A "Sinaleira de Valongo".

domingo, 29 de setembro de 2019

A "Sinaleira de Valongo"
Muitos automobilistas do grande Porto,  ou zona Norte, ainda se recordarão desta  simpática e singular personagem.
A Dna. Isaura, também conhecida por "Tété", nos meios mais familiares, mas conhecida por todos como a icónica "Sinaleira de Valongo".
A Dna. Isaura, era esposa de um policia sinaleiro do Porto. Após ficar viúva, veio para, o então designado, asilo de Valongo, sito no Hospital. A partir dos princípios dos anos 70, esta senhora, vinha dar uns passeios até ao centro da localidade e começou a orientar o trânsito junto a um semáforo que existia no Centro, o povo vendo interesse dela, começou a dar-lhe os apetrechos necessários para o efeito.
Pelo que soubemos, a farda e capacete, bem como as luvas brancas e rola (apito) foi um tal de Zé Granada, que lhe deu.
Assim se tornou na lendária "Sinaleira". A Dona Isaura, faleceu na Santa Casa de Misericórdia, onde passou os seus últimos anos de vida.

Solar da Quinta das Devesas (Devezas).

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Segundo informação da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, a família Conde das Devesas (1875-1945) teve uma acção importantíssima na vida da própria Misericórdia de Gaia, que beneficiou com o trabalho e a generosidade de muitos dos seus membros.
Quinta das Devesas em Gaia, circa 1853. No horizonte da imagem, vemos a cidade do Porto. Prova actual em papel salgado a partir de um calótipo de Frederick William Flower, 1849-1859
O primeiro Conde, Francisco Pereira Pinto Lemos (1849/1916) e a sua esposa D. Maria da Conceição Bandeira de Castro Lemos, Condessa das Devesas (1853/1928), tiveram três filhos, Alfredo, Ernani e Jorge.
Sucedeu a seu pai no título, o segundo Conde, Alfredo Pereira Pinto de Castro Lemos (1875/1945), que se casou com D. Camila Machado dos Santos Castro Lemos (1879/1967), não tendo havido filhos deste casamento.
Por isso, à morte do segundo, seria terceiro Conde das Devesas, o irmão Ernani Carlos Pereira Pinto de Castro Lemos (1876/1965), casado com D. Carlota Alberta Pimentel Maldonado Correia da Silva Araújo Lemos (1884/1971), sem descendentes.
Houve ainda o irmão Jorge Pereira Pinto de Castro Lemos (1884/1962), de quem era esposa D. Maria Amélia Feio de Oliveira Leite de Castro Lemos (1882/1979), que também não tiveram herdeiros legitimários.
O Conde Alfredo, homem profundamente religioso e sempre pronto a auxiliar os mais desfavorecidos, envolveu-se no movimento iniciado no dia 27 de Novembro de 1928 pelo Notário Miguel da Silva Leal Júnior e por outros bons gaienses, para a criação da Misericórdia de Gaia. E quando a 26 de junho de 1929 a Misericórdia foi, oficialmente, constituída, os seus pares quiseram que fosse o Conde Alfredo a ocupar o lugar de Provedor.
Tinha então 54 anos e, durante mais sete, até 1936, ocupou esse cargo, tendo desenvolvido uma tarefa extremamente valiosa, para que fosse devidamente consolidada a vida da jovem e, então, ainda frágil instituição.
Por falecimento dos progenitores Conde Francisco e Condessa D. Maria da Conceição, herdaram os três filhos – Alfredo, Ernani e Jorge – em partes iguais, o património da família, de que era a parcela mais valiosa a chamada Quinta das Devezas, também então conhecida por Quinta do Estado, situada em Vila Nova de Gaia, onde a família tinha o seu solar.
A nível arquitectónico, a Quinta das Devesas é composta por uma casa de planta irregular, capela separada, a O., de planta longitudinal, com sineira adossada, e jardim. Casa com fachada principal composta por vários panos enquadrados por pilastras coroadas por urnas neoclássicas, com pano central mais elevado com pedra de armas, a acesso ao centro, através de escadaria, ao piso nobre. Capela com fachada principal rasgada por portal ladeado por pequenas janelas e encimado por janelão de recorte neogótico.
Ruínas do Solar da Quinta das Devesas (Devezas) - Escadaria principal
Solar da Quinta das Devesas - Vista parcial da fachada frontal
 Solar da Quinta das Devesas - Outra vista parcial da fachada frontal
Solar da Quinta das Devesas - Fachada frontal e lateral
Solar da Quinta das Devesas - Capela em ruínas
Esta propriedade tem a sua entrada principal na Rua D. Leonor de Freitas, junto às instalações da firma Barros, Almeida & C.a. – Vinhos S.A. e era constituída por uma casa apalaçada, de dois andares, capela, anexos, jardim, estufas, pomares, hortas, adegas, casa para gado e terras de lavradio e de vinha, com uma área de 101.500 metros quadrados.
Graças à benemerência desta magnífica família, a referida Quinta é propriedade da Misericórdia de Gaia. Esta passagem realizou-se de forma faseada:
Por legado em testamento do Conde Ernani Carlos Pereira Pinto de Castro Lemos, falecido a 2 de Agosto de 1965, da terça parte desta propriedade.
Por doação feita no dia 8 de Março de 1966, pelas Senhoras D. Camila Machado dos Santos Castro Lemos, viúva do Conde Alfredo, falecida a 20 de maio de 1967, e de D. Maria Amélia Feio de Oliveira Leite Castro Lemos, viúva de Jorge Pereira Pinto de Castro Lemos, falecida a 14 de Fevereiro de 1971, das outras duas terças partes de que eram pertença das mesmas, deduzidas de uma parcela de 21.206 metros quadrados, que as doadoras reservaram para si. Estas doações, segundo os termos da escritura, foram feitas pelo facto de ambas desejarem contribuir para “os altos fins de assistência a que se dedica a Misericórdia de Gaia”.
Na altura da morte da última das senhoras, em 1971, a Misericórdia tornou-se proprietária da Quinta das Devezas.
Entretanto, para homenagear os dadores, a Misericórdia construiu um magnífico lar para idosos, que foi inaugurado no dia 4 de Julho de 1992, a que deu o nome de Lar Residencial Conde das Devezas, actualmente designado de Residências Seniores Conde das Devezas.

Bibliografia:
- In http://scmg.pt
- SIPA 

Imagens:
- Alexandre Silva