1890, no local do antigo Café Portuense, tendo encerrado, apenas em 1958.
Possuía uma secção de confeitaria e um serviço de restaurante no primeiro andar, tendo também bilhares, nesse piso.
Era um local luxuoso na decoração e com uma frequência mais cosmopolita, sendo pioneiro na tradição dos cafés com orquestra.
Praça de D. Pedro
O Café Suíço é perceptível, após a estátua equestre do Rei
Imagens:
- Arquivo Histórico Municipal do Porto

Capela de Santana. (Porto)

domingo, 5 de junho de 2016

Nem todas podem ser más notícias, neste espaço e o caso que vamos identificar a seguir, trata-se, a nosso ver, de um bom exemplo de recuperação.
A Capela de Santana, localizada em Lordelo do Ouro, no Porto, é uma capela construída provavelmente em finais do séc XVIII, de planta rectangular de massa simples, com cobertura em telhado de duas águas. 
A fachada principal, está revestida a azulejo rectangular azul, com pilastras nos extremos, forte entablamento moldurado, rematada por frontão triangular encimado por cruz ladeada por pináculos em granito.
O portal principal de verga recta é encimado por óculo oval engradado. As fachadas laterais apresentam uma janela rectangular. A capela possui uma entrada lateral. Nesta, a soleira apresenta inscrita uma data praticamente ilegível. 
A fachada posterior cega e nos extremos ressaltam as pilastras. INTERIOR, com tecto abobadado e estucado. Possui supedâneo em madeira onde sobressai o retábulo. No lado da Epístola, mísula com imaginária. 
Esta capela seria recuperada e reconstruída, durante a construção dos blocos habitacionais do Bairro Nuno Pinheiro Torres, em finais da década de 60 do séc XX.
Reconstrução da Capela de Santana, durante a construção dos 
blocos habitacionais do Bairro Nuno Pinheiro Torres
 Capela de Santana - Reconstrução - Fachada traseira
Informação parcial:
- SIPA
Imagens:
- AMP

Iluminação Pública a Gás. (Lisboa)

terça-feira, 26 de abril de 2016

Foi no dia 30 de Julho de 1848, que Lisboa seria pela primeira vez iluminada com candeeiros a gás. Os 26 aparelhos acesos no Chiado pertenciam à "Companhia Lisbonense d’Iluminação a Gaz". 
A empresa havia sido criada dois anos antes, em Agosto de 1846, num projecto que teve a própria rainha D. Maria II como uma grande impulsionadora. 
O “homem do gás”, acendendo os candeeiros na Praça de Comércio, em finais do séc. XIX
A partir do centro da cidade, o abastecimento foi-se expandindo em direcção à periferia e no início do século XX as Companhias Reunidas de Gaz e Electricidade já estavam presentes em várias outras zonas, como Cascais, Oeiras, Sintra, Queluz, Belas e Setúbal.
A primeira Fábrica de gás (já aqui falamos dela) foi construída em 1888, junto à Torre de Belém. Um lugar muito polémico já naquela altura.
Sobre este tema, obtenha detalhes mais pormenorizados, nesta nossa antiga publicação: 

Imagem:
- Arquivo Municipal de Lisboa

Primeira Ascenção do «Balão Portuguez». (03-04-1904)

quinta-feira, 10 de março de 2016

António Bernardes, conhecido pela alcunha de “Ferramenta”, nasceu no Candal, em Vila Nova de Gaia.
António Bernardes, aspirava construir um balão e ascender nele, sonho que cedo realizaria. 
Bernardes construiu um balão que denominou de “O Portuguez”, com uma capacidade para 1.200 metros cúbicos, que poderia elevar-se com o peso bruto de aproximadamente 800 Quilos, marcando a sua primeira ascensão para o dia 03 de Abril de 1904 nos jardins do Palácio de Cristal. 
O Aeronauta "Ferramenta"
No dia em questão, o balão foi conduzido até ao Palácio, em dois carros de bois, com a banda filarmónica à sua frente. No entanto quando se ensaiava a ascensão, o governador civil proibiu a subida. Bernardes, o aeronauta "Ferramenta”, nada contente, cortou as cordas e o balão depois de tocar nas copas das árvores subiu no ar, perante a admiração e os aplausos do público. Flutuaria por cerca de quatro horas, indo pousar num campo, em S. Cosme, no concelho de Gondomar.

