sábado, 29 de outubro de 2011

Carreiros do Monte. (Ilha da Madeira)

Clique nas imagens para as ampliar
Os Carreiros do Monte são os homens que conduzem o meio de transporte mais pitoresco da Ilha da Madeira: os “carros de cesto”, ou “tobogãs”, como também são conhecidos.
Estes interessantes meio de transporte surgiram em 1850, dada a falta de acesso para e do Monte, que na altura já era um dos locais de eleição da Ilha, escolhido pela nobreza e homens de negócio, e também pela rica comunidade britânica. Sobranceiro ao centro do Funchal, por acessos bem inclinados, para o Monte seguia-se a pé ou de bicicleta, até à chegada do desejado caminho de ferro e elevador.
Hoje em dia, os Carreiros estão organizados, e efectuam o muito famoso percurso já turístico dos carros cesto, que começa no Monte e acaba no Funchal.
Carreiros do Monte junto à antiga linha do comboio


Imagens:
- BPI (digitalização)

Caminho de Ferro do Monte. (Ilha da Madeira)

Clique nas imagens para as ampliar
Os estudos para o Caminho de Ferro do Monte foram feitos em 1886, pelo engenheiro Raul Mesnier Ponsard. A ideia para a construção de um elevador ou caminho de ferro partiu de António Joaquim Marques, que obteve o consentimento da Câmara Municipal do Funchal em 17 de Fevereiro de 1887.
Vencidas algumas dificuldades em reunir o capital para a formação da Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte, as obras iniciaram-se a 13 de Agosto de 1891 e o primeiro troço, entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia, foi inaugurado a 16 de Julho de 1893.
No dia 5 de Agosto de 1894 o comboio chega ao lugar de Atalhinho na freguesia do Monte, situado a 577 metros de altitude.
A 12 de Julho de 1910, a Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte, em assembleia geral, decidiu prolongar o comboio até ao Terreiro da Luta. A pretensão foi aprovada pela Câmara Municipal do Funchal em 4 de Agosto desse ano.
A 24 de Julho de 1912 o comboio chega finalmente ao Terreiro da Luta, a 850 metros de altitude, ficando, no total, com uma extensão de 3.911 metros e as seguintes paragens: Pombal, Levada de Santa Luzia, Livramento, Quinta Sant’Ana (Sant’Ana), Flamengo, Confeitaria, Atalhinho (Monte), Largo da Fonte, e Terreiro da Luta.
Caminho de Ferro do Monte
Na Rua do Pombal situava-se a estação principal e os escritórios da companhia. Na estação do Tereiro da Luta existia um restaurante panorâmico que era explorado pela própria Companhia do Caminho-de-Ferro do Monte.
O Funchal, visto do caminho do comboio. Vemos a via férrea de cremalheira.
A 10 de Setembro de 1919 deu-se uma explosão na caldeira de uma locomotiva, quando o comboio subia em direcção ao Monte. Deste acidente resultaram 4 mortos e vários feridos. Devido a este desastre, as viagens foram suspensas até 1 de Fevereiro de 1920. A 11 de Janeiro de 1932, aconteceu novo desastre, desta vez por descarrilamento. A partir de então, turistas e habitantes viraram as costas ao caminho de ferro, considerando-o demasiado perigoso. Aliando este facto à II Guerra Mundial, que se iniciou entretanto, verificou-se uma falta de turistas na Madeira e a companhia do caminho de ferro entrou em crise; a última viagem do comboio realizou-se em Abril de 1943 e a linha foi logo desmantelada. Parte do material resultante do desmantelamento, nomeadamente os carris, foi para a sucata e parte foi utilizado na reparação do Elevador do Bom Jesus, em Braga.
O comboio no ano de 1906


Fontes:
- Imagens Antigas do Funchal
- Câmara Municipal do Funchal

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vila Nova de Famalicão - Aspecto na viragem do séc. XIX-XX.

Sem comentários adicionais pois as imagens falam por si... clique com o botão esquerdo do rato sobre as fotografias, para as ampliar e observar pormenores desta antiga e belissima localidade do Norte de Portugal.








