Restaurante "A Regaleira". (Porto)

sábado, 28 de novembro de 2020

 Rua do Bonjardim, durantes as obras de benefiação, destacando-se as tabuletas, da empresa representante das máquinas de escrever "Underwood", Carlos Dunker; da Tinturaria Portuguesa; do Restaurante Bonifácio e da Barbearia Gonçalves. Vemos o restaurante A Regaleira, na esquerda da imagem. Cliché: Barreiros, Guilherme Bonfim (1894-1973), c.1939 in AHMP

O restaurante "A Regaleira" abriu as suas portas em 1934 e foi gerido ao longo das décadas sempre pela mesma família. Este restaurante entrou inclusive na lista de estabelecimentos classificados como "Porto de Tradição", criada pela autarquia (CMP) no intuito de proteger os negócios mais antigos sobretudo da pressão imobiliária, mas nem isso evitaria o fecho da casa, assim como o despedimento dos 12 funcionários em 2018.
A REGALEIRA. In guiadosrestaurantes.pt
Seria na Regaleira, em 1952, que Daniel David Silva, emigrante regressado da França e da Bélgica, criaria a famosa francesinha com base na tosta francesa, ou croque-monsieur, acrescentando-lhe um molho de cobertura, o "segredo" do petisco.
"A Regaleira", c.1939. Pormenor do cliché

Arnaldo Lima - Materiais de construção e aparelhos sanitários.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Edifício então existente na Rua do Almada em esquina com a Rua Dr. Artur de Magalhães Basto.. Integrava um conjunto de edifícios que foram demolidos para permitir a construção do Banco de Portugal. Cliché da Phot. Guedes (0,240 x 0,300 m; 1 negativo em vidro) in AHMP
Citando a descrição oficial do Arquivo Histórico:
"Vista parcial do edifício (demolido), do estabelecimeto de materiais de construção «Arnaldo Lima» e da empresa de transportes «L' Éclair», no ângulo da Rua do Almada, n.º 104-114, com a Rua Dr. Artur de Magalhães Basto. Ao fundo a Praça da Liberdade."
Construção do Banco de Portugal na Praça da Liberdade - 1923

Igreja de S. Bartolomeu. (Arouca)

sábado, 5 de setembro de 2020

A antiga igreja de S. Bartolomeu Actualmente demolida, segundo um desenho do natural de Abel Acácio. Gravura em madeira (In "O Ocidente" (1883)

Acredita-se que este, é único documento que resta da demolida matriz.
A Igreja de S. Bartolomeu, terá sido erigida no adro da igreja monástica, durante o abadessado de D. Melícia de Melo (século XVI), no espaço atualmente ocupado pela praça Brandão de Vasconcelos
O campanário, que junto se elevava, pelo seu isolamento e formas, de forte silharia com arcadas redondas, aparenta ser mais antigo, do período românico.
Igreja de S. Bartolomeu e o seu campanário
Abel Acácio in "O Ocidente", 1883
Segundo Abel Acácio, anteriormente ao século XVIII, havia uma igreja da invocação de S. Bartolomeu, que servia de paróquia, a qual se levantava num adro vedado sito a norte do convento. Foi demolida ai por 1900 para dar lugar à actual praça. Davam-na como edificada nos «tempos de Affonso III ou de Diniz, pela abbadessa D. Milícia», no propósito das freiras se libertarem das importunidades dos serviços paroquiais, pois esses realizavam-se na Igreja do convento desde que, em 1220, desapareceu a igreja própria, de três naves, da invocação de S. Pedro, à ilharga do cenóbio, para que, então, este pudesse ser ampliado.
Abel Acácia escreveria no "O Ocidente": 
«O interior d'esta é, como o exterior, pobre e modesto, e está por igual deteriorado. Vêem-se na capella-mór dois tumulos embebidos na parede, um a cada lado do altar, com epitaphios gothicos quasi illegiveis, e ainda para mais pintados a ocre espessamente! No pavimento da egreja algumas inscripções tumulares se leem tambem a custo, todas sem importancia. Merecia mais cuidado dos poderes publicos, ou ao menos do municipio da villa, este venerando e valioso, a pesar de pobre, monumento nacional.»
AROUCA - Um aspecto junto da Praça Brandão de Vasconcelos
Intervenções arqueológicas realizadas na praça Brandão de Vasconcelos, tornaram visíveis os alicerces da antiga Igreja de S. Bartolomeu, enquadrados, a sul, pela Igreja do Mosteiro de Arouca, e, a poente, pela travessa da Alameda.

