A Quinta da Fraga teria sido criada por meados do século XVI, estando na posse de Francisco Dias e de sua mulher Isabel Pinto. Em finais do século XVI, os Jesuítas, instalados no colégio de São Lourenço no Porto, procuravam grandes espaços de produção e relaxamento.
A quinta da Fraga localizada no monte das Fontainhas e com a frente virada para o rio Douro era o sítio ideal.
Calçada da Corticeira, vista de Vila Nova de Gaia, por volta de 1860
Calótipo atribuído a Frederick William Flower
Pormenor do Calótipo atribuído a Frederick William Flower. Vemos a Casa e Capela da Quinta da Fraga
Segundo Jorge Ricardo Pinto, a quinta da Fraga estendia-se desde a actual Rua Duque de Palmela até às margens do rio Douro, tratando-se pois de um enorme território.
A quinta produzia nessa altura, milho (que permitia fazer broa e pão), frutas, produtos hortícolas variados e localizava-se numa zona rica em água, sendo que essa mesma água nascia na fonte de Mijavelhas e, entrando pela quinta do Bispo (actual cemitério Prado do Repouso) desviava-se depois para os terrenos da quinta, podendo assim alimentar os diferentes moinhos que o território possuía.
No de 9 de Fevereiro do Ano da Graça, de 1573 Francisco Dias doou a quinta aos padres Jesuítas com condições perpétuas de pagarem, por ano, 25 alqueires de milho, 10 alqueires de pão e 100 réis. Porém, em 1596, estas medidas foram suspensas pela própria Coroa e os jesuítas tornaram-se nos proprietários da quinta da Fraga.
Muito se poderia escrever sobre esta propriedade e a sua História, ao longo dos séculos, mas tal seria merecedor de um livro, pelo que vamos aqui resumir o mais pertinente.
Em consequência do inevitável crescimento e urbanização da cidade do Porto, que aos poucos adulterou a enorme propriedade, gostaríamos de referir um pormenor: A existência de mais de uma capela nesta pequena zona, uma que já mereceu uma publicação nossa que pode ser consultada AQUI e que actualmente se encontra em ruínas. Curiosamente ambas se intitulavam de "capela do Senhor do Carvalhinho". As ruínas da actual capela que se podem observar num ponto alto do monte das Fontainhas, à direita quem desce a calçada da Corticeira a capela do Senhor do Carvalhinho, da quinta da Fraga situava-se na margem do rio Douro. A capela de que ainda hoje existe, a uma cota mais elevada, era sem dúvida mais simples.
Referindo George Balck, que identificou esta propriedade como sendo a capela da Senhora do Carvalhinho.
Pouco se sabe, infelizmente, sobre a actual capela em ruínas.
Mas voltando à questão da aparentemente "verdadeira e autêntica" capela do Senhor do Carvalhinho. Desconhece-se a origem ou atribuição do nome "Carvalhinho" mas pensa-se que terá será a forma abreviada de "Senhor Jesus do Carvalhinho", a quem a capela era dedicada.
Em meados da década 20 do século XIX, antes do cerco do Porto, a propriedade
da Quinta do Carvalhinho que como já referimos estava localizada no fundo da encosta das Fontainhas, pertencia a António Joaquim Soares, do qual pouco se sabe. Durante o Cerco do Porto, a capela e as suas habitações seriam usados para quartel da marinha de D. Pedro IV, em função da sua localização, já que os barcos da marinha podiam estar atracados neste ponto da margem do Douro, fora do alcance dos miguelistas.
Em 1840, todo o terreno da Quinta do Carvalhinho é arrendado por Thomas Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino. A 13 de Novembro de 1841, os novos proprietários instalam-se na capela, nas arrecadações atrás da capela montam os fornos e os equipamentos necessários para produção de peças de cerâmica.
Em 1848, um depósito de louças situado na rua da Esperança associa-se à Fábrica do Carvalhinho, que em 1853 tem capital suficiente para finalmente comprar o terreno da Quinta do Carvalhinho e reconstruir a Capela do Senhor do Carvalhinho. De facto, existia uma inscrição na capela que dizia: “Reedificada em 1853 por seus proprietários Thomaz Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino.”
A Fábrica de Cerâmica do Carvalhinho foi fundada em 13 de Novembro de 1841 por Tomás Nunes da Cunha e António Monteiro Cantarino, tendo adoptado como nome de firma "Thomaz Nunes da Cunha & Cª". Instalou-se justamente na Capela do Senhor do Carvalhinho (que deu o nome à empresa), enquanto o forno e as oficinas funcionavam em alguns barracões anexos à fábrica.
Porto - Guindais e Corticeira. Cliché Fotográfico, Dimensão 11x8cm. Arquivo Théodore L'Huillier, 1905-1907
Apenas na década de 20 do séc. XX a fábrica de mudaria para Vila Nova de Gaia.
A capela do Senhor do Carvalhinho foi demolida em 1943 em consequência da abertura da Av. Gustavo Eiffel (marginal).
Capela do Senhor do Carvalhinho, sendo demolida em 1943 in AHMP
Bibliografia:
-AHMP - Arquivo Histórico, Casa do Infante
-Pereira, Hugo. 2007. Fábrica Cerâmica do Carvalhinho - História e Acção Social, Desportiva e Cultural. 1º
Encontro de História e Investigação. Porto: Departamento de História e Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade
de Letras da Universidade do Porto. P. 4.
-Biblioteca Municipal do Porto