A casa até 1972
O mesmo local após 1972 (em baixo)
Em relação a demolição deste edifício, citamos apenas um texto que foi publicado na revista Arquivo de Ponte de Lima de 1982 por João Gomes d´Abreu sobre a demolição da Casa dos Pacheco Pinto:
"A fotografia que se apresenta na primeira posição (...) constitui o único testemunho iconográfico que conhecemos da velha casa dos Pacheco Pinto, à Fonte da Vila. Foi conseguida à custa da ampliação de um bilhete postal ilustrado, por se terem gorado todas as diligências para obter uma fotografia original que enquadrasse aquela casa. Ninguém tinha, ninguém sabia quem pudesse ter. Daí, a falta de qualidade da fotogravura. A casa dos Pacheco Pinto era, sem dúvida, um dos imóveis mais expressivos do velho casco urbano. De raiz quinhentista bem evidente (cantarias, registos epigráficos em gótico tardio) era, contudo, o séc XVII a época que mais transparecia (volumetria, proporção de cheios e vazios, tipo de fenestração, cornija e gárgulas, pedra de armas, o cunho popular) passem, embora, as intervenções sofridas posteriormente, em particular os tectos barrocos revelados em caixotões de madeira policromada. Hoje não tenho dúvidas em afirmar que essa destruição constitui um dos golpes mais violentos vibrados nos últimos anos no acervo patrimonial da vila. Em nada se desemerece se a compararmos se a compararmos com a brutal demolição da casa do Patim, ou da dos Achiolis (ao Arrabalde), ou até do Hospital Velho da Misericórdia. E se estas desaparecem numa época menos que insensível à noção de património arquitectónico e à necessidade da sua conservação, aquela foi desfeita quando esta noção constituia já uma preocupação dominate de qualquer país civilizado (e Portugal era-o!). E, pior ainda, foi permitida a sua substituição por um edifício sem qualidade, concebido sem preocupação de escala e que alterou profundamente a hierarquia da estrutura urbana existente. Os valores admitidos dos indíces volumétricos e de ocupação do solo, conferem-lhe uma importância que o ultrapassa e forçam a uma situação de subalternidade os edifícios vizinhos, em particular a velha câmara e o pelourinho que perdem a promeninência, apesar da dimensão do espaço livre envolvente. Em 1970, perante a iminência da demolição, uma ilustre Senhora que, há 83 anos vinha assistindo à transfiguração constante da sua terra, escreveu, apreensiva, ao Director Geral dos Serviços de Urbanização, solicitando urgente intervenção. A resposta não se fez tardar. A 5 de Janeiro de 1971 a Direcção de Urbanização do Distrito de Viana do Castelo enviava o seguinte ofício (Ofº 19 - Proc.º U/7):
Exma. Senhora D. Maria Rita Magalhães de Abreu Coutinho
Casa do Chafariz
PONTE DE LIMA
[...]
Relativamente à carta de V. Ex.ª dirigida ao Exmo. Engenheiro Director-Geral destes Serviços, informa-se que superiormente foi determinado esclarecer V. Ex.ª do seguinte:
-Reconstrução de um prédio particular-
Depois de termos obtido pareceres de técnicos sobre o interesse da casa a demolir, referida na carta de V. Ex.ª, verificou-se que a mesma não tem qualquer interesse arquitectónico, e que se encontra em mau estado, ameaçando ruína. O novo edifício pode ser construído com uma cércea mais elevada, ou seja, três pisos, que se harmonize com os contíguos, e a sua arquitectura poderá enquadrar-se devidamente no ambiente do local.
[...]
Este ofício, que não se comenta, deve ficar registado neste local. Assim, fará também parte do património histórico de Ponte de Lima."
João gomes d´Abreu (engenheiro civil-urbanista)
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