Imagem:
- BPI, Editor - Alberto Ferreira

A Revolta de 1927. (Porto)

A revolta de 1927, no Porto iniciou-se pelas 4:30 da madrugada do dia 03 de Fevereiro, com a saída do Regimento de Caçadores 9, a que se juntou a maior parte do Regimento de Cavalaria 6, vindo de Penafiel, vários núcleos de outros regimentos da cidade e uma companhia da Guarda Nacional Republicana aquartelada na Bela Vista, Porto.
O comando das forças fora confiado ao general Adalberto Gastão de Sousa Dias, tendo como chefe do estado-maior o coronel Fernando Freiria, apoiado por um comité revolucionário constituído por Jaime Cortesão, Raul Proença, Jaime Alberto de Castro Morais, João Maria Ferreira Sarmento Pimentel e João Pereira de Carvalho. Entre os apoiantes incluía-se também José Domingues dos Santos, o líder da esquerda democrática que em 1918 dirigira a conspiração civil contra a Monarquia do Norte.
Jaime Cortesão foi de imediato nomeado governador civil do Porto e Raul Proença, além de conspirador, foi organizador e combatente de armas na mão, servindo de ligação aos co-conspiradores de Lisboa.
Durante a madrugada e manhã do dia 03 de Fevereiro, as forças dos revoltosos dirigiram-se para a zona da Praça da Batalha, onde estavam as sedes do quartel-general da Região Militar e do Governo Civil e a mais importante estação do telégrafo. Nessa primeira acção foram aprisionados o general José Ernesto de Sampaio e o coronel João de Morais Zamith, respectivamente primeiro e segundo comandantes da Região Militar, o tenente-coronel Luís Monteiro Nunes da Ponte, governador civil do Porto, e o seu substituto, major Sequeira Tavares, o comandante da força que fazia a guarda ao quartel-general e o presidente da Comissão de Censura à Imprensa.
Regimento de Infantaria 18
As forças governamentais, depois de algumas horas de desorganização, passaram a ser constituídas por uma parte reduzida do Regimento de Infantaria 18, que tinha como comandante o coronel Raul Peres, o Regimento de Cavalaria 9 e o Regimento de Artilharia 5, este aquartelado na Serra do Pilar. 
Regimento de Artilharia 5 - Serra do Pilar
Serra do Pilar, vista do Estaleiro Rei Ramiro c. 1880
Na tarde do dia 03 de Fevereiro, sob o comando do coronel João Carlos Craveiro Lopes, chefe do estado-maior da Região Militar e governador militar da cidade, as forças pró-governamentais concentraram-se no quartel da Serra do Pilar e abriram fogo de artilharia contra os revoltosos.
Na manhã desse mesmo dia 03 de Fevereiro, numa manobra arriscada, mas indicativa da certeza de que estava assegurada a fidelidade ao Governo das tropas de Lisboa, o Ministro da Guerra, coronel Abílio Augusto Valdez de Passos e Sousa, saiu de Lisboa num comboio com destino a Vila Nova de Gaia, onde chegou ao anoitecer. Assumiu então o controlo operacional das forças pró-governamentais ali instaladas sob o comando do coronel João Carlos Craveiro Lopes, mantendo-se na frente de combate até à subjugação dos revoltosos.
Logo na manhã de 04 de Fevereiro, juntaram-se aos revoltosos os militares do Regimento de Artilharia de Amarante, cujas peças de artilharia obrigaram as forças governamentais a recuar para o Monte da Virgem, de onde o bombardeamento sobre os revoltosos prosseguiu. Nessa mesma manhã, as forças revoltosas concentram-se na zona citadina em torno da Praça da Batalha, em redor da qual se montaram trincheiras, metralhadoras e peças de artilharia. Na confluência da Praça da Batalha com a Rua de Entreparedes foram instaladas duas peças de artilharia.
Na manhã do dia 04 de Fevereiro, o Regimento de Cavalaria 8, vindo de Aveiro, fiel ao Governo, conseguiu penetrar o fogo dos revolucionários e atravessar a Ponte de D. Luís, mas foi detido pelas barricadas que defendiam a Praça da Batalha. A mesma sorte tiveram as tropas fiéis ao Governo aquarteladas na própria cidade do Porto, que foram rechaçadas pelo intenso fogo das trincheiras dos revolucionários quando tentaram avançar sobre as posições dos sublevados.