Hotel Sul-Americano. (Porto)

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Localizado na Praça da Batalha, no Porto, o "Hotel Sul-Americano", marcou o seu tempo.
Este ilustre Hotel foi adquirido por Álvaro de Azevedo, um ex-emigrante no Brasil, após regressar a Portugal. 
Logo após a compra do imóvel, o mesmo foi totalmente remodelado, tornando-o num dos melhores hotéis da cidade do Porto na sua época.
Hotel Sul-Americano, c.1913
Hotel Sul-Americano c.1916
Editor - Papelaria e Typografia Académica
Hotel Sul-Americano na Praça da Batalha, Porto
A decoração tinha vários motivos inspirados na América do Sul, tal como os painéis de azulejos que decoravam o interior do hotel (representando o Alto do Corcovado ou o Caes Pharroux); e deste modo era muito procurado pelos viajantes com proveniência naquele ponto do globo. 
O mobiliário do Hotel era elaborado pela casa Correia d'Abreu, do Porto, sendo de nogueira nos quartos de 1ª classe, e de freixo americano nos de 2ª classe.
Hotel Sul-Americano - Quarto de dormir. BPI - Cliché Alvão
Na segunda metade do ano de 1944, o "Hotel Sul-Americano" daria lugar ao "Grande Hotel do Império", após ter sido adquirido, na data citada, pelo industrial Joaquim Ribeiro de Almeida, que logo após a aquisição do Hotel, remodelou totalmente este edifício, tanto interior como exteriormente. 
O então novo e imponente "Grande Hotel do Império", extremamente elitista e luxuoso, seria inclusive mencionado no filme "O Leão da Estrela".
Actualmente, neste mesmo local, ergue-se o edifício do Hotel "Quality Inn".


Capela dos Carregais. (Gondomar)

domingo, 31 de maio de 2020

Capela da Quinta dos Carregais, vendo-se pessoas nas janelas e no exterior. Data de construção, 1759. Cliché não datado (190?), in AHMP
Capella da Casa dos Carregaes de Arnaldo Barbosa, circa 1900. In "O Commercio do Porto". Nesta Capela celebrou-se durante muitos anos, a Festa da Sra. da Conceição, no segundo fim de semana do mês de Setembro
A denominada Quinta dos Carregais e a Capela dos Carregais, que obviamente integrava a propriedade, localizavam-se na Freguesia de S. Cosme em Gondomar.
Imagens antigas da Capela  dos Carregais e muros adjacentes, mostram a data de 1759 gravada no granito, o que faria dela uma obra genuína do séc. XVIII com relevante valor patrimonial.
Nesta capela era então celebrada missa ao domingo e nela se realizavam as festas em honra de Nossa Senhora da Conceição, que decorriam no segundo fim de semana do mês de Setembro. A festa em honra de Nossa Senhora da Conceição, realizada neste local, era muito conhecida nos finais de 1800 e princípios de 1900, chegando a ser mencionada em artigos de jornais da época, como por exemplo o então notável jornal "O Comércio do Porto". Pelo que sabemos, esta festa católica continuaria  a realizar-se até aproximadamente 1945.
Capela da Quinta dos Carregais, totalmente abandonada, em 14 de Junho de 2008. Cliché de Jorge Bastos in FLICKR
Abandonada por muitas décadas, a Capela dos Carregais seria demolida e o local onde a mesma se encontrava, foi parcialmente ocupado por uma larga via rodoviária, que curiosamente, adoptou o nome da capela que destruiu...
Inicio da demolição da Capela dos Carregais. Cliché com autoria atribuida a António Barbosa
Demolição, em fase já avançada, da Capela dos Carregais. Cliché com autoria atribuida a António Barbosa
O lamentável fim da Capela dos Carregais

