A viela do Cirne e o crime do homem salgado (Porto).

quinta-feira, 18 de maio de 2023

O Largo do Laranjal, que já abordamos em outras publicações, era atravessado pela rua do mesmo nome e limitado, ao norte, pela Viela do Cirne; ao sul, pela Rua de D. Pedro e Travessa dos Lavadouros; e a oriente, pela Cancela Velha. Em meados do século XIX, o Largo do Laranjal era alumiado durante a noite apenas por dois lampiões de azeite. Soa a algo bucólico, mas na prática tornava o local soturno e pouco acolhedor. 

Rua do Laranjal, vendo-se a igreja da Trindade, c.1900 Cliché da Casa Alvão 

Neste mesmo Largo do Laranjal ergueu-se em Fevereiro de 1854 um chafariz vindo do Largo de S. Domingos, mais tarde seria recolhido nos jardins do SMAS de onde retornaria, mais tarde ainda, para o actual Largo da Trindade. 
Largo do Laranjal e Cancela Velha 
Largo da Trindade, local aproximado do antigo Largo do Laranjal, vendo-se o palacete da "Ferreirinha", já demolido. Cliché da Casa Alvão 


O tortuoso caminho da obscura Viela do Cirne recortava-se nas ruas do Laranjal, de D. Pedro e da Cancela Velha. No dia 13 de Março de 1825 foi encontrado na viela um barril cheio da sal. No interior do barril e mergulhado no sal, estava o cadáver desmembrado de um homem. Este crime foi muito debatido na época, com a agravante de nunca ter sido explicado, nem nunca se terem encontrado os responsáveis pelo mesmo.  Citando:
"Foi esta Viela do Cirne, “que vai da Cancela Velha ter ao cimo da Rua do Laranjal, à esquina do Palácio Ferreirinha, no Largo da Trindade”, teatro de um horroroso crime que Pinto Leal narra pormenorizadamente no seu “Portugal Antigo e Moderno. Ficou conhecido pelo crime do homem salgado por a vítima ter sido encontrada, em 13 de Marco de 1825, dentro de um grande barril cheio de sal – crime que fez a maior sensação na cidade."

In jornal “O Primeiro de Janeiro”, rubrica “Toponímia Portuense”, 05-08-1975