Entretanto começaram a chegar mensagens de adesão de diversas guarnições, mas não das esperadas guarnições de Lisboa. Aderem tropas pertencentes a unidades aquarteladas em Viana do Castelo, Figueira da Foz e Faro, estas últimas apoiadas por forças de Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, mas por falta de apoio, particularmente de Lisboa, os recontros nestas cidades são esporádicos e a rebelião foi, na maior parte dos casos, subjugada em escassas horas.
Na tarde de 04 de Fevereiro, quando as adesões militares não corresponderam ao esperado, Raul Proença, profundamente envolvido na revolta, convoca os civis para combaterem ao lado dos revoltosos, mas com pouco sucesso. O movimento haveria de se manter até ao fim essencialmente militar, sendo poucas as adesões civis. Mesmo as restantes forças da Guarda Nacional Republicana estacionadas no Porto e seus arredores fizeram saber, através do seu comandante, major Alves Viana, que se manteriam neutrais, garantindo o policiamento da cidade "em defesa das vidas e dos haveres dos cidadãos", mas não interferindo na contenda entre militares.
Ao longo do dia foram sendo consolidadas as defesas do perímetro em torno da Praça da Batalha, com a colocação ao cimo da Rua de 31 de Janeiro, na bifurcação com a Rua de Santa Catarina, de uma metralhadora para impedir a progressão naquelas ruas. Tal foi a mortandade causada pela metralhadora ali colocada que a posição foi cognominada de a trincheira da morte.
A "Trincheira da Morte" no topo da Rua 31 de Janeiro, antiga Rua de Santo António
Duas variantes de um mesmo cliché
Para completar o perímetro defensivo, foi colocada outra metralhadora numa trincheira construída na confluência das ruas de Cima de Vila e da Madeira, montada uma peça de artilharia à esquina do edifício do Hospital da Ordem do Terço, voltada para a Rua do Cativo, e colocada uma metralhadora no desaparecido Largo do Corpo da Guarda, ao cimo da rua que ainda mantém esta designação. Para além disso, levantou-se o pavimento e montaram-se duas peças de artilharia na Rua de Alexandre Herculano, na junção com a Praça da Batalha e a Rua de Entreparedes.
A "Trincheira da Morte" na Rua de Entreparedes
Para além de soldados do Regimento de Infantaria 6, de Penafiel, e da GNR da Bela Vista estacionados ao longo da Rua Chã, foram colocadas "vedetas", patrulhas constituídas por soldados e civis, ao longo de todo o perímetro.
Na tarde deste dia, o comandante Jaime de Morais, chefe militar do Comité Revolucionário do Norte, enviou ao general Óscar Carmona, Presidente da República, um telegrama contendo um ultimato em que se afirmava: Os oficiais revoltosos decidiram reintegrar o País dentro do regime democrático constitucional, com a formação de um Governo Nacional que afirmasse a supremacia do poder civil, guardado e defendido pela força armada, que assim teria restituído as funções de que a desviaram.
Nesse mesmo dia 04 de Fevereiro, e nos dias imediatos, juntaram-se aos revoltosos do Porto forças provenientes de Penafiel, Póvoa do Varzim, Famalicão, Guimarães, Valença, Vila Real, Peso da Régua e Lamego. Vinda de Amarante chegou mais artilharia, a qual foi estacionada nas imediações de Monte Pedral. A artilharia da Figueira da Foz foi detida na Pampilhosa quando se dirigia para o Porto.
Ao contrário do previsto pelos revoltosos, até ao final do dia 04 de Fevereiro não se registaram quaisquer adesões em Lisboa, centro vital do poder político-militar, o que permitiu ao Ministro da Guerra, coronel Passos e Sousa, concentrar todas as forças no combate aos entrincheirados no Porto. Na tarde deste dia, a posição dos revoltosos era crítica, já que os pró-governamentais dominavam Lisboa e todo o sul de Portugal e controlavam a margem sul do Douro, tornando improvável o reforço das tropas revoltosas.
Entretanto, na manhã do dia 05 de Fevereiro o vapor Infante de Sagres chegava a Leixões, com tropas governamentais, comandadas pelo coronel Augusto Manuel Farinha Beirão, enquanto mais forças governamentais atravessavam o Douro em Valbom e se encaminhavam para o centro da cidade.
