Capela de Santo António do Penedo. (Porto)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Capela de Santo António do Penedo, demolida em 1886, devido à abertura da Rua Saraiva de Carvalho, permitindo assim, a ligação ao tabuleiro superior da Ponte Luís I . Calótipo de Frederick William Flower - 1845
 Imagem da capela tendo por base um calótipo com autoria atribuída a Frederick William Flower
Vista geral da extinta Capela de Santo António do Penedo*. A Capela de Santo António do Penedo erguia-se no Campo de Sta Clara, tendo sido demolida em 1886/87. Ignora-se a data exacta da sua construção, levantando-se a hipótese do 1º. quartel do século XVII. Em 1671/72, recebeu um coro e uma galilé executados pelo mestre pedreiro Manuel do Couto, segundo a traça do Pe Pantaleão da Rocha de Magalhães, mestre-capela da Sé do Porto e arquitecto amador que investigações recentes ligam a algumas das obras mais importantes realizadas no Porto na segunda metade do século XVII.
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* Nota: As imagens mostram uma capela que existiu junto do edifício onde funcionou o dispensário Rainha D. Amélia, encostada ao Torreão da muralha Fernandina e embora esteja identificada em vários órgãos oficiais, como sendo a Capela de Santo António do Penedo, temos fortes dúvidas disso, devido ao facto da sua localização exacta, não ser a indicada pelos antigos documentos e por possuir um arquitectura diferente. 
A nosso ver, esta capela, que integrava o próprio dispensário, terá sido construída a par do mesmo, já após a demolição da verdadeira Capela de Santo António do Penedo. Lamentavelmente, esta capela também foi demolida, o que pode ajudar a criar alguma confusão.
"Despensário da Rainha D. Amélia" Cerca de 1910. BPI
Do lado esquerdo, a capela do edifício, confundida por
 muitos com a genuína capela de Santo António do Penedo

História de uma Capela, segundo Germano Silva;
No ano de 1680, a Câmara Municipal do Porto, aceitando um pedido do rei D. Pedro II, disponibilizou-se para facilitar à Congregação do Oratório de S. Filipe de Nery tudo o que estivesse ao seu alcance para que os padres congregados pudessem instalar-se na cidade e aqui "estabelecer a sua Casa".
No rol das facilidades incluiu-se a cedência, à referida congregação, da velhinha capela da Porta de Carros, da invocação de Santo António, que fora construída em 1660 com esmolas dos portuenses, mas cuja administração estava a cargo da Municipalidade que, por essa razão, era quem organizava e pagava, claro, a grande festa que todos os anos se realizava no dia do patrono.
No documento que foi lavrado, aquando da cedência do templo, constam duas alíneas curiosas: primeira, que a ermida era doada à referida congregação na condição de que esta manteria Santo António como padroeiro do templo e que a sua imagem continuaria a figurar em lugar de relevo na fachada ou no altar-mor ; segundo que, além da capela, a Câmara também doava aos padres de S. Filipe de Nery "o sitio e campos ao redor della..."
 Que sítio e campos eram esses, o documento não o esclarece. Mas também não é difícil imaginar de que campos se tratava. Como vamos ver.
 A capela em questão começou a ser construída no ano acima referido, por iniciativa dos desembargadores do Tribunal da Relação que tinham Santo António como padroeiro. A sua confraria, no século XVII, estava instalada num pequeno templo que existia nos antigos Carvalhos do Monte, actual Largo do 1.º de Dezembro, chamada Capela de Santo António do Penedo por ter sido construída sobre uma rocha.
Tornou-se, entretanto, exígua e os desembargadores, querendo ter templo próprio onde instalar a irmandade, escolheram um terreno perto do medieval Campo das Hortas, mesmo em frente à Porta de Carros que se abria no pano da muralha fernandina, compraram-no e aí começaram a erguer a ermida com a ajuda de esmolas dos fiéis e devotos de Santo António.Poucos meses depois do início das obras, no entanto, e sem que se saiba bem porquê, os magistrados abandonaram o projecto e ofereceram terreno e o que já havia da ermida à Câmara do Porto "para sempre enquanto o Mundo durar?"
A Câmara deu continuidade às obras, acabou a capela e administrou-a até 1680, ano em que, como acima se refere, entregou tudo aos padres da Congregação do Oratório.
 Ora o tal sítio e campos que havia ao redor do templo faziam parte do atrás citado Campo das Hortas que o bispo D. Tomás de Almeida, já no século XVIII, transformou na Praça Nova das Hortas antecessora da actual Praça da Liberdade. Aliás, este bispo, que também exerceu as funções de governador da Relação e de governador das Armas da cidade, foi quem mandou abrir na muralha fernandina o Postigo de Santo Elói, junto ao largo do mesmo nome, hoje Largo dos Lóios, e em frente à velhíssima Rua das Hortas, actual Rua do Almada.
 Além daquelas obras, D. Tomás de Almeida protegeu muito os padres da Congregação de S. Filipe de Nery contribuindo para o embelezamento do interior da sua igreja, a actual igreja dos Congregados, diante da qual mandou fazer um belíssimo átrio que comportava "três arcarias", varandas de ferro e uma larga escadaria "por baixo da qual havia lojas abobadadas que os padres alugavam".
Aquele "ao redor" do templo atrás citado não se refere somente a terrenos que estivessem mesmo à volta da capela.
A Câmara ofereceu outros terrenos onde os padres Congregados começaram a construir " dormitórios, oficinas e claustros?"
Para se poder fazer uma ideia, ainda que aproximada, da extensão desses terrenos, bastará dizer que a cerca do convento se estendia até à antiga Cancela Velha e corria ao longo de uma estreita e tortuosa viela ainda hoje conhecida por Travessa dos Congregados.
Em 1715, o rei D. João V cedeu aos padres da Congregação de S. Filipe de Nery uma espaçosa quinta, junto à actual Praça do Marquês de Pombal, antigo Largo da Aguardente, para servir de brévia, ou seja de espaço de repouso e de lazer. Ficou conhecida por Quinta dos Congregados e ainda hoje está recordada na toponímia através da Rua e Travessa do Monte dos Congregados. Foi em terrenos dessa quinta que se rasgou, nos finais do século XIX, a Rua da Alegria.
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O Dispensário Rainha D. Amélia e a (suposta) Capela
Capela do Dispensário da Rainha D. Amélia em 1900

Dispensário da Rainha D. Amélia em 1910

Fontes:
- Germano Silva in, JN
- CMP
Imagens:
- Frederick William Flower
- Phot.ª Guedes
- Edições Arnaldo Soares
- Arquivo Municipal do Porto

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