Revolta de 31 de Janeiro de 1891. (Porto)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

No dia 31 de Janeiro de 1891, sucedeu no Porto um levantamento militar que, motivado e contrário à cedência do Governo e da Coroa Portuguesa ao Ultimatum de 1890 imposto pela Inglaterra, o chamado "Mapa Cor-de-Rosa", que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique, pretendeu instalar um governo provisório e chegou mesmo a proclamar a República na Praça de D. Pedro, actual Praça da Liberdade.
No dia 01 de Janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um directório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima.
Estes indivíduos apresentaram um plano de acção política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma acção imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de Novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, o pioneiro da fotografia e cinema Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores n.º 9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18. Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o Regimento de Infantaria 18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Praça da República - Quartel de Infantaria 18 
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, actual Praça da Liberdade, onde, em frente ao antigo e já desaparecido edifício dos Paços do Concelho (Câmara Municipal do Porto), ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a Implantação da República. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o Actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Os Paços do Concelho, na Praça de D. Pedro
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
A guarda municipal atacando os revoltosos entrincheirados nos Paços do Concelho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o Advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o Alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reacção oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. 
«Prezos civis a bordo do vapor Moçambique»
Em 1893 alguns seriam libertados em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de Janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efectuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de Outubro de 1910).

Fontes:
- Redacção Quidnovi, com coordenação de José Hermano Saraiva, História de Portugal, Volume VII, Ed. QN-Edição e Conteúdos,S.A., 2004
- Rocha Martins, 1926, "D. Carlos, História do seu Reinado", Lisboa, Edição do Autor, Oficinas do "ABC"
- Wikipédia

Inauguração das piscinas do Clube Fluvial Portuense.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Clube Fluvial Portuense, foi criado em 04 de Novembro de 1876, sendo a colectividade desportiva mais antiga da cidade do Porto e a terceira mais antiga de Portugal. 
Em 1881, o rei D. Luís I concedeu ao clube o título de “Real”. Em 1931, o Clube Fluvial Portuense foi reconhecido como instituição de utilidade pública. 
O mérito do Clube Fluvial Portuense foi reconhecido, ao longo dos anos, por sucessivos Governos que lhe concederam as várias medalhas de Mérito Desportivo e, recentemente, por ocasião das celebrações do 125.º aniversário, o Colar de Honra ao Mérito Desportivo, a mais alta condecoração atribuída pelo Governo Português no âmbito do associativismo desportivo.
Visita e inauguração às piscinas do Clube Fluvial Portuense, pelo chefe 
de estado, o Almirante Américo Tomás em 23 de Junho de 1966
 Ângulo das antigas piscinas, vendo-se o Largo do Calem e casario da Rua das Condominhas
 As antigas piscinas, numa zona agora ocupada por prédios
 O Almirante Américo Tomás
 Em segundo plano: A Capela do Sr. e Sr.ª da Ajuda
 Em segundo plano: O Largo de António Calem e o Rio Douro

Imagens: 
- Arquivo Municipal do Porto (AMP)