Iniciada a reforma da Ordem dos Agostinhos por ordem de D. João III, sob a direcção de Frei Brás de Barros, os monges de São Salvador de Grijó foram transferidos para a Serra do Pilar. Foi então iniciada em 1537 a construção de um novo mosteiro na serra de Gaia, segundo projecto da autoria de Diogo de Castilho e João de Ruão. Em 1542 trabalhava-se na edificação dos alicerces da igreja e do claustro, bem como das salas do capítulo e do refeitório. A primeira fase da obra estaria terminada em 1567 e em 1576 iniciava-se a construção do claustro circular, terminado nos primeiros anos da década de 80.
Em 1598 o prior D. Acúrsio de Santo Agostinho considerou a igreja do mosteiro "pequena e acanhada", pelo que decidiu refazer a estrutura do templo, consagrando-a a Santo Agostinho. A planta, de secção circular, adequava-se à estrutura do claustro, formando então os dois espaços um "infinito perfeito", destruído pela construção do retro-coro em 169. No entanto a estrutura circular da nova igreja, na "forma da (igreja) de Santa Maria Redonda de Roma", segundo os cronistas da ordem, foi com certeza inspirada no primeiro projecto da década de 30 (GOMES, Paulo Varela,2001,p.82), uma vez que a planimetria empregue era não só desajustada ao gosto arquitectónico da época como "desadequada" às normas tridentinas então vigentes.
As obras do templo iriam arrastar-se por várias décadas, uma vez que foram interrompidas nos primeiros anos do século XVII, sendo terminada a edificação entre 1669 e 1672, data em que era finalmente inaugurada.
Mosteiro da Serra do Pilar. Calótipo de Frederick William Flower, 1849-1859
O mosteiro localiza-se nos lugares antigamente designados por "Monte de Quebrantões" ou da "Meijoeira", um alto rochoso e de difícil acesso a água potável. A solução para tal problema, encontrava-se junto da igreja de Mafamude, no manancial do Agueiro.
A água que seguia, pelo aqueduto, até ao do Mosteiro da Serra do Pilar foi contratada com Diogo Leite, Senhor de Campo Belo, que a cedeu dos seus terrenos de Casais e Trancoso, da freguesia de Mafamude, em 23-5-1538.
O aqueduto tinha o seu manancial no lugar do Agueiro. Existem ainda na Quinta do Marques do Agueiro três respiros em terreno agrícola e um, bastante maior, no jardim da Praceta Adelino Amaro da Costa. A mina depois de receber água destes pontos atravessa a rua D. Pedro V e recebe água de vários pontos, situados no lugar de Trancoso, junto ao Colégio de Gaia. Entre a Rua D. Pedro V e a VCI existem dois respiros, nas traseiras dos prédios, que foram preservados aquando das obras de construção daquela via.
Vila Nova de Gaia em 1860. É visível o aqueduto no horizonte da imagem
Vista panorâmica de Vila Nova de Gaia, cerca de 1850. É visível o aqueduto
Na sua continuidade a mina atravessa a Avenida da República em direcção à Travessa Particular Honório Costa onde também existe um respiro, de grandes dimensões que, felizmente, foi integrado em condomínio urbano, sendo assim preservado.
Deste local, o aqueduto seguia até ao sítio da actual praceta 25 de Abril onde existiu um pequeno outeiro chamado das Pedras de Pé de Azeite onde, antes da construção da praceta, existia a casa da família Cal Brandão.
A partir daí o aqueduto seguia à superfície e em arcadas pela rua 14 de Outubro, passava junto à Fonte do Casal que era por ele abastecida e depois pela actual Alameda da Serra do Pilar, onde faz a separação entre as freguesias de Santa Marinha e Oliveira do Douro. A entrada no actual Quartel da Serra dava-se junto ao portão nascente.
Arcos do demolido aqueduto
Serra do Pilar, vista do Cais de Gaia, por volta de 1880
Serra do Pilar vista da Ponte D. Maria II c. 1860
Aqueduto do Mosteiro da Serra do Pilar, c.1890
Mosteiro da Serra do Pilar em 1920 - Em ruínas desde o cerco do Porto em 1832
Igreja do Mosteiro da Serra do Pilar. Casa Alvão c. 1900
Em finais do séc. XIX, era notório o estado de degradação de alguns dos arcos do aqueduto, havendo reclamações de moradores locais para que os mesmos fossem apeados, considerando-se que, para além da segurança pública, os mesmos eram um entrave ao progresso.
O próprio jornal “A Luz do Operário”, em 03 de Junho de 1926 escreve sobre a preocupação dos moradores, temendo pela sua segurança e alertando para a necessidade de por fim a tal “pesadelo”. Foram assim derrubados os últimos arcos desta formidável construção.
Curiosamente em 20-08-1946, através do Decreto-Lei nº 35.817, o Estado Português, que nada havia feito pela preservação do aqueduto, procedeu à classificação do mesmo, como sendo um "imóvel de interesse público" o (suposto) troço ainda existente, do aqueduto da Serra do Pilar, no lugar do Sardão, freguesia de Oliveira do Douro.
Assim, o Estado Português, classificou literalmente algo já inexistente, confundindo-o com outro aqueduto, do qual restam os conhecidos "Arcos do Sardão".
Fontes:
- DGPC
- Biblioteca Municipal
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