Imagens:
- AHMP - Arquivo Digital
- Jorge Bastos
- António Barbosa



Central Hotel. (Matosinhos)

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Central Hotel, na Rua de Brito Capelo - Fachada frontal
 
Central Hotel, localizou-se no n.º 19 da Rua de Brito Capelo em Matosinhos. O Central Hotel abriu as suas portas ao público, em Agosto de 1904, por motivação de José Alves de Brito e Francisco Xavier Gouveia, que já nessa altura eram proprietários do Café Central, instalado no edifício vizinho.
Central Hotel - Matosinhos
Central Hotel. Sala de Refeições in Guia de Leixões
O Central Hotel funcionou durante pelo menos quatro décadas. Foi demolido a meio da década de 40 do séc. XX, tendo sido erguido no seu local o edifício que veio a albergar o Hotel Porto Mar.

Quinta da Carcereira. (Porto)

terça-feira, 21 de abril de 2020

É de conhecimento público que a Casa de Saúde da Boavista, instituição inaugurada em Setembro de 1934, foi construída nos terrenos da antiga Quinta da Carcereira.
Como se pode ler no site da instituição, a conhecida Casa de Saúde da Boavista, pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, sendo uma Instituição de saúde privada, de inspiração Católica e de utilidade pública.
A Quinta da Carcereira ocupava esta área tendo o seu acesso nobre a partir da Rua da Carcereira, actual Rua de Pedro Hispano. Era uma propriedade, como muitas outras, na altura, algo afastada do centro urbano e deveria ter alguma importância em certa época, pois ostentava Pedra de Armas ou Brasão.
Aspecto geral do portão brasonado da Quinta da Carcereira, na antiga rua da Carcereira, actual Rua de Pedro Hispano, no Porto, c.1933
Fotografia de Guilherme Bomfim Barreiros in AHMP
Este imponente portão brasonado, foi de forma louvável, conservado pela instituição e pode ser visto actualmente nos terrenos da mesma. Da antiga casa que integrava a propriedade, não obtivemos dados que nos permitam dizer que da mesma, tenham restado vestígios, no entanto não podemos fazer uma afirmação com 100% de certeza, neste momento.
Planta da cidade do Porto, à escala 1:500, levantada sob direcção de Augusto Gerardo Teles Ferreira
Pormenor da planta da cidade do Porto, levantada sob direcção de Augusto Gerardo Teles Ferreira, vende-se mais em pormenor a Quinta da Carcereira, com acesso a partir da Rua da Carcereira, actual Pedro Hispano


Escadas do Codeçal. (Porto)

