sábado, 31 de março de 2018

Tabacaria Africana. (Porto)

A Tabacaria Africana ocupou o espaço que hoje corresponde a um pronto a vestir. Localizada na esquina da Rua de Santo António / 31 de Janeiro e Praça da Batalha, foi um conhecido estabelecimento comercial que pertenceu a António de Almeida Campos até 1902 e foi posteriormente trespassado a Alberto Vieira da Cruz. 
Em tempos, além de tabaco e todos os itens que eram comuns estarem à venda numa tabacaria, a Tabacaria Africana também editava postais ilustrados, com clichés dos mais ilustres fotógrafos portuenses.
Chegou a possuir uma belíssima frontaria metálica, que formava um bucólico conjunto com a antiga Ourivesaria Reis Filhos, (mesmo em frente) e cuja fachada ainda se mantém e o cunhal da Livraria Latina, na esquina do lado da igreja de Santo Ildefonso. 
O edifício seria alvo de uma colossal obra de ampliação por volta de 1952, que removeu do mesmo a imponente frontaria.
Tabacaria Africana (antes de 1910) ao cimo da Rua de Santo António
 Tabacaria Africana depois de 1910
Cliché da Casa Alvão
Tabacaria Africana BPI - A magnífica frontaria metálica
Tabacaria Africana - A frontaria "recente" - Cliché de autor desconhecido

Nota: Artigo actualizado 

quarta-feira, 14 de março de 2018

A Casa Grande de Romarigães. (Romarigães, Paredes de Coura)

Quando falamos sobre "A Casa Grande de Romarigães" é impossível não nos saltar à ideia o escritor Aquilino Ribeiro (1885-1965) e a obra que o mesmo escreveu, com esse título.
Aquilino Ribeiro, esse escritor beirão, está de facto intimamente ligado à vida cultural da freguesia de Romarigães, concelho de Paredes de Coura, graças ao seu romance datado de 1957. 
Na verdade, a casa retratada no livro foi morada do ex-Presidente Bernardino Machado e do próprio Aquilino, que se casou com uma filha daquele presidente.
A "Casa Grande de Romarigães" não é um mito nem foi pura ficção do escritor. 
A casa ainda existe actualmente, em Romarigães, no sudoeste de Paredes de Coura, embora ao longo das décadas tenha sido muito alvo de descuido.
A Casa Grande de Romarigães in Arquivo Histórico
Aquilino Ribeiro Machado e Aquilino Ribeiro - Casa Grande de Romarigães in CCB
A Casa Grande de Romarigães - Livro - Circulo de Leitores
A construção desta casa deverá ter-se iniciado na segunda década do século XVII, época em que se instituiu o vínculo de Nossa Senhora do Amparo. Depois de algumas vicissitudes, a quinta foi adquirida em processo judicial pelo Par do Reino, Conselheiro Miguel de Antas, à família Meneses de Montenegro. A propriedade só viria a conhecer uma intervenção de restauro no século XX, quando, depois de ter passado pela posse do genro de Bernardino Machado (Presidente da primeira Republica), foi herdada pela mulher de Aquilino Ribeiro (CUNHA, 1909). É o próprio Aquilino que nos relata, no prefácio que escreve ao seu romance, como a casa estava em mau estado e como, no decorrer das obras, encontrou uma série de documentação que o levariam a escrever a "Casa Grande de Romarigães: "Quando se procedeu ao restauro da Casa Grande, que foi solar dos Meneses e Montenegros, houve que demolir paredes de côvado e meio de bitola em que há um século lavrava a ruína, ocasionando-lhes fendas por onde entravam os andorinhões de asas abertas e desníveis com tal bojo que a derrocada parecia por horas. Num armário, não maior que o nicho dum santo, embutido na ombreira da janela, que a portada, em geral aberta, dissimulava atrás de si, encontrou-se uma volumosa rima de papéis velhos"
O conjunto formado pela casa, anexos de função rural e capela do Amparo. Casa nobre, oitocentista, antecedida por um grande portal armoreado. A capela do Amparo apresenta a fachada decorada com nichos, imagens, carrancas, volutas, frontões e um óculo, tudo lavrado em pedra da região. A fachada é rematada por um campanário.
"A Casa Grande de Romarigães", está classificada como Imóvel de Interesse Público, desde o ano de 1986.
A Casa Grande de Romarigães - Fachada voltada à rua. Cliché in patrimoniocultural.gov.pt

Bibliografia:
"Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado" - IPPAR, 1993
patrimoniocultural.gov.pt

sexta-feira, 9 de março de 2018

Igreja da Exaltação de Santa Cruz, matriz da Batalha.

