O Hotel de Francfort. (Porto)

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O Hotel Francfort, foi construído em 1851, por iniciativa do rico negociante da praça do Porto, Luis Domingos da Silva Araújo. O terreno onde se ergueu o Hotel tinha má fama, pois servira, antes, de cemitério de cães. O Porto foi uma das primeiras cidades da Europa a ter um terreno para o exclusivo enterramento de cães. Era um terreno em forma de cunha pois fazia gaveto entre duas das mais movimentadas artérias do Porto do século XIX: a rua do Laranjal que tomou o nome de uma quinta com esse nome; e a rua de D. Pedro (D. Pedro IV de Portugal e D. Pedro I do Brasil) que primitivamente se chamara rua do Bispo, por ter sido aberta em terrenos que eram da Mitra, ou seja, da diocese; e à qual, após a implantação da República, deram o nome de Elias Garcia, um grande propagandista dos ideias republicanos.
Rua de D. Pedro. O Hotel de Francfort, em baixo do qual funcionava o Café Chaves
Rua de D. Pedro. Destaque para o Hotel de Francfort, em baixo do qual funcionava o Café Chaves, que passaria para a Cordoaria, após a demolição, e o edifício do Credit Franco-Portugais
BPI - Editor, Alberto Ferreira 
Hotel de Francfort, circa 1907. Fotografia estereoscópica
Dimensão: 9 x 18 cm (formato estereográfico)
H. C. White Co., publisher
Foi muito procurado, especialmente, por pessoas do Teatro, como actores e músicos, na sua maioria. Uma das celebridades que por lá passou foi a actriz Elisa Hensler que veio a casar com o rei D. Fernando
As obras para a abertura da Avenida das Nações Aliadas, vulgo Avenida dos Aliados, foram inauguradas em 01 de Fevereiro de 1916.
O projecto desta avenida sacrificou todo o casario, ruas e travessas entre a Praça de D. Pedro, actual Praça da Liberdade e a Praça da Trindade.
A rua de D. Pedro (posteriormente iria ser alterado o nome para rua de Elias Garcia, devido à implantação da República em 1910) seria uma das várias artérias a desaparecer.
O Hotel de Francfort ainda funcionava e tinha até hóspedes, quando o camartelo municipal o começou a demolir. 
Ao noticiar a demolição, um jornalista da época escreveu que “algo de saudoso lhe custava a desprender-se do sítio onde estava”.
Início das demolições

Bibliografia e imagens:
- AHMP
- Germano Silva
- BMP

Hotel Lisbonense. (Porto)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

O magnífico Hotel Lisbonense começou por funcionar no Largo do Carmo, tendo sido mais tarde, transferido para o nº 1 da Rua de Sá da Bandeira, e nas suas antigas instalações, estabeleceu-se então o Hotel Novo Lisbonense que antecedeu no local, o Hotel Âncora de Ouro.
Seria por volta de 1842, que começaria a ser aberta a ligação entre a Praça Nova e a Travessa dos Congregados, a que foi atribuído o topónimo de Rua de Sá da Bandeira. Esta rua, por sua vez "amputou" e substituiu parte da Rua do Bonjardim, ou seja o pequeno troço que ligava à Praça de Almeida Garrett.
Hotel Lisbonense, c.1922
Seria derrubado nos anos 60
O segundo troço, ou fase, desta rua, (entre a travessa dos Congregados e a Rua Formosa) surgiria um pouco mais tarde, apenas entre os anos de 1875 e 1880.
Deste modo, tendo o Hotel Lisbonense sido transferido do Carmo, em 1863, para a Rua de Sá da Bandeira, nº 1, obviamente só poderia ir ocupar o primeiro troço da mesma, a que actualmente denominamos por Rua de Sampaio Bruno.
Deste modo, estando o hotel localizado na esquina com a Rua do Bonjardim, acabou por ocupar o local onde existia, a fonte da Rua de Sá da Bandeira, esquina com a Rua do Bonjardim e já aqui por nós abordada em tempos.
Rua de Sampaio Bruno c.1930
 Vista parcial do Hotel Lisbonense
“O proprietário deste estabelecimento, no largo do Carmo, da cidade do Porto, mudou para a Rua de Sá da Bandeira, nº 1, próximo à praça D. Pedro, aonde oferece aos seus amigos e fregueses muitas boas salas e quartos.”
In “Diário do Povo, 12 de Janeiro de 1863 – 2ª Feira

“Recomendamos ao público o Hotel Lisbonense, situado na rua de Sá da Bandeira, fazendo esquina para a rua do Bonjardim.
Esta casa é uma das melhores do Porto pela limpeza dos quartos e das iguarias.”
In jornal “A Verdade”, 24 Dezembro de 1884 – 4ª Feira

Imagens:
-AHMP

Bibliografia:
-BMP
-AHMP - Casa do Infante

Ginásio Lauret. (Porto)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Em 11 de Fevereiro de 1882, Paulo Lauret fundou no Porto, no Largo da Picaria, o Gymnasio Lauret e Sala D’Armas. Com o sucesso que teve nos primeiros anos, Paulo Lauret transferiu-se, em 24 de Julho de 1884, para o Largo do Laranjal 4, e depois para a Rua do Laranjal 193.
Gravura representando uma vista da antiga Rua do Laranjal e do edifício do Ginásio Lauret, vendo-se na sacada a respectiva placa publicitária. Trata-se da reprodução de uma gravura, a partir de fotografia, publicada na revista O Occidente, em 1887. Responsabilidade: João Ribeiro Cristino da Silva (des.); Domingos Caselas Branco (grav.) Local de edição: [Porto] Editor: [Arquivo Histórico] Preto e branco
A imprensa caracteriza-o como possuindo todas as diversões próprias de um club, embora se tratasse de uma escola de ginástica e sala d’armas onde “se ensina methodicamente estas duas artes, com notavel aproveitamento dos discipulos, tanto creanças como adultos” e considerando que “nesta nova casa acha-se o Gymnasio Lauret perfeitamente instalado, tendo salas de gymnastica, de armas, bilhares, dança, tiro defferentes jogos, electricidade, banhos etc., o que tudo faz um conjuncto de estabelecimento de primeira ordem” (Ginásio Lauret no Porto, 1887, p. 19). Bem equipado, constituía um espaço agradável, arejado e bem iluminado, habilitado para o desenvolvimento de todo o tipo de aulas de ginástica (médica ou profilática, ortopédica, higiénica e artístico recreativa), contando com a colaboração de um médico e de vários professores de competência reconhecida (Ferreira, 1998, pp. 304-305). O ginásio, em 1887, oferecia diferentes cursos adequados à idade e ao sexo, como se sublinhava n’ O Ocidente: O ensino no Gymnasio Lauret está devidido em differentes cursos, conforme as idades dos discipulos, e regulado de modo a dar rezultados mais praticos e proveitosos. A sua frequencia é de 100 alumnos devididos do seguinte modo: meninas 7, meninos 33, adultos 60, tem um medico effectivo, o sr. Dr. Aureliano Cirne, e 250 socios protectores (Ginásio Lauret no Porto, 1887). 

Bibliografia:
-lauret.pt
-Luís Mota, Paulo Lauret e o ensino da Educação Física em Portugal no último quartel do século XIX