Igreja Matriz de São Mamede de Infesta.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A actual igreja de São Mamede de Infesta foi iniciada em 27 de Agosto de 1864, tendo sido concluída em 7 de Setembro de 1866.  Trata-se de uma Igreja neoclássica de planta longitudinal e nave única com torre quadrada ao centro da fachada principal. A fachada actual é revestida a azulejos brancos, com decorações e registos azuis também em azulejo. A igreja actual, existe graças a um grande benemérito, natural desta freguesia, Rodrigo Pereira Felício, Conde de S. Mamede, que doou 12 contos de reis (uma fortuna naquela época) para a sua construção.
A actual Igreja Matriz foi projectada pelo arquitecto portuense Pedro de Oliveira, inspirado na Igreja da Trindade, totalmente contra a vontade daquele a subsidiou, que desejava uma igreja com duas torres à imagem da igreja do Senhor de Matosinhos.
Actual igreja de São Mamede de Infesta, ainda rodeada por campos 
Cliché de autor desconhecido
HISTORIAL DA IGREJA MATRIZ DE SÃO MAMEDE DE INFESTA
(extraído do trabalho monográfico sobre de S. Mamede de Infesta e publicado pela Junta de Freguesia)

Segundo se sabe, a mais antiga, seria uma capela em Moalde, conforme texto de doação de D. Unisco Mendes ao Mosteiro da Vacariça – ” da mesma sorte vos damos em Manualde, duas partes da igreja de S. Mamede “- Livro Preto da Sé de Coimbra.
A continuidade desta igreja é-nos dada por várias citações ao longo dos anos: – Venda, em 1 1 3 1, por D. Chamoa Pais e seu marido, ao Bispo do Porto, parte da igreja de S. Mamede.
– Ordenações Afonsinas ( 1258 ) – Igreja de S. Mamede.
– Em 1320, esta igreja figura com o nome de S. Mamede de Thresoires
– Em 1556, a descrição da sua localização no lugar da Igreja.
– Em 1662, na visitação efectuada em 23 de Abril, consta o seguinte: ” que faça de novo a porta principal que cae e reboque a Igreja e fação o Caminho e passadouro da Laranjeira com sua escada de pedra bem comprido
– Na visitação de 1686, foi dito: “os fregueses farão o acrescentamento em termo de dois anos pois me constou que por razão de serem muitos, não cabem na Igreja “.
Em virtude da pequena dimensão desta igreja, foi mandado construir uma nova no Monte de Nª. Sª. da Conceição, pelos Balios de Leça, sendo consagrada em 22 de Janeiro de 1735 e o adro em 15 de Fevereiro de 1737, passando a chamar-se Igreja Nova.
A antiga igreja foi ficando em ruínas, e pensa-se que a Capela de S. Cristovão, na Quinta do Dourado poderá estar associada (pelo menos no mesmo local ) à velha igreja. À Igreja Nova sucedeu a actual igreja Paroquial de S. Mamede de Infesta, construída no mesmo local da anterior.
A igreja de São Mamede de Infesta, vista do Cruzeiro, que se localizava no actual cruzamento da rua Godinho de Faria com a Av. do Conde. BPI
Conforme referimos no início da publicação, existe um episódio peculiar relacionado com a doação e a inauguração desta igreja. Rodrigo Pereira Felício (Conde de São Mamede) aquando da doação dos 12 contos de reis teria dito que queria uma igreja com duas torres, como a do Senhor de Matosinhos. 
No entanto, o arquitecto Pedro de Oliveira construiu a igreja à imagem da Igreja da Trindade, portanto, com uma torre só. Aquando da inauguração, estando tudo preparado, Bispo, povo, autoridades, esperando apenas pelo Conde de S. Mamede, Rodrigo Pereira Felício, que chegava do Brasil. Quando a carruagem do Conde chegou ao cruzeiro (actual cruzamento da rua Godinho de Faria com a Av. do Conde) e viu a sua igreja só com uma torre, deu meia volta e retornou ao Brasil, sem mais palavras.
Vista geral do Largo da Cruz e da Igreja Matriz de São Mamede de Infesta. Cliché in AMP
A 19 de Fevereiro de 1910, o carro eléctrico chegou a S. Mamede, aproximando ainda mais o lugar do Porto, já então uma grande cidade. Cliché in AMP

