quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Casa da Alfândega Velha ou Casa do Infante. (Porto)

Não desapareceu! Pelo contrário, está cada vez mais presente e merece, pelo seu valor patrimonial, uma publicação neste espaço.
O edifício da real "Alfândega Velha", situado na confluência das ruas Infante D. Henrique e Alfândega Velha, é tradicionalmente conhecido como "Casa do Infante", por se acreditar ter sido neste edifício que o infante D. Henrique nasceu. 
É verdade que D. Henrique nasceu na cidade do Porto, mas não existem provas do local exacto. Ainda assim, esta casa é actualmente, um dos edifícios mais antigos da Invicta.
Casa do Infante. Cliché de autor desconhecido, 1909
A denominada "Casa do Infante" localiza-se na primitiva "Alfândega Velha", obra que foi erguida numa zona da cidade intensamente disputada entre o Cabido da Sé e D. Afonso IV. 
Em 1325 D. Afonso IV ordenou a edificação de algumas casas nessa área próxima da Ribeira e que a Igreja portuense reclamava como sua pertença. 
Sanado o conflito em 1354, o "Armazém Régio" e as restantes casas da Coroa continuaram nessa artéria do burgo. No reinado de D. João I abriram-se novos trechos urbanos, com destaque para a Rua Formosa, que corresponde à actual Infante D. Henrique. Nos meados do século XV, D. Afonso V ordenou a reconstrução das arruinadas casas da Coroa localizadas na Rua Nova, entre as quais se incluía a "Alfândega Velha". Uma nova ampliação e remodelação estrutural foi realizada em 1667 pelo futuro D. Pedro II, erguendo-se nessa altura a actual fachada da Casa do Infante e que correspondia ao edifício da já citada "Alfândega Velha". Por ocasião das comemorações do IV Centenário do nascimento do infante D. Henrique, assinalado em 4 de Março de 1894, obras de características revivalistas neogóticas procuraram reconstituir o ambiente e a decoração medieval da Casa do Infante.
Classificado como Monumento Nacional em 1924, o edifício veio a ser alvo de um grande restauro pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, no fim da década de 1950. Foi então entregue à Câmara Municipal do Porto e ocupado pelo Gabinete de História da Cidade.
Casa do Infante- Antes, durante e depois da intervenção - José Marques Abreu Júnior 1958
Em 1980, este deu origem ao Arquivo Histórico Municipal do Porto que conserva a documentação camarária desde o período medieval, para além de uma excelente colecção de plantas da cidade e ainda uma boa biblioteca com vasta e variada bibliografia dedicada à história do burgo.
Na década de 1990 foram feitas profundas escavações arqueológicas, cujos resultados, juntamente com o estudo documental e arquitectónico, permitiram conhecer com pormenor o local. As escavações proporcionaram uma visão mais rica dos edifícios e dos homens que os utilizaram. Para além dos objectos do quotidiano, as cerâmicas, os vidros, os selos da alfandegagem, entre outros objectos, constituem importantes indicadores dos fluxos comerciais que a cidade do Porto foi mantendo ao longo dos séculos.
A pesquisa arqueológica permitiu também a descoberta de vestígios de ocupações anteriores, nesta zona ribeirinha. Foram encontrados importantes testemunhos da ocupação romana, destacando-se os primeiros mosaicos do Baixo Império encontrados no Porto. A musealização destes vestígios, no local onde foram descobertos, foi um elemento essencial do projecto de transformação das instalações. Um circuito de visita museológico ilustra a história do local, desde a ocupação romana, com recurso a aplicações multimédia e a uma maqueta interactiva representando o Porto Medieval. Este núcleo museológico está integrado no Museu da Cidade.
A "Casa do Infante" tem a sua entrada principal localizada na Rua da Alfândega Velha e é composta por portal de largo arco abatido. Sobre este pode observar-se uma lápide comemorativa do IV Centenário do nascimento de D. Henrique, obra oitocentista moldurada com arco conopial e o brasão do infante. No lado superior esquerdo do portal é visível um escudo régio do século XVII.
Para além do mencionado portal principal, a extensa fachada seiscentista, remodelada segundo a linguagem revivalista de sabor neogótico do século XIX, é repartida em quatro andares, ritmados por 14 janelas de guilhotina molduradas. Superiormente corre uma arcaria sustentando o saliente beiral do telhado.
Transposta a porta principal, desemboca-se num pátio interior, espaço que estabelece a ligação entre as diversas dependências do edifício. Elementos arquitecturais e decorativos do período medieval gótico e seiscentista caracterizam as salas e acessos dos vários andares da Casa do Infante.

Fontes:
- Casa do Infante
- Porto XXI
- SIPA
- Infopédia

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