Nessa mesma manhã desenvolve-se uma tentativa de conciliação, que leva o comandante Jaime de Morais e o major Severino a visitar o quartel-general do Ministro da Guerra, instalado num prédio da Avenida das Devezas, em Gaia, numa tentativa de negociar a rendição em troca da liberdade para os revoltosos. Os parlamentários dos revolucionários foram obrigados a atravessar a cidade vendados, mas o resultado foi inconclusivo já que o Ministro recusou uma rendição que não fosse incondicional: ou a rendição total ou o bombardeamento da cidade. Falhada a conciliação, a partir das 16 horas do dia 05 de Fevereiro travou-se um grande duelo de artilharia entre as duas margens do rio Douro.
Durante a tarde do dia 05 de Fevereiro começou a montar-se o cerco aos revoltosos, envolvendo o Porto num anel de fogo e metralha: pelo norte, as tropas desembarcadas em Leixões pelo Infante de Sagres; por leste, tropas fiéis ao Governo vindas de Bragança e da Régua, chefiadas por António Lopes Mateus; e a sul, em Vila Nova de Gaia, concentram-se cerca de 4 000 homens vindos de várias guarnições, munidos de farta artilharia. Perante o apertar do cerco, na noite de 05 de Fevereiro, os revoltosos propõem um armistício, mas Passos e Sousa responde, na manhã do dia 06, com o reiterar da exigência de uma rendição incondicional e a ameaça de bombardeamentos ainda mais intenso e pesado, incluindo o recurso a obuses.
Raul Proença regressou a Lisboa na noite de 06 de Fevereiro para pedir auxílio e para tentar desencadear a revolta naquela cidade, já que o movimento, sem os apoios esperados, começava a enfrentar sérias dificuldades no Porto.
Naquelas circunstâncias só restava negociar a rendição, já que um ataque à baioneta contra as baterias governamentais da Serra do Pilar (Gaia) que invertesse a situação era virtualmente impossível e muito provavelmente redundaria num banho de sangue, sendo certo o bombardeamento da cidade. Com os olhos postos em Lisboa, onde a muito custo e com uma lentidão exasperante o movimento parecia finalmente arrancar, os revoltosos resistem durante os dias 06 e 07 de Fevereiro, mas à medida que as horas passam e as munições se esgotam cresce o sentimento de derrota e sobem de tom as vozes que advogam a rendição.
Revolução no Porto. Junto à Sé, na entrada superior da Ponte Luís I
Finalmente, na tarde do dia 07 de Fevereiro, esgotadas as munições, o quartel-general dos revoltosos, instalado no Teatro de S. João, manda dispersar os civis ali aquartelados. À meia-noite o general Sousa Dias faz chegar ao Regimento de Artilharia 5, em Gaia, por intermédio do major Alves Viana, da GNR, um documento apenas por si subscrito, em que propõe a rendição, com salvaguarda da isenção de responsabilidades de sargentos, cabos e soldados. Passos e Sousa aceita apenas a isenção de cabos e soldados, declarando que os oficiais e sargentos envolvidos seriam punidos. Qualquer civil apanhado de armas na mão seria imediatamente fuzilado.
Sem mais opções, pelas 3:00 horas da madrugada do dia 08 de Fevereiro Sousa Dias aceita as condições propostas e ordena a rendição dos revoltosos. Pelas 8:30 horas, Passos e Sousa entra triunfalmente na cidade, pela Ponte Luís I. Estava terminada a revolta no Porto.
O sargento-ajudante Nogueira, da facção derrotada, entregando a sua espada frente ao Teatro S. João
Pouco depois o coronel João Carlos Craveiro Lopes envia ao general Óscar Carmona, Presidente da República, o seguinte telegrama: Felicito V. Ex.ª e o Governo da Nação. Tropas entraram Praça da Batalha, Porto, às 8 horas e meia, tomando conta da cidade onde a vida vai retomando a sua normalidade. Na tarde desse mesmo dia 08 de Fevereiro, o Ministro Passos e Sousa parte para Lisboa, cidade onde a revolta estava agora acesa.
Durante os 5 dias que durou a revolta no Porto perderam a vida mais de 100 pessoas, entre militares e civis, entre os quais o jornalista António Maria Lopes Teixeira, director do Diário do Porto. Foram mais de 500 os feridos, alguns dos quais viriam a sucumbir nos dias imediatos. Os estragos causados pelos bombardeamentos e tiroteios também foram grandes, com muitas casas devastadas e muitos edifícios públicos grandemente danificados.