segunda-feira, 6 de abril de 2020

A origem exacta desta escadaria, ou acesso da zona ribeirinha à zona alta, é incerta, mas sabemos que já na época medieval esta escadaria íngreme e longa era o caminho de ronda da denominada Muralha Fernandina que cercava o Porto, estabelecendo assim a ligação ente o convento de Santa Clara e o postigo da Areia da muralha, já junto ao rio Douro.
  Escadas do Codeçal - Editor [Grandes Armazéns Hermínios] 
 Escadas do Codeçal, c.1900. BPI, Editor - Arnaldo Soares - Registrado
Dos monumentos mais conhecidos e com maior imponência das escadas do Codeçal, identificamos o Recolhimento do Ferro que, de início, existiu numa reentrância da rua Escura, em frente ao aljube. 
Recolhimento do Ferro, c.1900. BPI - Editor, Arnaldo Soares - Registrado
 Fachada da Igreja do Recolhimento do Ferro, também denominada de Nossa Senhora do Patrocínio, nas Escadas do Codeçal, c.1910
Na prática, o Recolhimento do Ferro é um belíssimo e já antigo, edifício religioso de assistência (recolhimento), tendo em anexo a Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio.
Nos anos 80 do séc XIX a construção do tabuleiro superior da ponte Luís I obrigou a algumas demolições para construção dos pilares de sustentação da ponte. No século XX, o alargamento da via de escoamento de trânsito do tabuleiro inferior da ponte e a subsequente construção do túnel da Ribeira conduziu à demolição do trecho final das escadas do Codeçal.
Fontes parciais:
- AHCMP - Casa do Infante
- Biblioteca Municipal do Porto

Arco das Verdades. (Porto)

domingo, 5 de abril de 2020

Já abordamos este item, na nossa página da rede social do facebook, no entanto por não estar propriamente "desaparecido" nunca lhe dedicamos um publicação aqui no blogue. 
Tal será feito agora, após diversos pedidos feitos pelos nossos estimados leitores.
Se descermos da Sé do Porto pela Rua de D. Hugo até à Ribeira, vamo-nos deparar com o "Arco das Verdades" que se localiza nas Escadas das Verdades.
Arco das Verdades, c.1934
O “Arco das Verdades” está directamente ligado a uma das quatro portas que existiam na muralha primitiva dita “Sueva” ou também chamada de «Cerca Velha» que se chamava Porta das Mentiras, e que a partir do séc. XIV, passou a chamar-se porta de Nª Sª das Verdades. Essa porta, ou entrada, localizava-se nas escadas das verdades, no entanto desconhece-se a data do seu desaparecimento. A porta dava acesso à zona do Barredo e da Ribeira. Relativamente ao Arco, há quem o ligue e até identifique como sendo essa porta, o que é um erro. O arco além de ser muito mais largo do que a porta, não possui o formato nem a configuração adequada e funcionou como aqueduto.
Arco das Verdades, c.1934
Este aqueduto teria sido construído no século XVI para transportar água das Fontainhas, primeiro em direcção ao Convento das Clarissas (Igreja de Santa Clara), e depois para o Convento Jesuíta de São Lourenço, hoje mais conhecido como a Igreja dos Grilos.
Segundo consta, por este arco corriam as águas da nascente de Mija-Velhas (actual Campo 24 de Agosto), que abasteciam a Mitra e fontes já desaparecidas em Pena Ventosa onde o povo se abastecia de água.
Largo da Pena Ventosa, c.1900. BPI - Editor: Grandes Armazéns Hermínios
Largo da Pena Ventosa, c.1900
 BPI - Editor: Arnaldo Soares - Registrado

Imagens:
- AHMP

O sinal de trânsito mais antigo da cidade de Lisboa.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Placa de 1686
Podemos ainda vê-la, numa parede, na Rua do Salvador em Alfama.
Esta placa foi mandada afixar por Sua Majestade, o Rei D. Pedro II, no ano de 1686, para orientar os veículos de tracção animal, como caleches, coches, carros de bois ou carroças que passavam por esta estreita artéria.
Na realidade o Rei mandou colocar/afixar 24 sinais de trânsito, mas desses 24 apenas este sobreviveu até aos nossos dias.

Citando:

ANO DE 1686
SUA MAJESTADE ORDENA
QUE OS COCHES, SEGES
E LITEIRAS QUE
VIEREM DA PORTARIA
DO SALVADOR RECUEM
PARA A MESMA PARTE

Na prática, quem descia perdia a prioridade em relação a quem subia a artéria.
Esta rua, actualmente vista como uma simples e estreita travessa, entre a Rua das Escolas Gerais e a Rua de São Tomé, teve no entanto uma relevante importância há cerca de 400 anos atrás, quando era o veio de ligação entre as portas do Castelo de São Jorge e a Baixa.
Quem desobedecesse a estes sinais de trânsito, pagaria 2 mil cruzados de multa e corria o risco de ser  exilado para o Brasil.