Ponte de Ferro. (Figueira da Foz)

Clique na imagem para a ampliar

Uma vista do Rio Mondego, na Figueira a Foz, vendo-se ainda a antiga ponte de ferro ao lado da ponte engenheiro Edgar Cardoso

A antiga Ponte de Ferro, situava-se na Figueira da Foz, no litoral centro de Portugal. Foi substituida em 1982 pela actual Ponte engenheiro Edgar Cardoso, conhecida como Ponte sobre o Mondego e antigamente também como Ponte da Figueira da Foz.
Esta última está integrada na EN109/IC1.
A Ponte engenheiro Edgar Cardoso (inaugurada em 1982)  beneficiou de uma reabilitação profunda durante dois anos, a qual foi dada por concluída a 28 de Julho de 2005, ocasião em que a estrutura recebeu o nome do engenheiro que a projectou.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A corveta Afonso de Albuquerque. (1884-1909)


Clique na imagem para a ampliar

A corveta «Afonso de Albuquerque», foi construída em Londres, em 1884 e constituiu o primeiro navio português a dispor de instalação eléctrica para iluminação a bordo. Era uma Corveta mista de propulsão vélica e vapor. Tendo servido no Ultramar, foi em Moçambique que se encontrava quando se deu o Ultimato Britânico a Portugal, em 1890. Após sujeita a grandes fabricos, partiu para o Brasil em 1893 para, tal como a «Mindelo», dar protecção aos súbditos portugueses durante o período de agitação política que ali ocorreu. De regresso à Inglaterra, onde efectuou grandes fabricos, a «Afonso de Albuquerque» voltou para Moçambique, onde permaneceu até 1901. Só em 1909 foi desarmada e abatida ao efectivo sendo vendida em 1911.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Azenha Baltazar. (Leça da Palmeira)

A antiga Azenha Baltazar. Situava-se no rio Leça próximo a demolida Ponte de Pedra que, aliás, pode ser também vista na imagem em segundo plano.
Em baixo temos a extinta Ponte de Pedra sobre o rio Leça, numa vista de jusante.

Pontes sobre o Rio Leça. (Matosinhos - Leça da Palmeira)

Já falamos em "posts" anteriores, de forma individual, das várias Pontes que existiram entre Matosinhos e Leça da Palmeira, tentamos sempre acompanhar esses textos de imagens da época com a melhor resolução possível. Achamos no entanto que esses itens destruídos, que são verdadeiro património para sempre perdido, merecem um texto mais completo, que os abordem no seu conjunto. É isso que vamos tentar aqui fazer.
Em Leça da Palmeira, antigamente, no norte e para nascente, existiam imensas bouças onde prosperavam
inúmeros pinheiros-bravos, entremeados, aqui e além, de pinheiros mansos.
De exemplares adultos de pinheiro bravo, foram construídas, - em distintas épocas e para diferentes fins, umas pontes, a ligar Leça da Palmeira a Matosinhos.
A primeira, em 1886 (?), a mando da "Companhia dos Carris de Ferro do Porto", - desde frente à R. Roberto Ivens (Juncai de Baixo), Matosinhos, até ao Largo do Amado, - a fim de dar passagem aos utentes, - e não somente, - dos seus transportes colectivos que, então, na dita rua, terminavam.
A 5 de Julho de 1899, declarou-se nela um grande incêndio; salvaram-na os Voluntários de Matosinhos-Leça e os do Porto. Foi abatido, o que dela restava, em 1922.
Aparece um belo panegírico a esta veneranda ponte, em "O Badalo" de 11 de Março de 1917, subscrito por Agenor de Castro, que merece ser reproduzido aqui. Tem por título "A Ponte de Pau", nome por que sempre, - e só essa, - foi conhecida.
Passamos a citar: “Tem escutado os mais ternos namorados, e os mais ciumentos esposos; tem presenciado actos de abnegação heróica, e cenas imoralíssimas de concubinagem; tem sentido o peso de delicados sapatinhos Luís XV, e de chancas crivadas de enormes tachões de cabeça de cravo; tem sentido arrastar as mais custosas sedas, num murmuroso frufru, e as mais miseráveis e fétidas roupagens dos párias que por ela passam, dos desgraçados que, debaixo dela, pernoitam; tem abafado, na sua nudez mortal, vagidos de inocentes crianças, e roncos alcoolizados de seres que mercadejam tudo, desde o anel, à própria honra; desde o fato que vestem, ao corpo imundo e abjecto que possuem (...)”.
Ponte de Pau sobre o rio Leça
A segunda ponte partia do mesmo Largo do Amado mas, ia mais para montante, terminando junto a ponte metálica, do eléctrico. Desta ultima, pouco se escreveu, no entanto sabe-se que servia também para peões.
 Ponte metálica, ou do eléctrico
Ponte metálica, ou do eléctrico
Ponte metálica, ou do eléctrico
Uma terceira, foi montada aproximadamente onde está a entrada da doca n.° 1. No entanto, ambas foram aparelhadas para a construção do porto de Leixões. Logo que se tornaram desnecessárias, as desarmaram.
Ainda existiu, e era também de pinho, uma outra ponte, - melhor se lhe chamará viaduto-escada, - na Avenida da Liberdade, em frente à R. Heróis de África, para dar passagem segura aos banhistas até à praia, enquanto por aqui e debaixo dela, transitavam as bagonetas com terra e pedra saídas do ventre da doca, para aterro da referida via de acesso. Durou de 1933 a 1937.
Da mesma tão preciosa árvore se fizeram grande parte dos enormes simples ou cimbres, indispensáveis à construção do Porto de Leixões. A ponte de ferro, esteve também intimamente ligada a esta grande construção, e por ela atravessou a pedra necessária à construção do molhe Norte. Viria mais tarde a servir para os comboios da linha da Boavista-Leça e da Póvoa de Varzim.
 Ponte do comboio
Por último, a Ponte de Pedra (românica), também chamada Ponte dos 19 Arcos, mandada fazer por D. Afonso V. Era efectivamente constituída por 19 arcos e duas meias laranjas, embora com as obras da urbanização da alameda de Leça, foi-lhe "amputado" um dos seus arcos. Serviu durante muitos anos de passagem para quem ia para Matosinhos, para as conserveiras, vindo de Leça ou Santa Cruz do Bispo, nomeadamente. À semelhança das restantes pontes nada ficou para assinalar a sua existência.
Ponte dos 19 Arcos, Ponte de Pedra, ou simplesmente Ponte sobre o Leça
Ponte dos 19 Arcos ou Ponte de Pedra
Ponte de pedra sobre o Rio Leça, c.1910
BPI - Editor: Grandes Armazéns Hermínios
Ponte dos 19 Arcos, Ponte de Pedra, ou simplesmente Ponte sobre o Leça, numa vista lateral (em cima) e vendo-se a entrada do tabuleiro (em baixo) durante uma altura de forte intempérie
Viatura atravessando a demolida ponte dos 19 Arcos, durante uma cheia do Leça
Esta parece pois, ser a sina das pontes em Leça, tendo em conta que ainda recentemente se chegou a falar também, na demolição da actual ponte móvel...

