quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Café Camanho. (Cidade do Porto)

Café Camanho. Praça de D. Pedro. BPI - Arnaldo Soares
Abrindo as suas portas por volta de 1870, através do espanhol Manuel José Camanho, o Café Camanho funcionaria neste edifício, na Praça de D. Pedro, até 1917.
Este antigo café, que também servia de restaurante, ficava no lado nascente da Praça nos baixos do edifício que havia albergado o desaparecido Banco Nacional Ultramarino.
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Nestas imagens: A Igreja dos Congregados, vendo-se o "Camanho" na esquerda das fotografias. Em segundo plano vislumbra-se parte da extinta praça de D. Pedro IV e o demolido edifício dos Paços do Concelho.

Igreja dos Congregados e os respectivos edifícios adjacentes à mesma, em ambos os lados, que antecederam os que conhecemos hoje. Um deles foi ocupado pelo café e restaurante "Camanho" 
Era o mais afamado café do Porto dos meados do século XIX. Frequentavam-no, sobretudo, escritores, artistas, jornalistas, gente do Teatro. Por descrições feitas por quem conheceu bem este café, a sua sala não era muito ampla mas era arejada e bastante iluminada - uma característica pouco comum aos cafés daquele tempo que, por regra, ocupavam salas pequenas e pouco ventiladas. O estabelecimento começou por servir quase que exclusivamente bebidas. Mas não tardou que começasse a ter um esmerado serviço de restaurante sendo especialmente apreciados os pratos de peixe, os bifes e as costeletas. 
Café Camanho
Café Camanho. Aspecto interior

Manuel José Camanho, o fundador e proprietário do estabelecimento, como já referimos anteriormente, era oriundo de Espanha. "Um simpático velhote de suíças brancas, corado, de aspecto respeitável, dotado de bom coração e de uma honestidade a toda a prova" lê-se numa noticia daquele tempo. Guerra Junqueiro, Sampaio Bruno, Camilo, Oliveira ramos, Basílio Teles, Ricardo Malheiros, João Chagas e Joaquim de Araújo eram alguns dos mais assíduos frequentadores do Camanho.
Cartaz alusivo ao "Camanho" na Rua de Sá da Bandeira, 31-39
 As instalações na Praça de D. Pedro, encerraram em 1917
Populares na Praça de D. Pedro c.1900
O "Camanho" e a igreja dos Congregados, em segundo plano da imagem
Pelos finais do século XVIII, a fisionomia urbanística da actual Praça da Liberdade era muito diferente da que hoje apresenta.
Dava-se então ao amplo logradouro o nome de Praça Nova das Hortas.
Nova porque era, efectivamente, uma urbanização recente, criada onde antes medravam hortas e meloais.
O espaço onde se criou a nova praça ficava da parte de fora da muralha fernandina que, desde a Porta de Cima de Vila, na Batalha, corria ao longo da antiga Calçada da Teresa, actual Rua da Madeira; passava à ilharga do desaparecido Convento de S. Bento da Ave Maria, onde agora está a estação do caminho de ferro, e subia por um rudimentar caminho a que mais tarde se daria o nome de Calçada da Natividade, que é a Rua dos Clérigos dos nossos dias.
Um pouco mais acima, para Oriente, ficava o medieval Campo das Malvas onde a ténue chama de uma lamparina tremeluzia junto ao cruzeiro que assinalava a existência naquele preciso local do cerro dos enforcados - onde eram sepultados os corpos de quantos morriam na forca.
A criação das ruas dos Clérigos e de Trinta e Um de Janeiro, coroadas, respectivamente, pelas igrejas da Irmandade dos Clérigos Pobres e pela paroquial de Santo Ildefonso, ao juntarem-se, à entrada da Praça Nova das Hortas trouxeram a este novo espaço uma nova dinâmica de desenvolvimento que viria a alastrar pelas declives vizinhos, transformando espaços de carácter tipicamente aldeão, onde não faltavam sequer os moinhos de vento, em zonas urbanizadas.


Imagens:
- Edições Arnaldo Soares
- AHMP
Fonte Parcial 
- JN

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