Gripe pneumónica de 1918-1919.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Os valores exactos sobre o número total de vítimas mortais causadas pela gripe pneumónica de 1918-19, é absolutamente desconhecido. Ninguém pode apresentar um número com exactidão.
Os eruditos mais clássicos e talvez mais optimistas, têm defendido que a estimativa mais baixa será de 21 milhões de mortos, entre 1918 e 1919. Isto numa população mundial de quase 2 mil milhões, naquela altura. Outros estudos mais recentes feitos por epidemiologistas defendem no entanto que a pneumónica matou, pelo menos, 50 milhões de pessoas, aproximando-se talvez até do dobro, ou seja dos 100 milhões. A ser verdade, no período de pouco mais de um ano, a pandemia gripal matou mais pessoas do que a famigerada "Peste Negra" no período de um século e do que a Primeira Guerra Mundial (Cerca de 8 milhões de mortes, entre 1914 e 1918). Em Portugal também não existe um número exacto de vítimas. 50.000 ou 60.000 mortos, são os valores mais defendidos. Temos de ter em conta que a maioria dos países, não possuía ainda recenseamentos populacionais e existe ainda a agravante de muitos casos terem sido mal diagnosticados...
Em final de Setembro de 1918, segundo relatos da época, na cidade de Lisboa e nos arredores da capital, as escolas estavam fechadas e sem previsão de abertura do ano lectivo, estavam também proibidas feiras e romarias.
Muitos dos estabelecimentos mantinham as suas portas trancadas ao público. 
Nos mercados da altura escasseavam bens alimentares de primeira necessidade como o pão, a carne e o leite, que aumentara consideravelmente de preço. As ruas estavam quase desertas e os eléctricos passavam com as cortinas e as portinholas sempre fechadas.
Na Junqueira, as pessoas aguardam a abertura do armazém regulador de preços a cargo da Assistência 5 de Dezembro, em 1918. Cliché de Joshua Benoliel in Arquivo Municipal de Lisboa
Thomaz de Mello Breyner, 4º conde de Mafra, médico no Hospital de São José, escreveu no seu diário pessoal:

"19 de Outubro: "Fui ao Hospital e lá tive a certeza de que a epidemia de gripe pneumónica continua assustadora. Em média entram 100 doentes nos hospitais e morrem 30 a 40! Acabou-se em Lisboa o pano especial de cobrir caixões! Todas as flores da Praça são para os mortos."

"21 de Outubro: A mortalidade é medonha. Acabou-se o pano para forrar caixões, acabaram-se as flores no mercado, há enterros toda a noite!! Nem a peste grande 1569 foi assim!!!"

