Capela do Sr. do Carvalhinho. (Cidade do Porto)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

No número 24 de 9 de Junho de 1821 do jornal "A Borboleta dos Campos Constitucionais", um dos muitos periódicos que apareceram a seguir à Revolução Liberal de 1820 pode-se ler "... alugão-se para o S. Miguel do corrente ano as Casas com sua Capella e Quinta do Carvalhinho para baixo do Passeio das Fontaínhas, junto ao Rio Douro desta Cidade do Porto, as quaes contém accomodações para uma família numerosa..."
A Capela, supostamente dedicada ao Senhor do Carvalhinho, actualmente está em ruína absoluta e pertenceria a uma propriedade denominada Quinta da Fraga.
Ruínas da Capela do Senhor do Carvalhinho, estranhamente pintadas de azul e vermelho
Segundo Germano Silva, a nosso ver um dos maiores eruditos sobre a História da cidade do Porto, a cerimónia para o lançamento da primeira pedra, sobre a qual se havia de construir a capela do Senhor Jesus do Carvalhinho, ocorreu no dia 26 de Junho de 1737.
O templo foi levantado em terreno que pertencia à Quinta da Fraga, "junto à Calçada da Corticeira, por baixo do passeio das Fontainhas, junto ao rio Douro".
A quinta, ao tempo em que a capela começou a ser construída, pertencia aos padres da Companhia de Jesus (Jesuítas) , que tinham a sua sede na igreja de S. Lourenço, junto à Sé, e que a haviam comprado para nela instalar um hospício para os sacerdotes doentes e uma casa para seu recreio. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, a Quinta da Fraga, com suas casas e capela, passou para a posse do Estado, que vendeu tudo em hasta pública. As casas viriam a ser alugadas, em 1840, para nelas se instalar uma fábrica de louça. Foi aí que nasceu a célebre Fábrica Cerâmica do Carvalhinho, que em 1923 se mudou para o sítio do Arco do Prado, em Vila Nova de Gaia
Nos terrenos que rodeavam a capela foram inauguradas em 1840 as primeiras instalações de uma Fábrica de Cerâmica que tomou o nome do Carvalhinho e depois se viria a mudar para V. N. de Gaia.
A nossa duvida é: A capela referida será mesmo esta, ou outra capela supostamente designada pelo mesmo Santo, que existiu uns metros mais abaixo da Corticeira e teria sido derrubada em 1943, para a abertura da marginal, como se pode ler nesta publicação?
As ruínas da capela do Sr. do Carvalhinho (fotografia de cima) e a mesma, mas 100 anos no passado (fotografia de baixo) ainda em perfeito estado de conservação.
Capela do Senhor do Carvalhinho (canto direito) durante a edificação da Ponte Luís I

Imagens:
- Alexandre Silva
- Autor desconhecido
- BPI - Editor Alberto Ferreira
- AMP

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