Igreja Matriz da Batalha, antes das obras de restauro de 1938 in AHMP
Igreja Matriz da Batalha, antes das obras de restauro de 1938 - BPI
 Igreja Matriz da Batalha antes de 1938
A Igreja da Exaltação de Santa Cruz, matriz da Batalha, foi mandada erguer pelo próprio Rei D. Manuel I em 1514, com o intuito de servir como matriz à paróquia batalhense criada pelo Prior Mor de Santa Cruz de Coimbra em 14 de Setembro de 1512.
Presume-se que o seu arquitecto original teria sido Mateus Fernandes, mestre das obras do Mosteiro e que é também o único mestre, por nós conhecido, que foi sepultado no Mosteiro, numa campa rasa à entrada da Igreja conventual.
Matriz da Batalha in www.jf-batalha.pt
O autor do pórtico manuelino do templo é o Mestre Boitaca (Boytac), genro e continuador de Mateus Fernandes, que assinalou as duas ombreiras do pórtico com a sua sigla pessoal, um "b" gótico. 
Esta obra só terminaria em 1532. Serviu de matriz ou paroquial da Batalha até 1834, ano em que a matriz passa para o Mosteiro, conforme pedido do povo à Rainha D. Maria II, por o templo já estar muito arruinado
Em 1858, um sismo de grande intensidade derrubou-lhe a cobertura da nave.
Na sua construção original, a igreja tinha uma empena com um campanário de três ventanas  e um torreão. 
Apenas nos anos 30 (1938) do século XX, esse conjunto daria lugar à actual torre sineira, devido ao seu lamentável estado de ruína. O grande responsável por esta obra, foi o pároco batalhense Dr. Joaquim Coelho Pereira. 
Igreja da Exaltação de Santa Cruz. Cliché de Célia Ascenso in Wikimedia

Bibliografia:
- www.mosteirobatalha.gov.pt
- www.patrimoniocultural.gov.pt
- www.jf-batalha.pt

terça-feira, 6 de março de 2018

Antiga Estação Ferroviária de Contumil. (Porto)

Fachada da antiga Estação Ferroviária de Contumil, em Campanhã, anos 80 in AHMP
A Estação Ferroviária de Contumil, originalmente denominada por Estação de "Contomil", é uma interface ferroviária da Linha do Minho, que funciona como ponto de entroncamento com a Linha de Leixões, e que serve a zona de Contumil, no Concelho do Porto, em Portugal. Foi planeada nos finais do Século XIX para servir como ponto de bifurcação entre as duas linhas e como ponto de gestão e manutenção de material circulante, tendo entrado ao serviço na Década de 1910 apenas com funções técnicas, devido ao atraso na construção da linha para Leixões, que só abriu à exploração em 18 de Setembro de 1938.
Estação Ferroviária de Contumil, c.1970
Construção da nova Estação de Contumil, vendo-se o edifício da Estação antiga
Imagens de arquivo, extraídas da LUISFER TV, a quem agradecemos
Tendo este local sofrido enormes obras de ampliação, sabe-se que no Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005, publicado em 13 de Outubro de 2004 pela Rede Ferroviária Nacional, a estação de Contumil contava já com 11 vias de circulação. No Directório da Rede de 2011, de 25 de Março de 2010, ainda existia o mesmo número de vias de circulação, cuja extensão variava entre os 63 e os 481 m; as plataformas tinham 210 e 180 m de comprimento, e uma altura de 90 cm.


Bibliografia:
- SOUSA, José Fernando de (1 de Outubro de 1938). «Linha de Circunvalação do Porto» (PDF)Gazeta dos Caminhos de Ferro50(1219). p. 439-442.
-  «Linhas de Circulação em Estações». Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005. Rede Ferroviária Nacional. 13 de Outubro de 2004. p. 59-64
 - «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89

Quinta de Salgueiros. (Lapa, Porto)

A escassos metros da Igreja da Lapa e quase no coração da cidade do Porto, ainda existe, na data em que escrevemos este artigo, aquela que é conhecida por "Quinta de Salgueiros", delimitada pela antiga rua de Salgueiros, actual rua de Cervantes. Debaixo dos terrenos desta quinta existe uma mina subterrânea, que não é nada mais nada menos, que um dos corredores do antiquíssimo manancial de Arca d`Água.
Quinta de Salgueiros - Terrenos para a construção dos Viveiros da Lapa - 1967 in AHMP
 Os terrenos, vendo-se na imagem um dos acessos à antiquíssima mina de água