De facto, a situação atingiu tal magnitude que, em apenas um dia, realizaram-se 250 enterros; descobriram-se famílias inteiras mortas nas suas casas e a Direcção-Geral dos Hospitais Civis de Lisboa solicitou à Câmara Municipal para que abrisse uma vala comum no cemitério dos Prazeres.
Ambulância da Cruz Vermelha. Cliché de Joshua Benoliel in Arquivo Municipal de Lisboa
Pneumónica
Conselhos ao Povo
Dois dos videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, viriam a ser vítimas mortais da epidemia
Hilda Ophélia Paz dos Reis, filha de Aurélio da Paz dos Reis, seria também vítima da gripe. Aurélio nunca aceitaria a morte da filha de quem muito gostava. Hilda Paz dos Reis, na Praça de D. Pedro, c.1909
Segundo o professor de medicina Joaquim Alberto Pires de Lima, a quem a segunda vaga da epidemia apanhou no Vale do Ave, uma zona simultaneamente agrícola e altamente industrializada, não existiam dúvidas de que os mais afectados pela epidemia eram os que viviam em piores condições (Lima 1918). E o médico Costa Maia manifestou a sua concordância com esta posição na sua dissertação, ao afirmar que, “sem querer contestar a veracidade desta afirmação do ilustre professor” [Almeida Garrett], corrobora Pires de Lima ao sublinhar a importância das habitações sem condições higiénicas, insinuando que estas seriam os focos de onde as infecções irradiariam “unindo depois pobre e rico numa solidariedade fatal” (Maia 1920). Aliás, cita, em conclusão desta abordagem, o testemunho da mais importante autoridade médica em matéria de epidemias, Ricardo Jorge, que dirigiu o combate à pandemia de 1918-19 em Portugal. Na opinião deste, o seu impacto foi maior sobre os mais pobres. Escreveu mesmo a este respeito numa obra coetânea em que procura fazer a síntese da pandemia: “Se todas as classes pagaram o seu tributo, ele pesou mais pesadamente sobre os mais humildes: os horrores da epidemia juntaram-se aos da miséria” (Jorge 1919, 25).
Viatura dos Bombeiros Voluntários Lisbonenses
Passado o período mais dramático, que ocorreu em Outubro, a epidemia foi-se atenuando e lentamente se desvanecendo ao longo do mês de Novembro.

Bibliografia:
-José Manuel Sobral e Maria Luísa Lima« A epidemia da pneumónica em Portugal no seu tempo histórico »Ler História, 73 | 2018, 45-66.-
- Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Lisboa
- Diário de Notícias
- Biblioteca Municipal do Porto

Capela da Quinta da Fraga ou do Senhor do Carvalhinho. (Porto)

