A Ponte Hintze Ribeiro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Ponte Hintze Ribeiro, destinada a unir as margens de Entre-os-Rios, em Penafiel (a Norte), e Castelo de Paiva (a Sul) sobre o Rio Douro, foi projectada pelo engenheiro António de Araújo Silva e a sua construção iniciou-se em 1884, tendo a empreitada ficado a cargo da empresa belga "Société Anonyme Internationale de Construction et Entreprise de Travaux Publics", de Braine-le-Comte. O nome da ponte ficou a dever-se a Hintze Ribeiro, um militar local de alta patente que a ofereceu à região.
Apesar de, oficialmente, a ponte só ter entrado ao serviço em 1888, em Dezembro de 1886 já tinha passado sobre o tabuleiro uma diligência que ligou Cete a Sobrado de Paiva.
Em 1919, a ponte foi dinamitada por ocasião da revolta monárquica do Norte, tendo sofrido danos no tramo extremo do tabuleiro do lado da margem esquerda, assim como num dos pilares.
Em Março de 1928, foi feita uma reparação na estrutura e, em 1959, realizada uma obra de alargamento da faixa de rodagem. Já mais recentemente, em 1990, a Ponte Hintze Ribeiro esteve encerrada ao trânsito para que pudesse ser feita uma reparação no piso. Esta intervenção não impediu, contudo, que poucos anos depois a população e responsáveis locais reclamassem por uma vistoria e obras à ponte, que começava a dar sinais de alguma degradação.
A Ponte Hintze Ribeiro tinha um comprimento de 336 metros, dividido por cinco tramos (algo que fica entre dois apoios) intermédios de 50 metros de vão, feitos em viga contínua, e dois tramos extremos de 25 metros de vão apoiados e dois encontros, um de 12,5 metros na margem direita) e outro de 23,5 metros (na margem esquerda).
A plataforma superior da ponte, destinada ao tráfego rodoviário, tinha uma largura aproximada de 5,9 metros, já com os passeios para peões incluídos, o que impossibilitava o cruzamento de veículos pesados. A estrutura da ponte consistia num tabuleiro metálico de ferro, sobre o qual assentava uma laje de betão, ou seja, o pavimento destinado à circulação de veículos.
Ponte Hintze Ribeiro num cliché de 1908, da autoria da Phot.ª Guedes
Fotografias da Ponte Hintze Ribeiro obtidas antes da construção da Barragem de Crestuma-Lever, onde podemos observar um caudal de rio bastante pequeno e um imenso areal.
Clique nas imagens para as ampliar
Ponte Hintze Ribeiro
Ponte Hintze Ribeiro - BPI (digitalização)
Ponte Hintze Ribeiro e o vale do Douro. Clichés de autor desconhecido


Os tramos intermédios do tabuleiro apoiam-se em seis pilares de alvenaria de granito revestida a cantaria de granito, enquanto os dois tramos extremos se apoiam em encontros de pedra de granito e nos pilares adjacentes.
Desconhecida de muitos, a Ponte Hintze Ribeiro tornou-se mundialmente conhecida no dia 4 de Março de 2001 pelos piores motivos, ou seja, quando um dos pilares desabou, levando à queda de parte do tabuleiro no Rio Douro. A tragédia ocorreu depois de muitos dias de chuva intensa e consequente aumento do caudal e da corrente do rio. Um autocarro e três carros caíram desamparados ao rio e ao todo morreram cerca de 60 pessoas. Ficou decidida pelo Governo a recuperação da Ponte Hintze Ribeiro e a construção de uma travessia nova, nas imediações, uma réplica da anterior, com estrutura reforçada. 
A nova ponte foi inaugurada em Maio de 2002. Até lá, as margens foram unidas por um sistema de ferry-boats. No local do acidente, foi erigido um memorial às vítimas da tragédia de Entre-os-Rios, que consiste num anjo com 12 metros de altura e 10 toneladas de peso. Da autoria do escultor Laureano Ribatua, é a maior escultura em bronze realizada em Portugal. Esta escultura simboliza também, segundo Paulo Teixeira, na altura Presidente da Câmara de Castelo de Paiva, "a forma como o poder central deve olhar para o interior".
«Imagem da tragédia em 2001!!! Esta verdadeira "Rainha das Pontes" (pois foi feita para um trânsito que se limitava a algumas carruagens puxadas por cavalos) aguentou de pé MAIS de 100 ANOS um trânsito inacreditável de veículos pesados, camiões de areia e de passageiros e acabou por cair não por sua culpa ou fragilidade mas porque lhe foi retirado o terreno onde assentavam os pilares, pelo que se apurou devido as extrações de areia realizadas no local.»

Imagens:
- Phot.ª Guedes
- Autores Desconhecidos
- BPI (digitalização)

4 comentários

Simão disse...
Simão disse...

E 36,nunca mais apareceram... Por incrível que pareça, o autocarro aonde iam familiares meus, tinha passado há um quarto de hora e eu tinha lá passado há 15 dias com os meus pais e a minha irmã e a minha avó.

Também ninguém estaria livre, mas contudo foi triste o que aconteceu...

Que Deus tenha estas 59 pessoas em eterno descanso

26 de março de 2021 às 11:20

Muito bem. Escavação junto ao pilar que ruiu. Conforme denúncia à tutela por testemunha presencial e imagens de sonar publicadas pelos órgãos de comunicação social após o acidente.

6 de novembro de 2023 às 14:49

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