Adaptado de:
 - “Lustrando Antiguidades” 
 - “Livros Carunchentos”

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Casa e Capela da Quinta do Bom Sucesso. (Porto)

Capela do Bom Sucesso por Frederick William Flower 1849 - 1850

O conjunto da Casa e Capela da Quinta do Bom Sucesso é um dos poucos exemplares de casas agrícolas do século XVIII ainda existentes no Porto, em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público pelo IGESPAR, localizando-se na proximidade da Rotunda da Boavista, na cidade do Porto.

A Quinta de Bom Sucesso era uma antiga propriedade rural dos arredores do Porto. No século XVIII e XIX, a cidade invicta era ainda uma cidade relativamente pequena (em comparação ao seu tamanho actual), e estava rodeada por propriedades rurais, pertencentes às grandes famílias do Porto. Sim, porque a maioria dos seus donos vivia em permanência em grandes mansões e palacetes na cidade. Eram fidalgos, burgueses e mercadores abastados que compravam essas quintas para veraneio e recreio. Por outro lado, era de muitas destas quintas que vinham os mantimentos da cidade, as frutas e hortaliças vendidas nos mercados da cidade.

Esta quinta foi construída no fim do século XVIII por António de Almeida Saraiva. Este era um dos muitos comerciantes e burgueses abastados da cidade, que utilizava a propriedade campestre para lazer. Construiu uma boa casa, de desenho e linhas simples e levemente rurais, e ao lado, formando um L com a habitação, uma capela barroca, de desenho mais elaborado, que dedicou a Nossa Senhora do Bom Sucesso. E baptizou a quinta como Quinta do Bom Sucesso.
A capela ganhou fiéis, e segundo as "Memórias Paroquiais", escritas em 1758, a capela já tinha alguns devotos que vinham desde a cidade do Porto até à capela para orar e dirigir preces à imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso. A propriedade passou por casamento para a posse do desembargador António de Sá Lopes.
Mas o avançar da cidade não poupou a propriedade. Os tempos ditaram a sua venda e urbanização. Hoje, as terras ocupadas pela quinta, outrora cultivadas, estão sob o alcatrão e o cimento das ruas e edifícios do Porto urbano do nosso tempo, e da antiga propriedade restou a casa da quinta, e a capela pegada. Estas foram por sua vez incorporadas no arranha-céus de vidro do Shopping Cidade do Porto. Estão restauradas, mantiveram a sua traça original no exterior. A casa é hoje um restaurante-bar; a Capela foi reaberta ao culto, ao cuidado dos Missionários da Fraternidade Missionária Verbum Dei.
Aspecto geral da Casa e da Capela da Quinta do Bom Sucesso em 1961, numa fotografia de Teófilo Rego. Uma construção do século XVIII, presente em pleno século XXI...
Fontes:
- Casa e Capela do Bom Sucesso (Pesquisa de Património / IGESPAR).
- Casa e Capela do Bom Sucesso (SIPA / IHRU)