domingo, 1 de março de 2020

A Quinta da Fraga teria sido criada por meados do século XVI, estando na posse de Francisco Dias e de sua mulher Isabel Pinto. Em finais do século XVI, os Jesuítas, instalados no colégio de São Lourenço no Porto, procuravam grandes espaços de produção e relaxamento. 
A quinta da Fraga localizada no monte das Fontainhas e com a frente virada para o rio Douro era o sítio ideal. 
Calçada da Corticeira, vista de Vila Nova de Gaia, por volta de 1860
Calótipo atribuído a Frederick William Flower 
 Pormenor do Calótipo atribuído a Frederick William Flower. Vemos a Casa e Capela da Quinta da Fraga
Segundo Jorge Ricardo Pinto, a quinta da Fraga estendia-se desde a actual Rua Duque de Palmela até às margens do rio Douro, tratando-se pois de um enorme território.
A quinta produzia nessa altura, milho (que permitia fazer broa e pão), frutas, produtos hortícolas variados e localizava-se numa zona rica em água, sendo que essa mesma água nascia na fonte de Mijavelhas e, entrando pela quinta do Bispo (actual cemitério Prado do Repouso) desviava-se depois para os terrenos da quinta, podendo assim alimentar os diferentes moinhos que o território possuía.
No de 9 de Fevereiro do Ano da Graça, de 1573 Francisco Dias doou a quinta aos padres Jesuítas com condições perpétuas de pagarem, por ano, 25 alqueires de milho, 10 alqueires de pão e 100 réis. Porém, em 1596, estas medidas foram suspensas pela própria Coroa e os jesuítas tornaram-se nos proprietários da quinta da Fraga.
Muito se poderia escrever sobre esta propriedade e a sua História, ao longo dos séculos, mas tal seria merecedor de um livro, pelo que vamos aqui resumir o mais pertinente.
Em consequência do inevitável crescimento e urbanização da cidade do Porto, que aos poucos adulterou a enorme propriedade, gostaríamos de referir um pormenor: A existência de mais de uma capela nesta pequena zona, uma que já mereceu uma publicação nossa que pode ser consultada AQUI e que actualmente se encontra em ruínas. Curiosamente ambas se intitulavam de "capela do Senhor do Carvalhinho". As ruínas da actual capela que se podem observar num ponto alto do monte das Fontainhas, à direita quem desce a calçada da Corticeira a capela do Senhor do Carvalhinho, da quinta da Fraga situava-se na margem do rio Douro. A capela de que ainda hoje existe, a uma cota mais elevada, era sem dúvida mais simples. 
Referindo George Balck, que identificou esta propriedade como sendo a capela da Senhora do Carvalhinho.
Pouco se sabe, infelizmente, sobre a actual capela em ruínas. 
Mas voltando à questão da aparentemente "verdadeira e autêntica" capela do Senhor do Carvalhinho. Desconhece-se a origem ou atribuição do nome "Carvalhinho" mas pensa-se que terá será a forma abreviada de "Senhor Jesus do Carvalhinho", a quem a capela era dedicada.
Em meados da década 20 do século XIX, antes do cerco do Porto, a propriedade
da Quinta do Carvalhinho que como já referimos estava localizada no fundo da encosta das Fontainhas, pertencia a António Joaquim Soares, do qual pouco se sabe. Durante o Cerco do Porto, a capela e as suas habitações seriam usados para quartel da marinha de D. Pedro IV, em função da sua localização, já que os barcos da marinha podiam estar atracados neste ponto da margem do Douro, fora do alcance dos miguelistas.
Em 1840, todo o terreno da Quinta do Carvalhinho é arrendado por Thomas Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino. A 13 de Novembro de 1841, os novos proprietários instalam-se na capela, nas arrecadações atrás da capela montam os fornos e os equipamentos necessários para produção de peças de cerâmica.
Em 1848, um depósito de louças situado na rua da Esperança associa-se à Fábrica do Carvalhinho, que em 1853 tem capital suficiente para finalmente comprar o terreno da Quinta do Carvalhinho e reconstruir a Capela do Senhor do Carvalhinho. De facto, existia uma inscrição na capela que dizia: “Reedificada em 1853 por seus proprietários Thomaz Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino.”
A Fábrica de Cerâmica do Carvalhinho foi fundada em 13 de Novembro de 1841 por Tomás Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino, tendo adoptado como nome de firma "Thomaz Nunes da Cunha & Cª". Instalou-se justamente na Capela do Senhor do Carvalhinho (que deu o nome à empresa), enquanto o forno e as oficinas funcionavam em alguns barracões anexos à fábrica.
Porto - Guindais e CorticeiraCliché Fotográfico, Dimensão 11x8cm. Arquivo Théodore L'Huillier, 1905-1907
Apenas na década de 20 do séc. XX a fábrica de mudaria para Vila Nova de Gaia.
A capela do Senhor do Carvalhinho foi demolida em 1943 em consequência da abertura da Av. Gustavo Eiffel (marginal).
Capela do Senhor do Carvalhinho, sendo demolida em 1943 in AHMP
Bibliografia:
-AHMP - Arquivo Histórico, Casa do Infante
-Pereira, Hugo. 2007. Fábrica Cerâmica do Carvalhinho - História e Acção Social, Desportiva e Cultural. 1º 
Encontro de História e Investigação. Porto: Departamento de História e Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade 
de Letras da Universidade do Porto. P. 4.
-Biblioteca Municipal do Porto

