Já a abordamos, quando falamos da Rua do Infante e da abertura do Túnel da Ribeira, bem como da Planta da Rua Mousinho (Mouzinho) da Silveira.
Vamos no entanto, nesta publicação, aprofundar mais o historial deste local.
A abertura da Rua Mouzinho da Silveira veio, como aconteceu em vários outros casos, na cidade do Porto, destruir muito do casario antigo e alguns arruamentos. Esta rua seria construída em duas fases:
- Na primeira fase, a rua foi rasgada desde São Bento até ao cimo da Rua de S. João, terminando onde se localizava a Capela e o Hospital de S. Crispim e S. Crispiniano (como sabem, a capela está actualmente na actual Rua de Santos Pousada, próximo da Praça Rainha D. Amélia).
- Na segunda fase, a Rua Mouzinho da Silveira fez literalmente desaparecer a velha Rua das Congostas, tantas vezes citada por Camilo Castelo Branco, em especial seu romance "O sangue". Esta antiga rua, fazia a ligação entre o Largo de São Domingos e a Alfândega Velha.
"Congosta" tende a designar um "caminho estreito e comprido, mais ou menos declivoso" ou um "caminho estreito entre paredes e mais ou menos em declive."
Cliché obtido provavelmente do local onde se ergue o Palácio da Bolsa
Esta zona, seria futuramente ocupada pela Praça do Infante
As traseiras do casario, visíveis na imagem, pertenciam às casas da Rua das Congostas, desaparecida durante a segunda fase de abertura da Rua Mouzinho da Silveira
Segundo Germano Silva; "começava essa velha artéria, se assim se pode dizer, junto da antiga Rua Nova, depois dos Ingleses e hoje do Infante D. Henrique, e acabava, digamos assim, junto à ponte de S. Domingos, ou seja, à entrada do actual Largo de S. Domingos, para quem nele entra pela Rua de Mouzinho da Silveira".
Observação: Para a abertura da Rua foi necessário cobrir o rio da Vila.
"A ponte existia. Atravessava o medieval rio da Vila para permitir o trânsito de pessoas e animais entre aquele largo e a antiga Rua de S. Crispim, que ficava do outro lado, mais ou menos ao cimo da Rua de S. João, e à entrada da Rua da Bainharia."
Juntamente com o inúmero casario destruído, foi também destruída a monumental Fonte das Congostas e o Solar à qual a mesma estava encostada.
Fonte das Congostas (demolida)
Possuía uma frontaria a lembrar um retábulo e em que estava esculpido o escudo real adoptado por D. João II.
Tinha duas bicas. Uma bica onde se abasteciam os vizinhos e outra destinada exclusivamente aos aguadeiros.
Quando da abertura da Rua Mouzinho da Silveira, havia a ideia de manter, no novo arruamento, o nome "Congostas"... mas a ideia não vingou. Assim, por volta do ano de 1875 (o traçado, foi decidido em sessão camarária de 17 de Junho de 1875) este antiquíssimo arruamento, desapareceria da cidade do Porto.
Imagens:
- In "O Tripeiro"
- AHMP