O obelisco alinhado com a Torre dos Clérigos (horizonte da imagem)
Já o abordamos diversas vezes e de forma sumária, na página que este blogue possui no facebook.
Não sendo um item desaparecido, mas mais (se assim o podemos classificar) um item "escondido" dado não se encontrar no seu local de origem, decidimos fazer-lhe aqui neste espaço uma menção.
Comecemos com uma citação de autoria de Carlos de Passos, publicada na "Guia Histórica e Artística do Porto" sobre a Igreja de St.º Ildefonso:
"De fundação ignorada e remota é a ermida de Santo Alifon, que, no juízo do Padre Novais (autor do Episcopológico, escripto próximo de 1690), ascendia ao tempo dos godos, cuja opinião formulou por na sua juventude ter visto no cemitério contíguo sepulturas com emblemas dos mesmos. Exagerou, de boa fé, talvez. Porém, existia já no séc. XII, visto que pelo bispo D. Pedro Pitões (1146-52 foi consagrada. Em princípios do séc. XVI estava na posse da confraria do Senhor Jesus; rodeava-a, então, um vasto souto de carvalhos, no qual, debaixo de um dos maiores, se expunha o SS. Sacramento à adoração dos fiéis na procissão de Corpus Christi.
Constituía esse lugar o burgo de Santo Alifon, como o registam as vereações da época. No séc. XVIII a ermida estava arruinada. Afim de ser reconstruida, em 1724 o S.S. mudou-se para a capela de Nossa Senhora da Batalha, já pertencente à Câmara. A obra só em 1730 ficou pronta, segundo a inscrição da porta principal. Todavia, houve necessidade, em 1857, de ampliar a capela-mor, à custa da confraria do SS. Sacramento, instituída em 1634 e logo fundida com a do Senhor Jesus. Então se renovou todo o interior: as paredes foram pintadas com várias figurações pelo cenógrafo Paulo Pizzi, douraram-se os altares, fizeram-se os altares laterais, os estuques ornamentais e as estátuas, de gesso, dos evangelistas e S. Pedro e S. Paulo da capela-mor. Consta que a abóbada fora pintada por Joaquim Rafael (fins do séc. XVIII a princípios do XIX).
Precede a igreja, uma larga escadaria, em cujo patamar fronteiro à rua de Santo António, se ergueu um obelisco em 24-XII-1794, de significado ignoto. Simples elemento decorativo? Memória da abertura daquella rua? Imponente cascata nella se ornou no dia 24 de Junho de 1810..."
Igreja de Sto. Ildefonso
BPI: Editor - A. D. Canedo Successor
Vista geral do largo de St.º Ildefonso, de algumas casas comerciais (alfaiataria de Afonso Brandão) e da igreja com o mesmo nome, em inícios de 1900, numa fotografia tirada da praça da Batalha
Igreja de St.º Ildefonso estando o obelisco na esquerda da imagem
Notamos a ausência dos azulejos de autoria de J. Colaço
Igreja de St.º Ildefonso ainda sem os azulejos de autoria de J. Colaço
Igreja de Sto. Ildefonso. Cliché de Emílio Biel
Praça de Táxis, frente à escadaria da igreja de Santo Ildefonso, c.1920
O obelisco (que se encontrava no adro da igreja de Santo Ildefonso) foi lá colocado em 1794, supostamente para servir de remate à rua de Santo António e/ou "desafiar" a altura da Torre dos Clérigos. Seria retirado na década de 20 do Séc. XX
Em resultado de obras realizadas pela confraria, o obelisco seria removido nos anos 20 do Séc. passado, para o interior do adro da igreja, local do antigo cemitério paroquial, onde ainda se encontra actualmente, podendo ser visto através do portão de ferro que impede o acesso livre ao local.
Rua St.ª Catarina, junto à escadaria da igreja de St.º Ildefonso. É perceptível a sombra do obelisco
Imagens:
- Casa Alvão
- Phot.ª Guedes
- Emílio Biel
- AHMP