Sé do Porto - Obras da década de 30, do século XX.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Já aqui falamos várias vezes, em publicações anteriores (cuja consulta recomendamos aos nossos estimados leitores), de grandes obras realizadas em toda a zona envolvente à Sé do Porto, bem como alterações exteriores no próprio edifício, sendo disso exemplo, a demolição do relógio, existente entre as torres.
Vamos então abordar mais um pouco, as obras que moldaram este edifício durante o século XX, no intuito de lhe devolver o seu aspecto original.
Em 1927, tal como o relógio, foi demolida a casa do sineiro que se localizava entre as duas torres e é visível nas fotografias de baixo.
Casa do sineiro, demolida em 1927. Sé do Porto - Cliché anterior a 1935
Casa do sineiro, demolida em 1927. Sé do Porto - BPI
A Sé com o seu relógio. Foi igualmente demolido em 1927
Vista parcial do Porto, circa 1900. BPI circulado em 1909. Edição - Martins - Lisboa
Sé do Porto em 1910. A nave central antes do restauro 
Retábulos destruídos na década de 30. Phot.ª Guedes
Cerimónias fúnebres do Bispo D. António em 1918, na Sé do Porto
Os altares e decorações em madeira, só seriam retirados nas obras dos anos 30
Sé do Porto. O interior durante o restauro na década de 30 do séc. XX
Um dos objectivos foi retirar-lhe o estilo Barroco, visível nas imagens de cima
Opinião de Bernardo Xavier Coutinho sobre as obras de restauro (extracto)
Aspecto exterior antigo da Rosácea
Sé do Porto
Imagens:
- AHMP
- BPI - Editor - Estrela Vermelha
- BPI - Edição - Martins
- Phot.ª Guedes

Casa n.º 39, na Praça da Rainha D. Amélia. (Porto)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A actual Praça da Rainha D. Amélia, inicialmente teve a designação de Largo da Póvoa.
A palavra Póvoa, deriva do latim "popula" que denomina um pequeno povoado. Na época existia já outra Póvoa, próximo da Rua das Oliveirinhas, que antes se chamou Rua das Oliveiras, "junto à Póvoa de Baixo" e está registado num documento da paróquia de Santo Ildefonso do ano de 1757, a outra era designada por "Póvoa de Cima" para se poderem diferenciar.
Quando foi reconstruida no Largo da Póvoa, a capela de S. Crispim e S. Crispiniano, proveniente do local actualmente ocupado pela Rua Mouzinho da Silveira, a Câmara decidiu mudar o nome ao largo que passou então a chamar-se Largo de S. Crispim. Mais tarde voltaram a alterar a denominação do largo, atribuindo-lhe o nome da rainha D. Amélia de Orleães, esposa do Rei D. Carlos. O largo e posterior praça sofreram alterações, tanto de toponímia quanto urbanísticas. Um local rural, que actualmente está quase no coração da cidade do Porto.
Praça da Rainha Dona Amélia, 39. Séc. XVII e XVIII. Teófilo Rego, 1961
O cliché de cima sublinha a nossa afirmação anterior. Não sendo muito antigo (data de 1961) e com autoria de Teófilo Rego, mostra-nos uma casa rural, com características arquitectónicas típicas dos séculos XVII e XVIII, que ocupava o n.º 39, da Praça da Rainha Dona Amélia. Acreditamos que tenha sido demolida, pois não localizamos o edifício.

Chafariz do Passeio Alegre / Chafariz do Convento de S. Francisco. (Porto)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O chafariz do Passeio Alegre (como é conhecido actualmente) não desapareceu, mas muitos portuenses desconhecem que esta obra de arte, com autoria atribuída a Nicolau Nasoni, se encontra bastante distante do local para o qual foi originalmente projectada.
Chafariz do Passeio Alegre - BPI
O chafariz é um belíssimo monumento em granito, constituído por uma coluna central decorada com motivos vegetalistas e zoomórficos. 
A ladear a coluna existe uma taça com quatro carrancas que jorram água para uma taça inferior em forma de trevo, e que delimita o chafariz.
Chafariz do Convento de S. Francisco. Actualmente está no Passeio Alegre, Foz
Cliché de Guilherme B. Barreiros - 1941
Pode-se ler em diversos sítios, inclusive na Wikipédia, que o local de origem deste chafariz seria a Quinta da Prelada, mas não nos parece que isso seja verdade.
Vista geral da igreja de São Francisco, no Porto, voltada para a rua do Infante D. Henrique
Imagem não datada (1900?) com autoria de Emílio Biel
Este chafariz estava no claustro do antigo Convento de S. Francisco e foi deslocado para o jardim do Passeio Alegre depois daquele edifício ter sido reduzido a escombros, durante a fase final do cerco da cidade (Agosto de 1833), e no seu lugar ter-se erguido o actual Palácio da Bolsa. 
O chafariz foi transferido para o jardim do Passeio Alegre a 3 de Julho de 1869, pela Comissão Administrativa do Salva-vidas, por forma a combater a falta de água durante o estio e satisfazer o aumento populacional desta freguesia piscatória.
Citamos Germano Silva in "Fontes e Chafarizes do Porto" pág.146 e 147:
"...o chafariz que está no Passeio Alegre pertenceu ao extinto mosteiro de S. Francisco que existiu onde está agora o Palácio da Bolsa".

Citando ainda o Dr. Hélder Pacheco in "Porto" da Editorial Presença, pág.198 e 199 :
"No Jardim do Passeio Alegre, admiramos o mais harmonioso e monumental chafariz portuense. É nítida a sua configuração de elemento arquitectónico monástico. De facto pertenceu à cerca do extinto convento de S. Francisco, nos terrenos do qual foi construído o Palácio da Bolsa".
Igrejas do Convento de S. Francisco e dos Terceiros Franciscanos em 1900  
Cliché da Phot.ª Guedes