Quinta dos Salgueiros ou Quinta dos Ingleses. (Antas, Porto)

domingo, 30 de setembro de 2012

A Quinta dos Salgueiros vista a partir do acesso que tinha início na rua de Contumil, as ruínas da Capela "rasgam" o denso arvoredo. Atrás deste denso verde existia então o antigo Estádio das Antas... situava-se este casarão, uma construção do século XVIII, no n.º 341, da rua da Vigorosa.
Imagem da década de 80 da autoria do Administrador, clique para ampliar
No início da segunda metade da década de 80 a imponente casa desta Quinta, estava envolta de arvoredo denso e de um mato (silvas/ moitas) quase impenetrável. Existia um caminho, uma ruela, (rua da Vigorosa, estreita e sem movimento) que ligava a rua de Contumil até à lateral do antigo estádio das Antas, contornando a propriedade e passando mesmo em frente ao portão principal da Quinta. Quem nesse caminho passava (principalmente quem então ainda era criança) tinha a sensação de estar na aldeia devido a vegetação e aromas de flores silvestres que ainda se sentiam (altura da Primavera e Verão). Quem se aventurasse a sair do caminho e atravessar o denso mato tinha acesso à mansão, já na altura devoluta. A casa, enorme, com uma dupla escadaria frontal e duas entradas principais (uma térrea, outra no cimo das escadas) apesar de arruinada tinha um ar imponente e o local era verdadeiramente bucólico possuindo um aspecto "antigo". Frente à fachada da casa, uma antiga fonte (presumo) apresentava-se como um belo obelisco de granito trabalhado, cercado por restos de um antigo jardim com árvores centenárias. A capela anexa, não possuía já vestígios de telhado e quem acedesse à mesma por uma antiga porta lateral constatava que também já tinha desaparecido todo o interior, incluindo o sobrado de madeira que provavelmente dividia a nave da capela do piso de baixo, que presumo ter sido uma cripta... a casa propriamente dita ainda tinha telhado... no seu interior, inúmeras divisões, algumas enormes, com fogões de sala antigos de dimensões impressionantes, uma delas tinha um verdadeiro amontoado de moveis antigos totalmente desprezados, cobertos por pó e a degradarem-se... livros antigos, ferros de passar roupa a carvão, e almanaques datados de finais de 1800, andavam espalhados pelo chão das divisões como se fossem jornais velhos... o acesso vertical interior fazia-se por uma escadaria semi-destruída que conduzia ao piso superior, este também com um corredor com acessos laterais para várias divisões (antigos quartos?) nos quais alguns, tendo o telhado já ruído parcialmente se "espreitava" o céu... Ao fundo desse corredor existia uma janela que dava acesso visual para o interior da capela, na sua parede lateral.
NOTA: Esta publicação foi aprofundada e engrandecida em 07-09-2017, devido à informação vital que nos foi fornecida pela família Mesquita Ramalho, seus antigos proprietários.
A Quinta de Salgueiros, em 1950. Na imagem de cima, destaque para as fachadas da casa e da capela. Na imagem de baixo, o aspecto geral do jardim e da casa, numa imagem de 1961.
O extinto Estádio das Antas numa vista aérea de (provavelmente) inícios de 1950.
Imediatamente abaixo, no canto inferior direito da imagem é perfeitamente visível a casa da Quinta de Salgueiros, onde podemos constatar que, já nesta época, a Capela da mesma se encontrava sem telhado.
Em baixo: Duas fotografias obtidas pelo Administrador do Blog, na década de 80. Nesta época, (década de 80 do séc. XX) o casarão ainda possuía grande parte do telhado e o "obelisco" da fonte, frente à fachada principal estava inteiro, o interior em estado lastimável aguardava um inevitável colapso. 
Fontanário: Cliché de Alexandre Silva
A Capela possuía ainda as antigas portas, já sem fechos, que nada protegiam visto da mesma restarem apenas as paredes.
Capela (vista parcial). Cliché de Alexandre Silva
Fontanário: Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
A casa. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
A casa, provavelmente nos anos 70. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Fontanário e portão principal da propriedade. 
Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Fontanário, com uma pessoa presente. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Fonte, com pessoas presentes. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Entrada da propriedade 
Pormenor da propriedade.  Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Uma divisão interna. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Uma divisão interna. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Vista de um tanque e parte da fachada da casa. 
Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Vista parcial da casa. Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa
Em baixo: Duas fotografias do mesmo local, mas mais recentes, da autoria de Paulo V. Araújo