Colégio Mouzinho de Albuquerque / Colégio Portuense. (Porto)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O antigo Colégio Mouzinho de Albuquerque funcionou num edifício antigo, estilo palacete, que mais tarde albergaria outro Colégio, o Colégio Portuense.
Localizava-se este edifício, no número 1.500 da Rua de Santa Catarina, quase em frente à “Casa de Saúde de Santa Catarina”.
Colégio Mouzinho de Albuquerque, que também se chamou Colégio Portuense e que existiu na Rua de Santa Catarina n. 1500. Destaque para um cartaz colado no muro do colégio, alusivo ao São João do Porto, de 1939
Jardim do Colégio Mouzinho de Albuquerque, que existiu na Rua de Santa Catarina n. 1500
Festa de final de ano do Colégio Portuense
Cliché remetido por leitor
O Colégio Portuense, foi comprado em 1958 pelo padre António Maria Pereira Barros, que foi durante anos o seu Director. Encerraria portas por altura do 25 de Abril de 1974 e lamentavelmente o palacete seria demolido pouco tempo depois dessa data, pelo que conseguimos saber, a demolição ocorreria em 1975.

Clichés:
-AHMP
- Autor desconhecido

Capela de Santo António da Praça. (Braga)

domingo, 26 de janeiro de 2020

A capela de Santo António da Praça, passou por várias alterações, desse que foi fundada, inicialmente como uma singela ermida, no entanto, esteve mais de quatrocentos anos, localizada na antiga Praça de Touros, mais conhecida actualmente por Praça do Município. 
A capela era então propriedade da confraria de Santo António da Praça, uma confraria que nos dias de hoje ainda continua em funcionamento.

Capela de Santo António, ainda rebocada e caiada de branco, antes da demolição para permitir a abertura da Rua Eça de Queiroz
O desenvolvimento urbanístico de Braga, ao longo da primeira metade do séc. XX, conjuntamente com o aumento da população, conduziu a que a Autarquia de Braga projectasse uma nova artéria de ligação entre a Praça do Município e a rua Francisco Sanches. 
Essa nova ligação, condenava a capela à demolição.

Antiga Capela de Santo António da Praça de Touros, c.1949, na Praça Municipal de Braga. Situava-se ao lado da Biblioteca Pública, sendo demolida nesse mesmo ano
Em 1949 e só após um acordo entre a Câmara Municipal e a confraria, a capela de Santo António, seria demolida.

Abertura da Rua Eça de Queiroz, em 1949, vendo-se ainda a fachada lateral da Capela de Santo António na esquerda da imagem. Cliché in SIPA  
Rua Eça de Queiroz, já após a demolição da Capela de Santo António

Fontes parciais:
-C.M.B.
-Biblioteca Municipal
-SIPA

Palacete Morais Alão Amorim. (Porto)

sábado, 11 de janeiro de 2020

Já aqui abordamos ao longo dos anos e em diversas publicações, o Palacete que existiu na antiga Praça de D. Pedro, onde por muitos anos, mais exactamente desde 1819, funcionaram os Paços do Concelho do Porto e que foi propriedade de Monteiro Moreira.
Falemos agora um pouco de um edifício adjacente, talvez algo menos imponente, mas não menos importante.
Adjacente aos Paços do Concelho, erguia-se um outro edifício majestoso, o Palacete de Morais Alão Amorim. O conjunto destes dois edifícios, definiam a Praça de D. Pedro a Norte.
Praça de D. Pedro IV, antes das demolições de 1916. Vemos o Palacete de Monteiro Moreira, que serviu de Paços do Concelho, na direita da imagem e na esquerda o Palacete de Morais Alão Amorim. Cliché in AHMP
Palacete Morais Alão, "atrás" do poste de iluminação pública, na esquerda da imagem. Cliché in AHMP

O bonito Palacete de Morais Alão Amorim, que serviria também como edifício de apoio aos Paços do Concelho, era tal como este último, datado da primeira metade do séc. XVIII e ostentava Pedra de Armas, ou Brasão.
Brasão in AHMP
O Palacete de Morais Alão teria no futuro exactamente o mesmo destino do edifício ocupado pelos Paços do Concelho (Palacete de Monteiro Moreira)
Ambos "sobreviveram" até 1916, quando foram demolidos para permitir a abertura da Avenida dos Aliados, como já referimos em publicações anteriores.