Fontes:
- Silva, Germano. O início do Reviralho, in Jornal de Notícias
- http://www.iscsp.utl.pt/
- Roberto de Sampaio e Melo, O cerco do Porto : 3 a 7 de Fevereiro de 1927 : (memórias de um sitiado) : 5 dias e 5 noites sob a metralha. Porto : J. Ferreira dos Santos, 1927.
- Wikipédia
- Arquivo Municipal do Porto

Revolta de 31 de Janeiro de 1891. (Porto)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

No dia 31 de Janeiro de 1891, sucedeu no Porto um levantamento militar que, motivado e contrário à cedência do Governo e da Coroa Portuguesa ao Ultimatum de 1890 imposto pela Inglaterra, o chamado "Mapa Cor-de-Rosa", que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique, pretendeu instalar um governo provisório e chegou mesmo a proclamar a República na Praça de D. Pedro, actual Praça da Liberdade.
No dia 01 de Janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um directório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima.
Estes indivíduos apresentaram um plano de acção política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma acção imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de Novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, o pioneiro da fotografia e cinema Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores n.º 9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18. Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o Regimento de Infantaria 18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Praça da República - Quartel de Infantaria 18 
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, actual Praça da Liberdade, onde, em frente ao antigo e já desaparecido edifício dos Paços do Concelho (Câmara Municipal do Porto), ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a Implantação da República. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o Actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Os Paços do Concelho, na Praça de D. Pedro
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
A guarda municipal atacando os revoltosos entrincheirados nos Paços do Concelho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o Advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o Alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reacção oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. 
«Prezos civis a bordo do vapor Moçambique»
Em 1893 alguns seriam libertados em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de Janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efectuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de Outubro de 1910).

Fontes:
- Redacção Quidnovi, com coordenação de José Hermano Saraiva, História de Portugal, Volume VII, Ed. QN-Edição e Conteúdos,S.A., 2004
- Rocha Martins, 1926, "D. Carlos, História do seu Reinado", Lisboa, Edição do Autor, Oficinas do "ABC"
- Wikipédia

Inauguração das piscinas do Clube Fluvial Portuense.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Clube Fluvial Portuense, foi criado em 04 de Novembro de 1876, sendo a colectividade desportiva mais antiga da cidade do Porto e a terceira mais antiga de Portugal. 
Em 1881, o rei D. Luís I concedeu ao clube o título de “Real”. Em 1931, o Clube Fluvial Portuense foi reconhecido como instituição de utilidade pública. 
O mérito do Clube Fluvial Portuense foi reconhecido, ao longo dos anos, por sucessivos Governos que lhe concederam as várias medalhas de Mérito Desportivo e, recentemente, por ocasião das celebrações do 125.º aniversário, o Colar de Honra ao Mérito Desportivo, a mais alta condecoração atribuída pelo Governo Português no âmbito do associativismo desportivo.
Visita e inauguração às piscinas do Clube Fluvial Portuense, pelo chefe 
de estado, o Almirante Américo Tomás em 23 de Junho de 1966
 Ângulo das antigas piscinas, vendo-se o Largo do Calem e casario da Rua das Condominhas
 As antigas piscinas, numa zona agora ocupada por prédios
 O Almirante Américo Tomás
 Em segundo plano: A Capela do Sr. e Sr.ª da Ajuda
 Em segundo plano: O Largo de António Calem e o Rio Douro

Imagens: 
- Arquivo Municipal do Porto (AMP)