A verdadeira Casa Senhorial da Quinta dos Salgueiros nas Antas, quase engolida pelas obras da VCI e do actual Estádio do Dragão, teve um grande passado que é um paradoxo total ao calamitoso estado de ruína em que, aos poucos caiu faz já umas décadas.... 
Segundo informação directa da família a quem este local pertenceu, a Quinta de Salgueiros (Antas-Porto) pertencia a Augusto Geraldes de Mesquita (por herança de sua mulher Maria Balbina Carneiro e Silva), filho de Augusto de Carvalho Vasques de Mesquita. Sampaio Bruno homenageou ambos na publicação "Portuenses Ilustres" e a toponímia portuense na Rua Vasques de Mesquita ali bem perto, nas Antas.
Morada da Família Geraldes de Mesquita Ramalho até meados dos anos 40 do século XX, na década de 50 a casa esteve alugada, durante alguns anos, a uma senhora inglesa (daí ser apelidada, por vezes, de Quinta dos Ingleses) regressando a Família Mesquita Ramalho  à quinta em 1956.
Até finais dos anos 70 a quinta permaneceu habitada e com caseiros, realizando-se aí inúmeros eventos, tais como, casamentos, festas e arraiais de beneficência.
No ano 2000 a Quinta de Salgueiros foi vendida pela Família Mesquita Ramalho ao Futebol Clube do Porto que posteriormente a vendeu à Câmara Municipal do Porto.
Quinta de Salgueiros - BPI - Jacinto de Mattos
 Quinta de Salgueiros - Projecto de alterações à casa - João da Costa Ramalho - 1916 in AHMP
Esta casa foi também a residência de Jacinto de Matos, um dos maiores jardineiros-paisagistas portugueses da primeira metade do século XX, que aí teve as suas estufas e os seus viveiros ao ar livre. No livro Jardins Históricos do Porto (Ed. Inapa, 2001), Teresa Andresen e Teresa Portela Marques identificam alguns dos jardins e parques projectados por Jacinto de Matos em todo o país como o Parque de S. Roque, a Casa das Artes, o jardim da Ordem dos Médicos (à Arca d'Água), o Parque da Curia, o Parque das Pedras Salgadas, os espelhos de água dos jardins da Presidência do Conselho de Ministros entre outros.
A Quinta de Salgueiros é actualmente propriedade da Câmara Municipal do Porto.
Quinta de Salgueiros em 2017. Cliché original de Alexandre Silva


Imagens:
- Alexandre Silva
- Arquivo Família Mesquita Ramalho Alves de Sousa (cedidas ao blogue MONUMENTOS DESAPARECIDOS)
Paulo V. Araújo
- Teófilo Rego
- AHMP
- CPF 

O Café Chinez. (Espinho)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

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Café Chinez
Na imagem de cima: O “Café Chinez” e “Assembleia Recreativa” no edifício ao seu lado  
Em baixo: Vistas interiores do “Café Chinez”
Interior do Café Chinez. Na imagem de baixo: Um sexteto musical em 1907. 

O "Café Chinez", foi fundado em 1861 por Carlos Evaristo Félix da Costa  (1828-1906), natural e residente no Porto.

Carlos E. Costa, era um sólido empresário hoteleiro estabelecido no norte de Portugal, filho de uma família de emigrantes no Brasil. 

Seria justamente no “Café Chinez” e no “Peninsular”, ambos situados lado a lado, na Avenida Serpa Pinto que apareceram as bases do primeiro casino.

O edifício do “Café Chinez” (juntamente com outros) foi demolido e deu lugar ao novo Casino e Cinema de Espinho, um projecto de 1929 do arquitecto Carlos Ramos.

 Em baixo: Do lado esquerdo o Hotel Bragança e a direita o “Café Chinez” 
“Café Chinez”, na esquerda da imagem

Arquivos: 
- Emílio Biel
- Aurélio da Paz dos Reis
- BPI / digitalização

Teatro do Príncipe Real ou Teatro Apolo. (Lisboa)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Teatro Apolo pertencente a Francisco Viana Ruas, foi Inaugurado em 1866. Originalmente chamou-se Teatro do Príncipe Real, em homenagem ao futuro rei D. Carlos. Sendo a sua localização na esquina das ruas da Palma e Mouraria em Lisboa, Dois pobres e uma porta”, em 3 actos e, “Muito padece quem ama” são as comédias apresentadas na inauguração. Depois de 1910, o regime Republicano rebaptizou-o de Teatro Apolo“Agulha em Palheiro” seria a primeira revista original após a instauração da República, em 1911. Apesar do seu sucesso o edifício seria demolido em 1957.
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Fotografia sem data. Produzida durante a actividade do Estúdio Horácio Novais, 1930-1980
Postal. 1289, S. R. Lisboa, [c. 1910]. 
Teatro Apolo (anos 50?). Cliché de autor desconhecido

Imagens:
Estúdio Horácio Novais
- BPI (digitalização)
- Autor desconhecido