A Quinta da Lavandeira é uma antiga propriedade agrícola e de recreio, pertencente, inicialmente, a Joaquim da Cunha Lima Oliveira Leal que a vendeu ao Conde António da Silva Monteiro (1822 - 1885), que lá viveu com a sua esposa, Sra. Condessa D. Carolina Júlia Ferreira Monteiro, que continuou a residir na Quinta até 1921, razão pela qual a propriedade também é conhecida por Quinta da Condessa.
Junto ao Parque da Lavandeira (antiga Quinta) em Vila Nova de Gaia existe uma estufa, em ferro forjado, construída em 1881 e recentemente classificada como imóvel de interesse municipal.
Sobre a estufa, podemos ler num artigo de José Duarte de Oliveira publicado no "Comércio do Porto" em Agosto de 1883:
«A estufa do Sr. Conde da Silva Monteiro é um documento eloquente do progresso que a arte e a indústria têm feito em Portugal, porque, nessa edificação, nova no seu género entre nós, encontramos uma e outra levadas a um grau de perfeição que pode fazer a inveja de engenheiros distintos. (...) Não se procurou, como se vê, fazer uma edificação vulgar, uma estufa como todas as outras. Recorreu-se à arte, pensou-se muito na parte ornamental, e é este o seu maior mérito. Conhecemos as principais estufas e jardins de Inverno da Europa, em geral umas construções simples, pouco ou nada arquitectónicas, e que, portanto, diferem muito desta. Aqui, o desenhador pegou no lápis e foi descrevendo traços sobre o papel, à medida que a fantasia divagava pelos domínios da arte dos séculos passados. Não se pode dizer que seguisse rigorosamente este ou aquele estilo, mas o conjunto é agradável à vista.
A porta do centro é ampla (3m,30 de largo), elegante, bem proporcionada, e as laterais condizem com o resto do edifício. Os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza tão extraordinária, que mais parecem recortes feitos em papel transparente. O corpo principal é sustentado por quatro arcos, nos quais se observa o mesmo estilo da parte exterior, que recorda muito o gótico. Nesta edificação é tudo harmonioso e bem proporcionado. Tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo. Quando estiver povoada de plantas, deve produzir efeito surpreendente. Daqui se vê que esta estufa é uma das maiores que existem em Portugal e a primeira entre todas quantas possuem os amadores portugueses.
Na parte exterior da estufa há uma escada que dá acesso a todos os pontos, o que é importante, porque facilita muito qualquer reparo que se torne necessário fazer. Segundo nos informaram os construtores, a organização dos moldes em madeira, chumbo e zinco levou 883 dias a um entalhador, e a fabricação das suas diferentes peças 2372 dias a um serralheiro. O peso total do ferro empregado na sua construção é de 38 285 quilos. A estufa ficou pronta por 10 000 $ 00 réis.»
A porta do centro é ampla (3m,30 de largo), elegante, bem proporcionada, e as laterais condizem com o resto do edifício. Os rendilhados da cobertura são todos de ferro e de uma leveza tão extraordinária, que mais parecem recortes feitos em papel transparente. O corpo principal é sustentado por quatro arcos, nos quais se observa o mesmo estilo da parte exterior, que recorda muito o gótico. Nesta edificação é tudo harmonioso e bem proporcionado. Tem 24 metros de frente, 12 de altura no centro e 12 de fundo. Quando estiver povoada de plantas, deve produzir efeito surpreendente. Daqui se vê que esta estufa é uma das maiores que existem em Portugal e a primeira entre todas quantas possuem os amadores portugueses.
Na parte exterior da estufa há uma escada que dá acesso a todos os pontos, o que é importante, porque facilita muito qualquer reparo que se torne necessário fazer. Segundo nos informaram os construtores, a organização dos moldes em madeira, chumbo e zinco levou 883 dias a um entalhador, e a fabricação das suas diferentes peças 2372 dias a um serralheiro. O peso total do ferro empregado na sua construção é de 38 285 quilos. A estufa ficou pronta por 10 000 $ 00 réis.»
Segundo o historiador Francisco Queiroz, apesar de abandonada à muitos anos, e bastante degrada, a estufa é passível de recuperação voltando ao seu anterior uso ou a um outro uso compatível com a sua natureza arquitectónica, sendo que depois de recuperada, passaria a ser um ex-líbris do Parque da Quinta da Lavandeira e até um fortíssimo elemento identitário da Arquitectura do Ferro em Portugal, e de Vila Nova de Gaia em particular, a juntar à Ponte D. Maria Pia e à Ponte D. Luís.
Fontes:
- CMVNG
- Porto XXI
1 comment
Obrigada pelo artigo. Não consigo compreender como um edifício como este, considerado em 2012 como interesse municipal, continua a degradar-se a olhos vistos. Só tenho um reparo a fazer quando menciona “Ponte D. Luís” deve escrever-se “Ponte D. Luíz I”.
15 de julho de 2018 às 23:34Enviar um comentário