Vista aérea da zona residencial e comercial de Cedofeita e Santo Ildefonso, desde a Rua de Cervantes, antiga Rua de Salgueiros que contorna a Quinta (Norte), à Praça da República (Sudeste) in AMP
Casa rural da Quinta de Salgueiros, na rua de Cervantes, que será demolida
Cliché original de Alexandre Silva
Salgueiros - Casa rural - Fachada traseira. Cliché original de Alexandre Silva
Quinta de Salgueiros (centro da imagem) - Lapa. In Google Maps
Quinta de Salgueiros (antes do desmatamento) vista da rua de Cervantes in Google Maps
Quinta de Salgueiros - Bing Maps
No canto inferior direito: A casa rural
Quinta de Salgueiros (antes do desmatamento) in Google Earth
Casa e Quinta de Salgueiros (antes do desmatamento) com vista parcial da rua de Cervantes in Google Earth
Casa e Quinta de Salgueiros (antes do desmatamento) com vista parcial da rua de Cervantes in Google Earth
Este terreno que por muitos anos foi pertence da Companhia Aurificia, esteve arrendado por décadas a um elemento da PSP que mantinha a quinta limpa e cultivada com o profissionalismo de qualquer lavrador de outrora. Criava animais de médio e grande porte, aves (galinhas, patos, etc.). Há cerca de uma década (talvez ainda nem isso), conseguiram afastar do terreno esse homem (na altura já pouco jovem) e o terreno ficou devoluto e coberto por silvas e mato...  Com 22 mil m2, na rua de Cervantes, à Lapa, esse terreno esteve destinado para zona verde, para construção dos viveiros da Lapa e consta-se também que em tempos, foi adquirido, para lá ser construído um bairro operário, o que nunca chegou a acontecer. Não temos a certeza desta última realidade, visto existirem de facto bairros, muito perto (como o bairro da Bouça), todos eles construídos entre as décadas de 60 e 70, o que pode gerar alguma confusão.
Recentemente, a quinta, foi limpa do seu mato (e não só). Lamentavelmente cortaram todas as árvores de grande porte (algumas centenárias) que a propriedade possuía. Aparentemente, também querem expulsar o último casal de moradores da casa rural, pessoas septuagenárias e octogenárias. 
Aditamento: (Soubemos, algum tempo após esta publicação, mais exactamente em 2019, que o casal que ainda habitava a casa, já havia sido desalojado. A habitação já foi alvo de "saque" e vandalismo, ao que restava no seu interior)
Motivos??? 
Aparentemente, os interesses imobiliários!!! Mas, para já,  ainda parece ser tudo um pouco especulativo. Falam em mais um Hotel...  um Hostel... habitação... Alojamento Local e até mesmo num Hipermercado. 
Independentemente disso o resultado será o mesmo: A insubstituível perda de uma mancha verde, um pequeno pulmão, no centro da Invicta. As majestosas árvores já foram abatidas.
Novo aditamento (Maio de 2021): Na Quinta de Salgueiros, estão a edificar (mais) um Hotel, como já se adivinhava...

O Palacete Nº 75 da Praça da República. (Porto)

Aspecto geral da casa brasonada, onde funcionou o Instituto Francês, situada na praça da República, 75 
Construção do século XIX. Cliché de Teófilo Rego
Este formidável edifício, cujas actuais ruínas ainda se erguem no cruzamento da rua de Alvares Cabral, esquina com a Praça da República, teve a sua origem com o fim da formidável Quinta de Santo Ovídio, já por nós aqui abordada em publicação específica, propriedade dos Condes de Resende e pelos mesmos alienada para urbanização em finais de 1800.
Nos últimos anos da sua imponente existência, este edifício albergou o Instituto Francês.
Um incêndio de grandes proporções destruiu em Abril de 2008 as antigas instalações do Instituto Francês do Porto, na Praça da República. O edifício de quatro andares, desocupado desde 2004, estava a ser remodelado para albergar uma clínica privada.
Aquela que é tida como uma das casas mais emblemáticas da Praça da República acolheu durante 30 anos o Instituto Francês. 
Para Bernard Despomadères, responsável cultural de Consulado Francês no Porto, a destruição da casa representa "a segunda morte do instituto, talvez a definitiva". A casa, com os interiores todos em madeira de riga, "era um testemunho do que melhor se fazia no Porto a nível arquitectónico no início do século XX".