sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Quinta dos Condes de Paço Vitorino, ou Quinta de Baixo. (Vilar de Andorinho)

Quinta dos Condes Paço Vitorino


"É uma quinta aparentemente abandonada, com campos agrícolas. Parte foi destruída pela EN222. Possui um claustro e capela com algum valor arquitectónico, em estado de ruína."
Vista aérea. Imagem da Google Maps
A Quinta dos Condes Paço Vitorino, é na realidade uma quinta datada de meados do século XVIII, composta de Casa de Quinta e Capela, edifício barroco, em forma de U, sendo o acesso ao edifício nobre feito por escada interior, esta quinta fica situada no gaveto das ruas de Mariz com a de S. João Baptista.
A Quinta de Baixo, também conhecida como Quinta dos Condes de Paço Vitorino, está situada na freguesia de Vilar de Andorinho e existe, pelo menos, desde 1756, com uma configuração muito semelhante à que hoje conhecemos, e onde se articulava já a casa de habitação, a capela anexa e as restantes dependências. Nesta época era propriedade de José Pinto Monteiro, tendo integrado os bens da família Calheiros Lobo, Condes de Vitorino das Donas, cerca de um século depois. A sua designação justifica-se como distinção da Quinta de Soeime, que era a Quinta de Cima.
Como já referimos em cima, de planta em forma de U, um dos modelos mais comuns da arquitectura civil setecentista, a casa da Quinta de Baixo revela uma arquitectura bastante depurada que, apesar da simetria, do ritmo e da dupla escadaria central que domina o alçado principal, tende a afastar-se dos exemplos de tantas outras quintas do norte do país, onde predomina a influência do arquitecto Nicolau Nasoni, em composições de maior exuberância decorativa e cenográfica.
Neste imóvel, a solução empregue é sóbria e linear, sem deixar de procurar desenvolver em profundidade as fachadas que definem o pátio interno, alcançando, assim, uma eficaz sugestão de animação dos panos murários, articulados em profundidade.
Nesta medida, o piso superior é percorrido, em toda a sua extensão, por uma varanda alpendrada, que forma uma arcaria recta, suportada por colunas assentes sobre o peitoril. Correspondem-lhe, no piso inferior, três arcos a pleno centro, abertos nos corpos laterais, uma vez que, no central, se encontra a dupla escadaria de acesso ao andar nobre.
Assim, concebeu-se uma estrutura que parece constituir um corpo diferenciado, adossado ao edifício habitacional desenvolvido atrás. Em todo o caso, com a sua regularidade e sobriedade, a varanda cria um interessante jogo de cheios e vazios, de grande dinamismo, que convergem na escadaria central, esta num plano mais avançado e paralelo à casa.
A entrada nobre. clique na imagem para a ampliar
A capela
No corpo Norte, a capela integra o traçado do edifício, num plano mais recuado, de forma que o alçado lateral é, igualmente, percorrido pela varanda. A fachada principal encontra-se num dos topos do U, mas o acesso é feito por uma zona exterior, e não directamente através do pátio interno, devido à existência de um muro de separação. Neste último, inscreve-se uma fonte de espaldar com nicho.
A fachada da capela é rematada por um frontão trapezoidal, onde se enquadra a torre sineira, cujo volume é equilibrado pelos pináculos laterais.
O portal da quinta é encimado por uma pedra de armas que, apesar de estar muito gasta, parece representar as armas dos Paivas, Azevedos e Monteiros.
As ruínas actuais (que deveriam ser, no meu entender, reconstruidas) servem de palco para a Feira Medieval de Vilar de Andorinho, que se realiza anualmente.

Imagens:
- Google Maps
- Autor desconhecido
- Alexandre Silva
Fonte parcial:
IPPAR, Instituto Português do Património Arquitectónico

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