Documentos emitidos entre 1936 e 1940 (brevemente serão postados mais) alusivos a ponte medieval de Canaveses, onde verificamos que o transito de pesados (camionetes) tornou quase uma constante danos na ponte, como o derrube das ameias de granito que a ornamentavam, também há referencias onde verificamos que a sua estrutura geral não se encontraria já no melhor dos estados de conservação, apesar das sucessivas obras de reparo. A solução encontrada foi o seu desmantelamento para ser reedificada outra mais larga e segura, mas que fosse respeitado o aspecto geral original.
Em baixo, a ponte de Canaveses medieval com o seu aspecto característico
Cliché da Ponte medieval de Canaveses
Ponte Medieval de Canaveses. Vista de Jusante
Cliché com autoria atribuída a: Abreu, José Antunes Marques (1879-1958)
A imagem de baixo foi publicada no livro de António Monteiro «As Pontes de Canaveses» e mostra o término do tabuleiro da Ponte Medieval, junto a Igreja de S. Nicolau.
Vista da igreja de S. Nicolau em Canaveses, com destaque (em primeiro plano), para o Sr. da Boa Passagem. A imagem terá sido obtida do término do tabuleiro da Ponte Medieval de Canaveses.
Ponte Medieval de Canaveses. Ponte Românica e não «Romana»
Ponte medieval de Canaveses
A ponte de Canaveses era então uma ponte medieval que tinha um tabuleiro de perfil horizontal sobre cinco arcos desiguais, uns redondos e outros algo quebrados. Tinha contrafortes de forma triangular. As guardas ostentavam merlões ou ameias. Constituía um conjunto com as igrejas paroquiais de Santa Maria, junto da entrada na margem direita, e de S. Nicolau, junto da entrada na margem esquerda, e o Cruzeiro do Senhor da Boa Passagem, também à entrada da ponte, junto da igreja de Santa Maria.
A primeira construção desta ponte dataria do séc. XII, a sua reconstrução medieval anda associada à rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, que doou os direitos de portagem e um paço que ai possuía para a instituição de uma albergaria. Em 1300 / 1334 foram registados legados testamentais para obras na ponte de Canavezes. No séc. XVI um dos arcos tinha sido reconstituído no reinado de D. Sebastião. Em 1726 há uma referência à existência de um cruzeiro no meio da ponte com uma inscrição. Em 1809 um dos seus arcos do meio foi demolido durante as invasões Napoleónicas comandadas por Soult. Em 1937 foi feita a reposição do parapeito e ameias derrubadas por uma camioneta. Entre 1941 e 1944 foi desmontada para alargamento tendo sido construída uma réplica perfeita no mesmo lugar pela Direcção de Pontes. Em 1949 devido as modificações feitas a «nova» ponte foi desclassificada pelo Dec. nº 37 366 de 5 Abril 1949. Em 1988 a barragem do Torrão fechou comportas o que condenou a estrutura à submersão. Após a submersão, mais exactamente no ano de 1991, foi destruída por ordem da EDP, que recorreu ao exército para causar a sua implosão, com a ajuda de explosivos.
Vale do Tâmega, vendo-se a Ponte Românica de Canaveses de Montante
Na esquerda da imagem, observamos a igreja de S. Nicolau e o casario na
margem oposta, pertencia à aldeia do Piso (ou Pisão)
margem oposta, pertencia à aldeia do Piso (ou Pisão)
Cliché obtido em 02-08-1940. Cód. de Referência PT-CPF-JGGJ-002-000410
Ponte Românica de Canaveses, vista de Jusante
Cliché datado de 08-08-1940. Cód. de Referência PT-CPF-JGGJ-002-000411
Imagens da ponte de Canaveses a ser desmontada durante as obras de alargamento em 1941. Quando foi desmontada apareceram restos de uma ponte mais antiga, provavelmente de construção romana, ocultados pela construção medieval e moderna. Foram recolhidas no Museu Soares dos Reis no Porto, pedras com inscrições que apareceram aquando das obras de 1941-1944. Voltaria a abrir ao transito em 12 de Junho de 1944.
A imagem de baixo foi publicada no livro de António Monteiro «As Pontes de Canaveses» e tem a particularidade de nos mostrar a ponte de Canaveses Medieval (direita na imagem) a par com a réplica edificada entre 1941 e 1944. A data exacta desta imagem não é por nós conhecida, mas tendo presente que já estão a colocar as ameias de granito na ponte "nova" e tendo também em conta que a mesma foi inaugurada em Junho de 1944, partimos do pressuposto que esta imagem terá sido obtida no primeiro semestre desse mesmo ano, ou em finais de 1943.
Rio Tâmega em 1922 - Ponte (medieval) de Canaveses
Nota dos eventuais detentores dos direitos Audiovisuais:
«Datado de 1922 este é um documento visual inédito que retrata o funcionamento do Hotel e das Termas de Canavezes, em Marco de Canavezes.
Único documento visual da época, este vídeo ganha extrema importância para comprovar e suportar a história, os escritos e relatos que descreviam o local como sendo um lugar de luxúria, requinte e sofisticação, muito bem frequentado pela alta sociedade portuguesa e internacional.
Este vídeo histórico foi adquirido pelo Grupo Canavezes junto da Cinemateca Portuguesa.
É expressamente proibida a sua utilização indevida, não respeitando a nossa propriedade sobre o mesmo, assim como os direitos de autor.»
O Documentário completo sobre as Termas de Canaveses pode ser visto nos Arquivos da Cinemateca através deste link de acesso directo (clique para aceder):
Caldevilla Film - Companhia Produtora
Portugal, 1922
Género: documentário
Duração: 00:03:42, 16 fps
Formato: 35 mm, PB, sem som
AR: 1:1,33
A «nova» Ponte de Canaveses (1944-1988)
Clique nas imagens para as ampliar
Ponte de Canaveses imortalizada em BPI
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Imagens: - A. Carneiro - BPI´s (Autores desconhecidos) - DGEMN - BPI, Ed.ªº da Empreza - Centro Português de Fotografia (Arquivos) Tratamento de imagem: - Jorge Pereira |
1 comment
Lembro-me de ter passado várias vezes pela antiga ponte de Canaveses.Vivia em S.Nicolau.Lembro-me de a ponte tremer muito quando, o que poucas vezes acontecia, passava um automóvel e lembro-me das guardas,se esse nome serve, serem com alguma frequência derrubadas.A ponte tinha muitas figueiras que dela nasciam e eu com os meus amigos de 9/10 anos, ia ,depois do banho no rio, lá colher figos.Lembro-me que a empresa que construiu a nova ponte, a que foi submersa, se chamava OPCA e que o encarregado geral se chamava Sr. Dias.Acabada a minha instrução primária no Marco de Canaveses, Professor Sr.Aguiar, fui estudar para o Porto, mas passava todas as férias em S.Nicolau.Não sei porque razão tinha muito acesso à obra de construção da ponte e portanto sempre que estava em férias andava por ali.Tinha 11 anos quando começou a construir-se a nova ponte e considero um desastre a destruição da antiga como depois, da mais recente.Lembro-me perfeitamente das duas e sobretudo como começou a construção da mais recente, como faziam para secar a água do rio e iniciar os pegões da nova, etc.
3 de setembro de 2017 às 23:38Enviar um comentário